quinta-feira, setembro 21, 2006

Marcos Damigo

Até Novembro encarna o protagonista da peça “O Retrato de Dorian Gray” no Teatro Poluar do Sesi. Antes disso ele escreveu essa adaptação de do livro de Oscar Wilde para os palcos. Coisa do século 18, ambientada no século 18, com alguma música do século 20 no início e no final para envolver a platéia.

No dia que assisti, percebi algo estranho naquele Dorian Gray. O jeito de falar, de se mexer, me lembrava alguém... me lembrava... Hamlet! Não pela fisionomia, mas pelo comportamento. Muito estranho, os personagens tiveram reações diferentes frente a um mesmo problema, no entanto Dorian Gray me lembrou Hamlet. Que viagem! Assisti essa peça quase por acaso. Quando saí de casa naquele sábado, a intenção era apenas ver obras de arte com minha amiga, mas ela precisava ficar pela região até 3 horas da tarde e resolvi acompanha-la. Passamos no Sesi, vi que a peça continuava a mesma, acabei assistindo.

Assisti Hamlet naquele mesmo teatro há quatro anos. O programa daquele sábado era doar sangue e ir ao teatro com outra amiga. Entre um evento e outro passei mal por causa da doação. Depois vi a sangrenta tragédia de Hamlet, na qual ele percebe que tudo que vive pode morrer. Tudo nesse mundo acaba. Talvez só o mundo não acabe, mas isso é outro assunto.

A vida é um processo de amadurecimento e deterioração. Isso deixa Dorian Gray aterrorizado, não é agradável ver algo se decompor. Dorian é superficial e morre de medo de morrer. Fica longe do heróico e complicado Hamlet, embora os dois tenham se revoltado com a descoberta e perdido um pouco de inocência durante a peça. O fato é que suspeitei da ligação, e procurei pontos em comum nas duas histórias até chegar em casa. Não lembrava o rosto de Hamlet pra dizer se era ou não o mesmo cara. Jeito de falar é coisa que ator sempre pode mudar.

Um sintoma da minha paixão por teatro é guardar o programa das peças que vejo. Corri pra pasta onde guardo e conferi o de Hamlet: lá estava Marcos Damigo, com foto e tudo, interpretando o protagonista. Ficou explicado. Não fosse esse ator, jamais suspeitaria da semelhança entre Dorian Gray e Hamlet.

domingo, setembro 10, 2006

VOU MORRER!

Depois de uma noite sem sonho acorda antes do despertador e lembra: Vou morrer.
Algum dia a hora fatídica chega, é questão de tempo.

Ninguém sabe o que vem depois e seu subconsciente insiste em lembrar ao acordar de que irá morrer.
O que vem depois? Essa pergunta desespera.

Percebe que a luz matinal já esgueirou-se quarto adentro?
Calma.

Você não morreu, morrerá.
Percebe?

Verbo no futuro.
O futuro a Deus pertence.