terça-feira, julho 28, 2020

Durante a quarentena - FINAL


Foram 130 dias em casa. Hoje voltei ao trabalho. Convocaram-me para secretariar mais uma divisão, além das que eu já secretariava remotamente. Agora secretario uma presencialmente, e duas remotamente.
No início do dia os metroviários cancelaram uma greve. O metrô abriu mais tarde. Eu havia acordado cedo para preparar café da manhã para todos em casa, lavar louça e tratar dos passarinhos antes de sair. Com a notícia apenas preparei o café da manhã, deixei a louça e os animais para quem ficou em casa. Cheguei no trabalho mais cedo que o habitual, mesmo tomando ônibus; que não estava lotado.
Minha surpresa no escritório, quando nem sabia que iria para outra divisão, foi ver as plantinhas bem cuidadas por Elisângela, da limpeza. Mandei foto do nosso jardim para minha amiga Lisandra. Para o novo local de trabalho levei a violeta mais nova, comprada para os últimos dias da minha amiga Paula na Terra. Ela recebeu a foto da violeta e uma poesia no hospital.
A violeta da Paula me acompanha nesses novos tempos. O lírio da paz passará a semana na minha cômoda e o fim de semana na garagem com as amigas. Ele é meu companheiro de Evangelho no Lar. Queria levá-lo para o escritório se voltasse ao meu local habitual de trabalho, porém o local atual é temporário.
Quem secretariava a nova divisão que assumo entrou para o grupo de risco. Quando a situação se normalizar, quando a colega sair do grupo de risco ou a pandemia passar, a situação muda novamente.
Não sei que plantinha levarei comigo, não imagino qual será meu estado de espírito.
Nos 130 dias de quarentena eu cresci e floresci. Estou melhor, feliz com a vida, aproveitando o presente a cada dia, seguindo meu coração, procurando viver de forma coerente.

segunda-feira, julho 27, 2020

Durante a quarentena - 130º dia


A febre por cosmetologia baixou, agora convivo bem com esse novo gosto. A máscara de argila clareou um pouco meu rosto depois do primeiro mês de uso. Fiz também uma pasta de dente com pó de juá, canela em pó, gengibre em pó, óleo de cravo da índia e óleo de coco. Um brigadeiro dental que faz pouca espuma e deixa a boca um pouco anestesiada.
Comecei a usar o último frasco de xampu de caroço de abacate e já fiz nova receita. Dessa vez sem óleo de Aloe vera e com 1 colher de chá de óleo de laranja da terra caseiro. Espero que não seja tão abrasivo quanto o óleo de laranja comercial de Citrus Sinensis. De qualquer forma, a receita descansará um bom tempo pois não usarei tão cedo.
A academia reabriu e voltei a frequentar dia 20. Passo certinho menos de uma hora no local, dá tempo para fazer esteira e quatro exercícios de musculação. Quero emagrecer e condicionar meu corpo para a próxima peregrinação. O casaco corta vento passou a me acompanhar no terceiro dia de academia, não largo mais. Esquenta meu corpo antes da academia abrir e durante a caminhada na esteira, quando chego em casa vai pro molho rápido, até o almoço está seco. Solta tinta até não poder mais no molho, porém é um bom casaco.
A diversão da vez é cantar no aplicativo de karaokê, isso tem mais de mês. Sem nota, só gravar os áudios e compartilhar com poucos. Entre esses poucos estavam duas vovós do lar de velhinhos Flamínio Maurício, que pediram música no projeto “Canta pra mim” promovido pela instituição. Ritmo, afinação, são coisas que pegamos com muita prática. Talvez o fim da quarentena me encontre sedenta em participar de um coral. Muitas possibilidades me aguardam: Fazer o bem com minha voz junto a muitas outras vozes, levar alegria e conforto ao próximo, aprender um pouquinho sobre canto, conhecer melhor uma parte de mim – minha voz, conhecer novos amigos com interesses em comum.
Alegria e conforto, leveza para a vida do próximo. Talvez essa seja a causa cristã que deva abraçar. Irradiar amor e luz seguindo os passos de Jesus. Ao mesmo tempo em que busco uma vida mais coerente, leve, desapegada, plena.

domingo, julho 12, 2020

Coração de vidro

Transparente, reluzente
todo coloridinho
de vidro blindado é
meu duro coraçãozinho

Ele bate, descompassa
ele trinca, transpassa
quando sofre que só
estilhaça, quebra, vira pó

Um caco de vidro, sem lamento
vai pro meu olho
pra eu ver a vida ciente do sofrimento
dói
sangra, é tudo rosa
mas acostumo, e vejo flores em tudo

Não esqueçais que sois pó!
Poeira vítrea é o que vira meu coração
após uma desilusão
junta areia, inspiração,
trabalho, transpiração
de tempos em tempos a fornalha da vida me funde um novo coração

Transparente, reluzente
todo coloridinho
de vidro blindado é
meu duro coraçãozinho.