segunda-feira, outubro 16, 2006

LULA LÁ

Sabe por quê o candidato do Partido dos Trabalhadores não toca no assunto do dossiê contra José Serra? Por quê o outro partido quer tanto saber de onde veio o dinheiro? Por causa do artigo 30 do código eleitoral. Mais precisamente o segundo parágrafo:

“Comprovados captação ou gastos ilícitos de recursos, para fins eleitorais, será negado diploma ao candidato, ou cassado, se já houver sido outorgado.” Esse parágrafo foi incluído pela Lei nº 11.300 de 2006.

Quando um partido lança candidato próprio, cria-se o comitê financeiro, que é responsável por todos os gastos da campanha. Porém os candidatos também assinam as prestações de contas, são responsáveis pela veracidade das informações financeiras e contábeis. Parece que todos os gastos dos candidatos de um mesmo partido estão interligados, o comitê financeiro distribui todos os recursos.

Então o eleitor imagina uma prestação de contas geral, onde o candidato a presidência não esclarece de onde saiu o dinheiro que compraria informações que seriam usadas pelo próprio partido. Porque dinheiro em espécie não tem dono nem procedência. Ele deveria saber, o comitê financeiro do partido deveria informar a qualquer um que se interessasse. Ao menos os membros do próprio partido.

É justo um país ser governado por um partido que age dessa maneira? Um candidato a representar um país inteiro, não sabe e não se responsabiliza pelo que acontece nem no próprio partido. O que é um partido político? Um aglomerado de pessoas que luta pelo mesmo objetivo e pensa da mesma maneira em geral. O camarada não se importa com o que acontece com seus “companheiros” mas vai defender os interesses da população. Com certeza Lula ganha essa eleição.

Ganha porque sabe fazer campanha. Nesses quatro anos de governo tudo a maior estrela petista fez foi campanha. Apareceu de tudo quanto é jeito, sempre que pôde. Tem tudo pra ganhar.

A palhaça que aqui escreve sabe que não adianta espernear. O pior cego é aquele que não quer escutar.



AQUI NESSE MUNDINHO
fechado ela é incrível...
(Garota Nacional, Skank)

A poesia Intruso, que apareceu nesse sítio meses atrás, ganhou melodia! Virou música. Tá tão bonitinha! Tem até refrão!
O responsável pela proesa é Antônio Carlos, se bobear ele até grava no próximo CD dele. Sim, ele é um cantor e compositor não profissional, mas muito legal.

quinta-feira, outubro 05, 2006

VOCÊ FOI CONVOCADO PARA SER MESÁRIO NAS ELEIÇÕES – não jogue uma rodada.
Parte III

Primeiro de outubro. Meu primeiro dia como funcionária pública. Acordei cedo, tomei café, prendi meu lenço do Brasil na cabeça e fui pra zona. Dez para sete da manhã e só eu na sala.

Chegou Sandra, a primeira mesária. Ela trabalha desde 2004 e explicou tudo que perguntei. Depois veio o Alberto, que era segundo mesário; a suplente que esqueci o nome; Susana, a primeira secretária; Marcelino o presidente da mesa. Eram três iniciantes e três que sabiam como as coisas funcionavam, no fim das contas não fiquei na porta da zona como imaginava.

Haviam três coisas a serem feitas, formou-se três duplas, cada uma com uma novata. A suplente e o presidente na porta, verificando se o eleitor não estava na seção errada e se já possuía os números dos candidatos. A primeira mesária e a primeira secretária ficaram com os cadernos dos comprovantes de votação, elas procuravam o nome do eleitor. O segundo mesário digitava na máquina ligada à urna o número de inscrição do eleitor que eu ditava. No papel, minha função era de segunda secretária, mas não me importei de ajudar a digitar.

A urna imprimiu a primeira lista com todos os candidatos, mostrando que não havia voto algum nela. Todos da seção assinaram. Oito horas começaram as votações. Fui uma das primeiras a votar. De repente passa um avião, um barulho de dar medo, parecia que a escola ia desmoronar, pensei num meteoro se aproximando da Terra. Com o passar do tempo acostumei com o barulho. Um moreno tatuado queria votar em branco o mais rápido possível. Pra quê tanta pressa e brutalidade? Vai entender... quando o primeiro cego apareceu na seção deu vontade de parar e olhar até ele sair. Votou no ritmo normal de todo mundo, até mais rápido que alguns eleitores que esqueciam de anotar todos os números. Uma senhora semi alfabetizada demorou para assinar. Um eleitor usou o polegar. Outra votou e perdeu o comprovante, voltou na seção pra saber se conseguia outro mas não teve como. O número dessa eleitora apareceu na ata que o presidente escreveu no fim da apuração. Muitas grávidas durante o dia, um cara de muleta votou antes das dez. Logo no início apareceu um fiscal do PMDB e desenrolou a primeira lista dos candidatos. Foi obrigado a dobrar tudo de novo. Outra fiscal do PMDB ficou um tempão parada na sala olhando a votação, parecia em transe.

Antes do final houve horário de almoço. Começou onze horas, justo quando começa a juntar mais gente pra votar. Saímos de dois em dois, onze horas, meio dia e uma hora. Quando voltei fiquei digitando os números dos eleitores. Ninguém reclamou, de tarde eu até cantava e ria feliz da vida. Ria de mim, deveria detestar e estava achando até bom tudo aquilo. Conversei com toda equipe, o povo é meio calado, ninguém fala pelos cotovelos. Será que meu humor irritou alguém? Tomara que não.

Cinco horas soou a sirene. O presidente da mesa digitou um código na máquina. A urna começou a imprimir a primeira via da apuração dos votos. Todo mundo na sala assinou as cinco vias. A quarta o fiscal do PMDB pegou. Aquele mesmo, que no início do dia desdobrou a lista de quinze metros que dobráramos antes de começar o processo. A quinta via foi pregada na porta. Na minha seção: 70 pessoas não compareceram, Suplicy venceu como senador, José Serra como Governador, e Geraldo Alckmin como presidente.