quinta-feira, julho 12, 2018

“Vou voltar na primavera

E era tudo que eu queria
Levo terra nova daqui
Quero ver o passaredo
Pelos portos de Lisboa
Voa, voa que eu chego já”

São Paulo, 4 de fevereiro de 2017

Acompanhando o grupo do Yahoo eis que Artur convida a um circuito de 15 Km na cidade partindo e retornando à estação Paraíso. Aceitei de imediato, é meu último sábado de férias do curso de espiritismo. Disse que o único problema era que nunca tinha visto Artur e ele enviou foto para reconhecê-lo. Não importa quão branco esteja o bigode do companheiro, se caminha comigo JAMAIS posso chamá-lo de senhor. Senhor está no céu e é pronome para tratamento formal, se é amigo, companheiro de caminhada, hei de trata-lo sempre como “você”.
Ele está se preparando para o caminho português de Santiago, percorrerá pela segunda vez. Decidi que algum dia também trilharei esse caminho, cujo percurso também leva 11 dias. É a melhor opção para quem tira férias de 30 dias. Posso até ficar mais do que 11 dias pela Europa, posso me curar se (Deus me livre!) tiver queimadura de segundo grau novamente ou qualquer imprevisto grave com a saúde no caminho.
Meu coração anda sereno, embora tenha terminado com meu namorado logo que voltei do Caminho do Sol. Descobri que não admirava nada nele, enquanto sempre encontro algo para admirar em meus amigos. Levou pouco mais de dez meses para esse ponto me incomodar e perceber que embora ele me ame e tente sempre me agradar eu já não o amava. Mas espero de coração que ele viva muito bem e seja feliz com uma mulher evangélica - já que ele ama conversar sobre religião. Alguns vídeos que ele achava divertido eram piadas sobre evangélicos. Hoje, de evangélico não quero nem piada nem música. Voltei pra sintonia da Rádio Eldorado e descubro sons novos por lá. Dificilmente assisto vídeos, redescobri meus verdadeiros costumes e não tenho vontade de mudá-los. Novamente curto minha vida pacata, que antes chamei de vazia.
Artur é o mesmo que enviava os textos dos quais eu gostava no grupo de Whatsapp, ele é um dos voluntários que cuidam da página do Caminho do Sol no Facebook. Meu desejo de conhecê-lo foi atendido.
Éramos dez pessoas no percurso de hoje, oito que efetivamente caminharam até a avenida Quarto Centenário com a avenida República do Líbano, que foi onde a chuva nos alcançou e tomamos um táxi para almoçar na região do metrô Paraíso. Pude conhecer um pouco da realidade dos voluntários do Caminho do Sol. Conheci pessoas que passaram pela experiência e se propõem a ajudar a formar nuvens pelo caminho, importam-se com as pousadas e pontos de parada, importam-se tanto com quem mantém o trajeto onde ele está quanto com os peregrinos. Conversei bastante com Camila, que me convidou a conhecer um grande centro espírita na região do shopping Anália Franco, um dos maiores do Brasil. Realmente sou muito desinformada quanto a centros espíritas, nunca tive muita curiosidade em conhecer vários, sei que os cursos de formação de outros lugares costumam durar menos que os sete anos da Federação Espírita do Estado de São Paulo. Confessei a ela que não tenho pressa de aprender e tenho até medo da parte do curso que desenvolve mediunidade.
Hoje me descobri com medo de chuva e amante do mais tórrido calor. Quanta covardia! Não faz bem temer o clima, embora seja necessário planejar toda e qualquer viagem, tentar escolher a melhor época para realizá-la. Preciso desistir dessa ideia de temer chuva, roupas molhadas, sentir-me um lixo dentro da plástica capa de chuva.
O que encontrarei esse ano, por onde andarei até terminar o Caminho do Sol? O centro espírita em Anália Franco é um ponto a ser conhecido.
Por onde andarei depois que terminar o Caminho do Sol? Os peregrinos fatalmente chegam a Santiago de Compostela. Ganham fome de conhecer o mundo, conhecer mais caminhos. Hoje estive com os nobres que se solidarizam com os iniciantes.

Ai se alguém segura o leme
Dessa nave incandescente
Que incendeia minha vida
Que era viajante lenta
Tão faminta da alegria
Hoje é porto de partida”
Vira Virou, Kleiton e Kleidir

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