quarta-feira, maio 31, 2006

SOBRE A NOVA MÁSCARA

Passei meia semana preocupada com meu rosto. Não é de hoje que estranho meu espelho. Esses olhos encovados, quase nenhum cílio nas pálpebras inferiores, uma cara apagada... Morri e esqueci de ir pra cova, tenho cara de defunto! Vai ver é por isso que ás vezes penso em suicídio, tenho cara de morta.

Foi a semana derradeira, cansei do meu rosto. Segunda-feira comecei a sair de casa em baixo de lápis de olho e batom. Lápis de olho nas pálpebras inferiores para dizer “Eu tenho olho!” e meus olhos ficarem maiores nas covas onde jazem. O batom é conseqüência, para o conjunto facial não ficar desequilibrado.

Certamente hei de incorporar a nova máscara de modo a não me perguntar quem está no espelho toda manhã. Por hora estranho o que vejo. Estou em baixo desse lápis de olho? Essa aí do espelho ainda sou eu? Sim, é você. Com olhos encovados mas sem rosto de morta. Você está viva. Agora esqueça os espelhos e tenha um bom dia.


P.S.: Palhaços são exagerados por natureza.

sexta-feira, maio 19, 2006

Dessa vez caprichei. Coloquei métrica, esquema de rima... não adiantou muito. Tem alguma coisa que não me agrada e sei que não é seu teor romântico. Ficou boa, mas quanto mais olho menos gosto dessa


CAIXINHA DE MÚSICA

É tão mágico
Enche o olhar
Transborda música
Dá medo de tocar
E quebrar

O espelho refletindo está
Um casal que gira
Sem saber dançar
No mecanismo
Muito sincronismo
Até a corda acabar

É tão lúdico
Esqueço de olhar
Silêncio múltiplo
Cortando o ar
Faz lembrar

Do espelho estilhaço há
O casal não gira
Nem pode girar
No mecanismo
Muito sincronismo
Até a corda quebrar.

segunda-feira, maio 15, 2006

MÚSICA DO DIA

Teatro dos Vampiros
(Legião Urbana)

Sempre precisei
De um pouco de atenção
Acho que não sei quem sou
Só sei do que não gosto
Esses dias tão estranhos
Fica a poeira se escondendo pelos cantos
Esse é o nosso mundo
O que é demais nunca é o bastante
A primeira vez, sempre a última chance
Ninguém vê onde chegamos
Os assassinos estão livres
Nós não estamos
Vamos sair
Mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos estão
Procurando emprego
Voltamos a viver
Como há dez anos atrás
E a cada hora que passa envelhecemos dez semanas
Vamos lá
Tudo bem
Eu só quero me divertir
Esquecer essa noite
Ter um lugar legal pra ir
Já entregamos o alvo e artilharia
Comparamos nossas vidas
Esperamos que um dia nossas vidas possam se encontrar
Quando me vi tendo de viver
Comigo apenas e com o mundo
Você me veio como um sonho bom
E me assustei
Não sou perfeito
Eu não esqueço
A riqueza que nós temos
Ninguém consegue perceber
E de pensar nisso tudo
Eu
Homem feito
Tive medo e não consegui dormir
Vamos sair
Mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos estão
Procurando emprego
Voltamos a viver
Como há dez anos atrás
E a cada hora que passa envelhecemos dez semanas
Vamos lá
Tudo bem
Eu só quero me divertir
Esquecer essa noite
Ter um lugar legal pra ir
Já entregamos o alvo e artilharia
Comparamos nossas vidas
E mesmo assim
Não tenho pena de ninguém.

sábado, maio 06, 2006

INTRUSO

O raio de luz atravessa a neblina
na alegria morta que irrita a retina
devasta a escuridão, o clarão se aproxima
na luz insensível
na velocidade invisível
abre caminho ao novo de novo
para os mortos não verem causa, só efeito
e reclamar do iluminado sujeito
a tostar os vermes em suas tumbas
- Quem ousa entrar em nossas catacumbas?
- Mensageiro do dia! Da vida que o dia não adia!
- Aqui a vida só decompõe.
Errado. Não há lugar onde a vida não se compõe.
- Voltem a dormir, infinito é meu partir.

Sem parar e se explicar
sabe não ser bem quisto em qualquer lugar
adorado, perseguido
desdenhado e temido
vai-te embora, amigo
seja leve, não me leve
leve nada contigo
enquanto brilha em profusão
disfarça a própria solidão
condena o mesmo que contém
em sentido inverso, que não vem
esvai no infinito além.