terça-feira, abril 22, 2008

Ano de 1500 D.C.

Intrusos estrangeiros invasores batizaram minha terra, que até então não precisava de outro nome que não fosse terra, de Brasil. Meu povo juntou-se a diversos povos, diversas etnias, e foi rotulado índio – gentios da terra para os estudiosos.

Desde então, comemora-se a vinda da cultura e ciência bárbara. Tudo que vem de além mar é bom, foi pelo que veio de lá que devo minha existência. Mas não vim de lá. Não vim de fora, sou gentio da terra. Algum antepassado meu pode ter vindo de fora, mas até quando ele deve ser louvado?

Aquele antepassado que escolheu essa terra para viver, gostaria de ver sua cultura natal cultivada até quando? Depois de ser expulso, ele gostaria de voltar à terra natal?

Viva a modernidade! A ousadia, audácia e presunção de quem ridiculariza e subjuga tudo que é diferente de si. Viva o progresso, viva a evolução. Viva tudo isso, mas chega de invasão.

A palavra de vez é OCUPAÇÃO. Se não usarmos o que é nosso, outros utilizarão.

quarta-feira, abril 16, 2008

O VÔO SOBRE O OCEANO
de Bertot Brecht

Última fala:
No tempo em que a humanidade
Começava a se conhecer,
Nós construímos aviões,
Com madeira, ferro e vidro,
E atravessamos os ares voando;
Por sinal, com uma velocidade
Superior em mais do dobro à do furacão.
E na verdade nossos motores eram
Mais fortes que cem cavalos, mas
Menores que cada um deles.
Durante mil anos tudo caiu de cima para baixo,
Com exceção dos pássaros.
Nem mesmo nas mais antigas pedras
Encontramos qualquer testemunho
De que algum homem
Tenha atravessado os ares voando.
Mas nós nos erguemos.
Próximo ao fim do segundo milênio de nossa era
Ergueu-se nossa
Ingenuidade de aço,
Mostrando o que é possível
Sem nos deixar esquecer:
O QUE AINDA NÃO FOI ALCANÇADO
A isto é dedicado este relato.

- Finalmente minha monografia engatou a primeira marcha e segue no automático. Ainda não foi alcançado um texto decente, uma volume considerável de conhecimentos, mas os retalhos estão na mão para serem alinhavados numa velocidade "Superior em mais do dobro à do furacão.". Essa abobrinha invoca o famoso teatrólogo alemão com a finalidade de "não nos deixar esquecer o que ainda não foi alcançado.".