sábado, outubro 15, 2016

Trovadores

O trovador é uma das figuras mais importantes na língua portuguesa. Trovadorismo foi o primeiro movimento literário desse idioma, português nasceu para falar de amor. A “Canção da Ribeirinha”, escrita em galego português pouco antes de 1200, é o primeiro registro de nosso idioma. Seria o espanhol uma língua emotiva por conter tantas vogais? Perceba que o português além das vogais possui raízes no trovadorismo. Desviou-se do espanhol para cantar dentro dos feudos o amor sem igual que cada um nutre por seu escolhido. Sendo assim, músicas e poesias românticas em português retomam as origens desse idioma sentimental.

Bardos da Galícia, Irlanda, Escócia, Gales, Bretanha e Cornuália; menestréis da França e Itália; possuíam as mesmas funções mas não foram tão importantes para a história do idioma que falavam quanto jograis e trovadores da península Ibérica. Todos faziam parte da mídia de 1200: disseminavam cultura, divertiam nobres e gentios.

Trovadores entretinham os palácios, jograis os povoados. Não cantavam apenas o amor: também haviam cantigas de escárnio e maldizer. A missão do trovador é traduzir amores e ódios do coração. Os trovadores de 1200 hoje são poetas, escritores, compositores, músicos, cantores, atores.

Português nasceu poesia, nasceu arte, nasceu para ser cantado, nasceu para tocar os corações de todas as classes sociais. Difícil entender português? Sim, para os estrangeiros pode ser difícil entender uma língua tão emotiva. Mas quem nasce falando a língua do coração tem facilidade em aprender qualquer outra, consegue encontrar sentido em qualquer linguagem, consegue sentir qualquer idioma.

sábado, outubro 08, 2016

O LIVRO DA VEZ É O Castelo das Águias, de Ana Lucia Merege

O Castelo das Águias é o primeiro livro de uma série em expansão. Os livros seguintes da saga são Ilha dos Ossos e A Fonte Âmbar por enquanto – a autora está escrevendo mais um para essa séria, para alegria dos leitores. A série conta a história de Anna, a Mestre de Sagas da escola de magia que é o Castelo das Águias. Se você gostar muito da personagem principal e quiser saber a história pregressa dela, leia Anna e a Trilha Secreta. Isso mesmo, a saga tem um prólogo. Quem curtir muito o ambiente também pode acompanhar o blog próprio desse livro em www.castelodasaguias.blogspot.com

Castelo das Águias localiza-se na cidade de Vindravan, nas terras férteis no sul de Althergard, a terra medieval com humanos e elfos que teve os primeiros esboços desenhados no livro O Jogo do Equilíbrio, o segundo livro que a autora publicou. Há ainda diversos contos e livros passados em Althergard, essa terra não gira em torno da escola de magia, e há ainda outras escolas de magia – só não recordo direito onde estão localizadas nesse reino.

Nossa protagonista conta sua história (e diversas outras) em primeira pessoa. Ela veio de Bryke, um povoado do norte de Althergard, próximo da Floresta dos Teixos e de uma cidade élfica. Quando ela chega na escola seus colegas de trabalho se decepcionam porque ela não é uma elfa. Sim, os sábios e mágicos elfos conhecedores de muitas histórias existem, e Anna até conviveu com eles na sua terra natal, mas ela é humana e pertence a uma tribo de caçadores guiados pelo espírito do lobo. Anna é uma jovem conhecedora e contadora de histórias, que tendo menos de 20 anos aceita o emprego e torna-se Mestre de Sagas do Castelo das Águias. Anna possui parentes elfos: foi criada por sua avó e aprendeu a ler com sua prima – prima essa que só entrou para a família porque casou-se com o primo de sangue de Anna. A mãe de Anna morreu numa guerra, e essa história não é contada no Castelo das Águias, que focaliza mesmo o início da vida adulta de nossa protagonista.

Qual a sensação de viver num mundo encantado sem nenhum poder mágico? Você levaria uma vida sem graça e seria uma pessoa indefesa? Longe disso. Nossa protagonista maneja o arco muito bem, e embora não faça magia carrega sempre alguns amuletos com os quais faz orações e se fortalece moralmente. A grande novidade dessa saga é mostrar uma heroína vinda de um lugar comum, sem nenhum poder mágico, nada que chame atenção – somente o vasto conhecimento em história de todos os povos.

As águias do castelo pertencem à floresta de Vindravan, os magos algumas vezes as encantam para que se tornem aves guerreiras e sirva ao exército de Scylix (cidade que fica na região oeste de Althergard) para defender o reino por alguns meses. Porém pouco tempo depois da chegada de Anna na escola de magia, o conselho da cidade se reune para decidir sobre a possibilidade de outras pessoas conseguirem uma transformação mais duradoura das aves para que elas sirvam o exército por mais tempo. Kieran, Mestre das Águias, é o responsável direto pela transformação das águias. Porém o diretor da escola não o escolhe como representante no conselho da cidade, devido ao seu grande envolvimento com o assunto escolhe um segundo professor mais imparcial. Quando se faz necessário que hajam 3 representantes da escola envolvidos nas negociações do conselho é que Anna e Kieran são convocados para a missão. Nenhum dos professores em questão são hábeis negociadores, nesse mundo de adultos estão todos aprendendo.

O soturno Mestre das Águias chama atenção de Anna desde o primeiro momento, aliás, muitas coisas chamam atenção de nossa protagonista, ela é bastante curiosa e atenta quanto aos costumes das pessoas. Porém nada a impede de cometer alguns erros e se atrapalhar, principalmente em questões sentimentais.

Na escola de magia os alunos não começam aprendendo magia, são antes iniciados nas artes dos saltimbancos, bardos e artesãos. A cada solstício os alunos montam peças teatrais celebrando o momento religioso e a conclusão do semestre; cabe à Mestre da Sagas criar o roteiro e dirigir tais apresentações. Sagas dos povos de Althergard é uma matéria básica na escola de magia, e ao longo do livro o leitor descobre a importância que histórias podem ter na vida das pessoas.

O leitor percebeu no início da resenha que mencionei vários livros de Ana Lucia Merege, quais desses eu já li? Castelo das Águias foi o primeiro, apesar de conhece-la virtualmente e acompanhar sua Estante Mágica desde o início dos anos 2000. Nos primórdios da criação dos blogs, achei o da Ana enquanto ainda escrevia um blog no IG. Depois apaguei, mudei meu blog de nome e servidor: fui pro Blogspot, que ao final foi comprado pelo Blogger, mas o endereço das minhas abobrinhas verdes segue inalterado. Durante todo esse tempo, de vez em quando sigo bisbilhotando A Estante Mágica de Ana, sem nunca encontra-la pessoalmente.