sexta-feira, dezembro 16, 2005

SEGUNDA FASE DA FUVEST! HA HA HA...
Que piada!
Fui pra segunda fase outra vez. Mínimo! Pontuei o mínimo! Estão tirando com a minha cara, só pode ser. Me jogaram na segunda fase pra morrer na praia de novo. Esse povo há de ver, dessa vez estudo e estudo feio; acerto tudo e mais um pouco. Quero ver quem morre na praia agora que sei nadar.

Abobrinhas Verdes voltam á feira depois que a sitiante cumprir provas.
Uau! Próximo texto na primeira sexta-feira treze de 2006!
Para suspender a produção nesse tempo, nada melhor que essa música:


Tudo novo de novo
(Moska)

Vamos começar
colocando um ponto final
pelo menos já é um sinal
de que tudo na vida tem fim

Vamos acordar
hoje tem um sol diferente no céu
gargalhando no seu carrossel
gritando: nada é tão triste assim

É tudo novo de novo
vamos nos jogar onde já caímos
tudo novo de novo
vamos mergulhar do alto subimos

Vamos celebrar
nossa própria maneira de ser
essa luz que acabou de nascer
quando aquela de traz apagou

e vamos terminar
inventando uma nova canção
nem que seja uma outra versão
pra tentar entender que acabou

É tudo novo de novo
vamos nos jogar onde já caímos
tudo novo de novo
vamos mergulhar do alto onde subimos

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Mês passado passeava pela avenida Paulista quando uma repórter pergunta diante de uma câmara:

Existe justiça no Brasil?

Roberto Jefferson foi cassado e levou uma boa aposentadoria, de fome na fila do INSS ele não morre. A estudante de medicina (estudava em faculdade pública, paga pelo povo ) que planeja o assassinato dos pais e executa com ajuda do namorado. Solta por bom comportamento. Estupradores e traficantes que apodrecem na cadeia, cujo objetivo é reeducar marginais para devolve-los á sociedade. No tribunal prisão é punição, castigo para quem comete crime. Após o condenado atravessar os portões da cadeia isso vira escola (ao menos deveria ). A pergunta volta: Existe justiça no Brasil?

Existe! Imperfeita, com muitas brechas legais para a impunidade, mas existe. Quem faz as leis não pertence á camada pobre da população, tampouco á média, e sim á camada mais rica da sociedade. Quem elabora leis quer, antes de tudo, proteger a si mesmo. Por isso tantas brechas e tantas impunidades. Não significa que não haja justiça; a cadeia vive lotada - resultado da justiça. Até Paulo Maluf passou uma temporada atrás das grades. Como tudo que é bom dura pouco, a prisão não foi definitiva.

Ele tem dinheiro para contratar bons advogados. A lei sempre esteve ao lado de quem tem dinheiro: elaborada pela elite para proteger a elite. Não se engane pelo caráter benéfico que se estende a toda sociedade: serve para os desfavorecidos não reclamarem da falta de atenção. Para conter possíveis revoltas e continuar no poder, é preciso dar o mínimo necessário ás camadas que sustentam a sociedade.

Dos quinhentos e cinco anos de existência do Brasil, cento e dezesseis passaram sob regime republicano. A justiça do regime democrático, tal qual se vive hoje, abocanha cerca de um quinto da história de vida do país. Tempo suficiente para uma justiça exemplar? Não. A justiça tem muitas falhas, descontenta a população, as leis precisam ser melhor elaboradas e seus mecanismos levados a cabo. Assim é, assim existe justiça no Brasil.

O.Observação: Lógico que na hora não falei esse texto enorme, mas a idéia surgiu alí, proximo ao prédio da Gazeta. Fiquei feliz da vida. Formei opinião! Eu penso! ...Geralmente pensar é útil. Na pior das hipóteses gera uma abobrinha verde.

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Como o primeiro - e único- comentário do texto anterior foi sobre Silene, aqui vai um resumo de sua história. Com algumas explicações extras.

SILENE SEM SOMBRA
nome verdadeiro: Silene Spinosa
(costuma apresentar-se simplesmente como Silene, em salvamentos diz seu nome de heroína para quem socorre)
idade: 21 anos
onde vive: república estudantil de uma grande cidade
profissões: estudante secundária de letras e flautista de boteco, casamento, batizado, formatura...
passatempos: devorar livros da biblioteca pública municipal e salvar cidadãos em perigo

poderes:
- não ter sombra durante o dia
- invisibilidade noturna; sendo que a roupa usada no momento da transformação adquire mesmo poder temporário
- telepatia noturna e incompleta: escuta pensamentos ( após pôr do sol) sem transmitir o que pensa. Precisa concentrar-se no ambiente ao redor para não escutar todos ao mesmo tempo, quando é surpreendida tem dor de cabeça e tontura.
- manipular sonhos (depois do pôr do sol ) ao tocar em alguém que dorme

como ganhou poderes: Na época de loiras do banheiro e maldições do espelho, Silene devorava a Coleção Vaga-lume sem ligar pra nada. Foi numa noite chuvosa quando ela acordou de um pesadelo e resolveu buscar algo pra ler. Mas ao sair do quarto sem acender a luz, errou a porta e entrou no espelho exatamente á meia noite. Não reparando nada de diferente, pegou um livro qualquer e voltou pro quarto, mas deixou sua imagem no espelho. Só este espelho é capaz de mostrar seu reflexo desde então.

atividades heróicas:
- infernizar ladrões da vizinhança
- prender inimigos em intermináveis pesadelos
- acordar pessoas em coma

na grande e única missão coletiva:
Um alienígena cai com sua nave no centro da cidade ao entardecer. Silene corre em direção á cratera buscando feridos, encontra meia dúzia de gatos pingados escutando um ser verde raquítico e esnobe chamando seu planeta de patético e alertando vinda de micro alienígenas armados com transformers. Esses micro alienígenas infiltram-se em qualquer ser vivo e em máquinas. Silene deduz que os extraterrestres não têm efeito sobre minerais, matéria morta, sons e luz.

como perdeu poderes: Um ladrão apareceu na cratera, tentou atirar nos heróis visíveis e acertou a nuca da heroína invisível. A camada de espelho que cobria seu corpo e lhe dava poderes se estilhaçou, ela voltou a ser uma pessoa normal. Um herói levou-a ao hospital mais próximo.

Hoje em dia:
Dedica-se em passar de ano e conseguir bom emprego na área em que estuda. Curte a vida que acidentalmente lhe foi proibida por onze anos. Desses tempos amargos guarda, por mera recordação, o livro que tirou do espelho. Inusitado artefato: encapado com espelho, por mais que caia ele não quebra nem arranha. Um dos poucos livros que Silene tem e nunca leu.

como recuperar poderes: atravessando um espelho. Silene não sabe como nem porquê faria tal proeza novamente. Deixo essa história para quando voltar ao jogo. Posso adiantar que a heroína recupera seus poderes somente uma vez. Apesar de frágil, Silene não é apelativa.

sexta-feira, novembro 25, 2005

Das descobertas que fiz

Durante cinco dias joguei RPG pela internet. Coisa de iniciante, tanto para jogadores quanto para o mestre. Começou com cada um criando um super herói. Silene Sem Sombra foi a primeira heroína do grupo. Depois os heróis passaram a interagir: uma vez ao dia escrevia minha ação. Percebi que iria quebrar a brincadeira por não escrever de fim de semana, daí saí do jogo. Como quem comandava não limitava os participantes ou a quantidade de poderes que cada herói teria, surgiam personagens cada vez mais poderosos e indestrutíveis. Descobri por quê inventaram regras e chamaram criação coletiva de RPG.

Ah, preciso colocar a história da Silene aqui! Tem dezenas de fraquezas, não foi construída na base do "tudo que quero ser". Heroína por acidente, ela até amaldiçoa seus poderes por impedirem-na levar uma vida normal.

Descobri Neil Gaiman, roteirista de Sandman. Li 5 gibis dele, preciso ler a série completa. Um jogador, tão iniciante quanto eu, disse que Silene lembrava Sandman. Indicou o caminho e descobri que história em quadrinho pode ser interessante.

Descobri que paixão é mais potente que felicidade. Porque paixão engloba felicidade e a direciona, dá um propósito, por isso é sentimento mais produtivo. Quando estou feliz resolvo qualquer coisa emperrada ou empacada no meio do caminho. Apaixonada escolho o que resolver. - Aqui desço do pedestal de insensível e confesso a contragosto que estou apaixonada.

Minhas paixões são mais por ideais do que por pessoas, são difíceis de serem correspondidas. Não é bom se apaixonar por ideais, no fundo não é bom apaixonar-se por nada. Sempre tem desilusão nos esperando, mas é melhor que nunca viver emoção alguma. A paixão da vez é por teatro - não é nova, voltou. Estalou os dedos e atendi feito cachorrinho. Desconfiada, sabendo que acaba, mas atendi. Certa que dessa vez não perderei o rumo no fim.

Líderes seguem ideais, discípulos seguem pessoas. Bons líderes levam seus discípulos á independência ideológica, assim perdem seguidores e ganham companheiros. Seguidores não corrigem seus líderes, não questionam, dependem muito deles, por isso não querem deixa-los. Companheiros andam juntos mas sabem caminhar sozinhos, não têm medo de questionar seus iguais nem de se separar.

Não! não sou petista, socialista, comunista, anarquista... Fujo das camisetas do Che Guevara "Se te sentes inconformado diante das injustiças, então posso chamar-te de companheiro." Não carrego uma frase dessas no corpo! Carrego outras. Não encontrei corrente certa para meus pensamentos, perdi o caminho do circo. Passo perto das tribos pegando um teco de cada uma sem pertencer a nenhuma.

Descobri que a moda que quero usar ainda não existe. Isso atrapalha comprar roupa, nada é parecido ao que idealizei. Bolo projetos artesanais que dificilmente ponho no papel, se esquecer é um a menos. Já são dois ou três no papel e um nas mãos. Falta tempo. A tecnologia evolui para nos deixar tempo livre, mas quanto mais perto dela menos tempo livre sobra.

Enquanto isso, o fígado destrói hemácias mortas de fome.

sexta-feira, novembro 04, 2005

SAIBA
(Arnaldo Antunes)

Saiba: todo mundo foi neném
Einstein, Freud e Platão também
Hitler, Bush e Sadam Hussein
Quem tem grana e quem não tem

Saiba: todo mundo teve infância
Maomé já foi criança
Arquimedes, Buda, Galileu
e também você e eu

Saiba: todo mundo teve medo
Mesmo que seja segredo
Nietzsche e Simone de Beauvoir
Fernandinho Beira-Mar

Saiba: todo mundo vai morrer
Presidente, general ou rei
Anglo-saxão ou muçulmano
Todo e qualquer ser humano

Saiba: todo mundo teve pai
Quem já foi e quem ainda vai
Lao Tsé Moisés Ramsés Pelé
Ghandi, Mike Tyson, Salomé

Saiba: todo mundo teve mãe
Índios, africanos e alemães
Nero, Che Guevara, Pinochet
e também eu e você


Tão gracinha essa coisinha! Canção de ninar! Nos tempos de inatividade gosto de pregar uma figura pra descansar os olhos dos raros leitores que passam pelo espaço; dessa vez tem música. Porque ainda não sei mexer com figuras nesse sítio. Abobrinhas Verdes não vai pra feira da próxima sexta. Ou seja: semana que vem não tem texto novo.

sexta-feira, outubro 28, 2005

Música imPopular Brasileira

Um banquinho e um violão, essa é a definição. Qualquer canção que caiba nesse espaço é MPB. Resolvi encarar a nata da sonoridade em que se transformou esse tipo de música. Não é muita gente que gosta, mas aquele show gratuito do Zeca Baleiro juntou cerca de duas mil pessoas no Memorial da América Latina. Divididas em duas apresentações, aquela galera foi ver o maranhense no meio do palco tocando violão e guitarra num banquinho. Diz o boato que alguns fãs acamparam na fila desde duas da tarde pra ver apresentação oito da noite. Quem chegou oito em ponto não entendeu como podia a platéia estar lotada, esperou até anunciarem apresentação extra que iniciou ás dez.

Faixa na ponte do Memorial, guia do Estado de São Paulo, jornal do metrô e até SBT chamando platéia. Lá fui por curiosidade, com cara e coragem. O bom e velho trio: eu, Deus e meu anjinho da guarda. De escudo o clássico livro de fila - desses que só leio pra esperar. Embora pra Barra Funda. Cadê o Memorial? Ah! Alí na placa! Agora é achar o teatro; será que atravesso a ponte? Na dúvida siga a multidão, procure fila e só pergunte pra que serve depois que estiver nela. Não são muitos que curtem MBP?! Sei não, depois de mim a fila perde de vista, gente até dizer chega.

Vou pra poltrona do teatro. Até lá já escutei que o palco está entre duas platéias, depois do pano de fundo tem outro tanto de cadeira que não ficou disponível pra apresentação do cantor. Começa com um blues, deve ser do disco novo, só ele cantava. No meio daquela viagem urbana que lembra "Tabacaria" de Fernando Pessoa, versos hilários: "vejo pombos no asfalto, eles voam alto, e se contentam com migalhas que sobram no chão..." Engraçado que não só eu, mas até a felicidade que apareceu na fila ás duas da tarde esteve alí pra lembrar de POMBOS! Uma fã sobe no palco e beija ele, outras gritam "lindo!" e "gostoso!" pro saco de osso que as encanta. Outros dançam ao lado de uma caixa de som. Seria melhor se fosse em espaço aberto, onde todos pudessem dançar.

O disco que tenho é ótimo, muito do que ele cantou está lá. Surpresa! "Alma Não tem Cor", do Karnak! Foi uma delícia ver todo mundo cantando. Quem mais sabia que aquilo não é composição do Zeca Baleiro? Será que está no disco novo? Não tenho disco do Karnak, queria ver show desse povo. Diz a lenda que mesmo depois de acabado, o conjunto toca uma vez por ano... quer coisa mais impopular que Karnak? Tem, sempre tem gente desconhecida buscando lugar ao sol, quem procura acha.

Quando Baleiro recebia papéis e ironizava "Que será que tão pedindo... toca Ronda? Toca Sampa?", o horário do ônibus tirou-me do show antes do fim. Gostei mesmo assim.

sexta-feira, outubro 21, 2005

SAMAMBAIA POWER

Black Power já passou por aqui na década de setenta. Com várias técnicas pra deixar seu capacete armado e enfeitado. Um jeito dos negros americanos dizerem que cansaram de seguir a moda branca que sempre os excluiu. Chegou a hora da terrinha mostrar que nem só negros moram aqui, que a miscigenação trouxe o cabelo crespo, que arma de manhã e só toma forma depois de úmido.

SAMAMBAIA POWER, a tendência natural das madeixas brasileiras. A maioria do povo brasileiro tem cabelo cacheado e escuro. Xampu colorante, creme pra pentear, mousse redutor de volume, pra quê? Os fios querem liberdade, movimento, expansão. As coisas daqui não são bonitas? O conceito de beleza será sempre ditado por estrangeiros?

Ainda tem quem queira o Brasil andando pelas próprias pernas, sem ser dominado por outro, segurar a posse Amazônia... Mas cabeça do povo, os ouvidos, mentes obedecem como cães fiéis tudo que se pensa lá fora sem questionar quase nada! Samambaia Power está aí pra afirmar a identidade brasileira, exibir o que é natural dessa gente. Cabelos livres e volumosos enfeitados com uma faixa ou diadema.


Tudo bem, esse movimento não pega. Tanto creme no mercado pra domar a juba desse povo que deixou de ser selvagem faz tempo e não quer lembrar mais disso. Fica aqui a sugestão de protesto, um grito baixinho de indignação. SAMAMBAIA POWER, mais uma abobrinha verde no meu sítio.

sexta-feira, outubro 14, 2005

O FILME DA VEZ É

Doutores da Alegria. Documentário nacional em circuito comercial. Raridade! Sabe-se lá quando uma coisa dessas vira DVD. Não espere palhaçadas em série, historinha pronta, o filme registra o projeto nu e cru. Ou melhor, de nariz e cara pintada. Vários depoimentos dos atores, que ficam irreconhecíveis sob a maquiagem... porque são muitos, não consigo gravar nomes de artistas assim, de prima.

Lembro do Dr. Zabobrim, mas não o ator que o faz. Era o baixinho no único trio do filme. Outro é Dr. Lambada, até lembro da fisionomia do cara sem pintura, mas o nome do figura! Pra variar não o reconheci em nenhuma atuação. Muita informação nova ao mesmo tempo, guardei as palhaçadas, os personagens... Todos tinham uma bolota de nariz vermelho, menos um: o fundador. Explicou que ser palhaço não é só contar piada e fazer careta. Vivem na base do improviso, o que só se consegue com uma bela elaboração e encarnação do personagem. Pra entrar num hospital e não se abalar com a tristeza de um doente terminal, não se importar em ver crianças carecas por causa da quimioterapia... de uma força sentimental horrível esse bando de palhaço que esqueceu o caminho do circo e rumou para a Besteirologia. Sim! são respeitáveis doutores besteirólogos, de jaleco branco e tudo, que visitam seus pacientes regularmente. Mas só passam da porta pra dentro se o paciente deixa. Estimulam o que ainda está bom no doente, pra que essa parte fortalecida ajude a melhorar as outras. E dá resultado.

Todos atores explicam como encaram esse curioso trabalho. O fundador do projeto achava a figura do palhaço uma coisa miudinha e sem valor, até seu primeiro dia divertindo as crianças da clínica onde seu pai estava internado. O nariz vermelho transforma os atores em pessoas que não devem ser levadas a sério, mesmo que digam o que pensam com toda sinceridade. Eles não são nada, não são de verdade, são palhaços.

Nesse desdém o mundo vem em tolerância, sem dar aos palhaços grande importância – exatamente tudo o que eles querem. Descaso, fracasso, ridículo, erro, prato cheio pro bom palhaço fazer riso. Não apontando os outros, mas a si mesmo. Num ambiente normal a regra é que as pessoas se enalteçam para que outros a reconheçam. Pois o palhaço se destrói, mostra seus defeitos - os que tem e os que inventa ter. Exagerando em tudo, tudo é novidade sempre, só existe presente.

Você sai do cinema pensando duas vezes antes de chamar alguém de palhaço.

sexta-feira, outubro 07, 2005

Pingüins em campo minado

A mídia está aí para pregar na sua cabeça que a maior arma do cidadão é o voto, o cidadão só é alguém quando vota, só provoca alguma reação no país se votar. Para os políticos de Brasília isso é a mais monstruosa verdade, que seja verdade: a maior arma do cidadão é o voto.

A raça desse país é pacífica, bondosa e obediente. Sempre prestativa, há de aceitar o que as autoridades dizem sem contestar. Os representantes da sociedade são escolhidos entre os mais aptos para comandar, decidem tudo movidos pela vontade nacional, zelam por todos e defendem principalmente os interesses dos mais fracos. Num país tão harmonioso como esse, não existe contestação mas sim cooperação.

Esse país maravilhosamente descrito chamar-se-ia Itália ou Alemanha se o regime fascista que implantaram desse certo; pois o parágrafo acima descreve algumas bases do fascismo. O que isso tem a ver com o voto brasileiro é difícil explicar, precisa primeiro revisitar a ditadura.

Na ditadura o caminho que os militares tomavam era idêntico ao da Itália. Grupos de repressão oficial e particular, controle dos meios de comunicação... por falar em meios de comunicação, a TV que mais deu certo naquele período foi a Globo, que ultimamente defende a proibição da venda de armas. Pra perceber isso basta prestar atenção no tipo de notícia que circula pelo Jornal Nacional.

Voltando sobre a ditadura, é preciso lembrar que os arquivos policiais daquela época ainda não se tornaram públicos, mesmo vinte anos após o fim. Quem discordava do governo era eliminado. Faziam coisas piores do que as que aconteceram com os prefeitos de Santo André e Campinas. Todos esses casos foram arquivados, podem não estar relacionados. Será que tem algum perigo se forem revelados? Será que o povo anda igual pingüins nos campos minados?

O referendo sobre a proibição do comércio de armas não caiu nas mãos do povo por mera questão de segurança. Fosse apenas isso, deputados e senadores votariam como a obrigatoriedade do extintor de incêndio nos carros. O Rio de Janeiro pensou assim, e já proibiu tal comércio no estado. Vê-se os resultados. Tem bandido, polícia e no fogo cruzado o louvado cidadão de bem. Tudo bem!

A questão política que se articula atrás desse referendo é implantação de outra ditadura. O presidente brasileiro andou reunindo-se com dirigentes de esquerda de outros países para discutir e apontar soluções para os problemas da América Latina – o chamado Foro de São Paulo. Um grupo extremista internacional, decidindo rumos nacionais, baseando-se no bem estar da população... de que país? De que camada social? E o povo até então crente que o Brasil não dava palpite na política dos vizinhos, não tinha a menor pretensão de mandar em ninguém.

O referendo pode virar atestado de suicídio caso vença a opção a favor da proibição. Se a maior arma do cidadão é o voto, é bom ter cuidado pra não mirar em alvo errado; ter mãos e pés atados, acabar como pingüim em campo minado.

sexta-feira, setembro 30, 2005

ESPÓLIOS DE GUERRA

Pinguins encontraram no campo minado das Ilhas Falkland um ótimo lugar para acampar. Argentinos enterraram 25.000 minas explosivas alí para acertar soldados ingleses na guerra pela posse da terra em 1982. Como o lugar não é muito povoado, não há motivos para retirarem as minas como em Angola. Pinguins em passeio de primavera são detonadores voluntários. Malvinas ou Falkland, é lá onde pinguins vão pro espaço.

sexta-feira, setembro 23, 2005

SALADA SALADINHA, BEM TEMPERADINHA...

Um texto a favor do comércio de armas deveria estar aqui.
Cadê a campanha do SIM e NÃO pra proibição?
O voto não é tão simples quanto parece; nem sempre quem votar sim é contra a violência e quem votar não é a favor. Não se trata apenas de segurança, a questão é política, isso é, vem cheia de segundas intenções. Isso parece redação de vestibular...

ALIÁS, lembra daquela pérola que circula pela internet? "Não devemos cuidar apenas do meio ambiente, mas dele inteiro"? Tempos atrás estava a idéia numa campanha ecológica da TV, vamos cuidar do ambiente inteiro. Cadeira de teste não é lugar de ser bem humorado, é hora de apostar no certo, no mais do mesmo.

O governo é oportunista, todo tema de redação do Exame Nacional do Ensino Médio pede solução para algum problema do nosso país. Precisam saber o que os estudantes pensam, ou querem uma solução para o problema que não resolveram? Sabe qual parte do governo sabe todas as idéias mirabolantes e asneiras gritantes que aparecem nas redações? Os professores que corrigem.

Esses mesmos que todo ano fazem greve pedindo aumento de salário, que reclamam que o poder executivo não libera verba para educação, que recebem ameaças dos alunos nas escolas, que passam alunos pelo sistema de progressão continuada a contragosto. Se esse castigado cidadão achar que sua idéia não vale nada, transforma algumas frases suas em "pérolas" na internet; se concordar com o que está escrito, texto e autor saem ilesos do processo. Não leva fama alguma, no máximo uma exposição das melhores redações do exame em algum site, mas as intrincadas e famigeradas "pérolas" circulam na rede pelo resto dos dias.

...COM SAL, PIMENTA, FOGO, FOGUINHO.
Quatro tipos de abobrinhas bem verdinhas pra salada de quem lê.

sexta-feira, setembro 16, 2005

COMER COMER

Do alto de seu último ano de engenharia civil, meu irmão mais velho, ao me ver mastigando demoradamente uma fruta, comentou com meu irmão mais novo: "Olha como ela come, parece uma lesma! Parece que faz digestão na boca!" Que eu saiba a digestão começa na boca, início do tubo digestivo. Na boca digerimos amido e açúcar dos alimentos, quebrando-os em moléculas menores com ajuda da saliva.

Enquanto meu irmão mais velho defende que digestão acontece no estômago, meu irmão mais novo acaba de entrar na oitava série e acredita que ela ocorra não só no estômago mas também no intestino delgado. Acreditando estar certo, meu irmão mais velho questionou como consegui passar da primeira fase da FUVEST. "Fazendo digestão na boca?"

Na verdade a digestão é feita por todo o tubo digestivo, cada parte quebrando mais especificamente determinadas substâncias, outras absorvendo ou expelindo. Se os famosos amido e açúcar podem ser quebrados na boca, é bom usar bem essa parte do sistema digestivo para poupar maior trabalho das outras - como estômago, por exemplo. Sem contar que a saliva produzida com a mastigação cai no estômago junto com o bolo alimentar e facilita a digestão. Quanto menos se mastiga mais trabalho o estômago tem, come-se mais e o estômago dilata-se conforme o tempo. No fim das contas acaba-se engordando por mastigar pouco.

No momento da discussão a palhaça aqui calou-se porque não tinha completa certeza dos fatos, e meus irmãos saíram convictos de que é errado fazer digestão na boca.

Meu irmão mais velho estava certo: passei na primeira fase da FUVEST fazendo digestão na boca.


P.S.: Texto escrito em 2001.

sexta-feira, setembro 09, 2005

Grito do Silêncio

Passeata feita dia 6 de setembro de 2005. Juntaram-se na praça da Sé, pararam pela rua Boa Vista para conferir o impostômetro - 500 bilhões já foram pagos ao governo, caminharam pela rua Líbero Badaró, atravessaram o Viaduto do Chá e em frente ao Teatro Municipal os manifestantes leram o seguinte:

"O País assiste hoje, estarrecido, à maior crise política de sua história. A cada dia surgem denúncias de graves casos de corrupção no Governo Federal e no Congresso Nacional. No mesmo ritmo, crescem suspeitas de que partidos políticos saquearam os cofre públicos, em nome dos governos federal e municipais, para comprar apoio de políticos, seja para troca de siglas, votaçòes no Congresso ou financiamento ilegal de campanhas eleitorais. O andamento das apurações de três comissões parlamentares de inquérito é lento e confuso, com risco de punições brandas. É inaceitável que membros do governo e do Legislativo se esforcem para prejudicar as investigações e, assim, livrar os principais acusados das merecidas punições.

Não faltam denúncias, confissões e documentos para fundamentar inquéritos, processos, julgamentos e punições. Por isso, a sociedade brasileira espera das CPIs, do Plenário da Câmara dos Deputados, do Ministério Público e da Polícia Federal, que todos os crimes sejam desvendados e os criminosos processados e punidos com rigor, nos termos da lei. O governo está paralisado há quase quatro meses. O Congresso também. Portanto, mais cedo ou mais tarde, a economia será afetada. O orçamento da União não é executado, inerrompendo benefícios dos programas sociaias à população mais necessitada.

Precisamos de um projeto de nação e não de tomada e aparelhamento do poder. O País espera o cumprimento de fato de um programa de governo, alterando, com segurança, a política econômica. Não há outro meio de reduzir os juros, renegociar a dívida externe, sem desrespeitar contratos e executar o orçamento da União com responsabilidade fiscal. Exausta de promessas não cumpridas, a nação exige transparência e ética na política e nas relaçòes do Estado com a sociedade civil. Exige desenvolvimento e emprego. Exige justiça social. Nosa manifestação hoje, na véspera do Dia da Independência, se expressa por um indignado silêncio. O Silêncio da vergonha."

O manifesto foi enviado ao Palácio do Planalto, Supremo Tribunal Federal e Congresso Nacional. A passeata chamou atenção dos gringos: NY Times, Washington Post, Miami Herald contaram 15 mil pessoas. Folha contou 2 mil, Estadão foi mais generoso - 2.500 manifestantes.

Se os grandes jornais da cidade mal ligaram pra manifestação organizada por partidos de direita, - ei! Agora direita é oposição! - Abobrinhas Verdes mostra o que empurraram pros cachorros em baixo da mesa.

sexta-feira, setembro 02, 2005

A PROFECIA
Ella sentase frente su globo de cristal, tiene los ojos cerrados. Nadie en su frente, mesa vazia, ni toalla la cubre, todo que hay es el globo. Manos en la mesa, ella abre los ojos, fijáse en el globo, y el famoso dicho viene: YO VEO...

Ano de 2005:
Parece café, tem cor de café, cheiro de café, gosto de café... será que é café?
Claro que é café! Venhamos e convenhamos, pode ser pior que o exportado, mas ainda é café.

Ano de 2500:
Parece café, tem cor de café, cheiro de café, gosto de café... será que é café?
Não, isso é Soja R-302 sem agrotóxico. Café, apenas exportamos.

sexta-feira, agosto 26, 2005

Árvores na avenida

Sete novas árvores
No meio da avenida
Oito com uma antes plantada
Quase assassinada última vez que foi podada

Sete novas árvores
No meio da avenida
Última novidade
Capaz de mudar toda vida

Sete novas árvores
No meio da avenida
Pra vida brotar, limpar o ar
Segurar o chão, colorir o lugar

Sete novas árvores
No meio da avenida
Corre mundo a fora
Confusão por dentro - lamento!

Sete novas árvores
No meio da avenida
Em volta cimento
Assim passa o tempo

Sete novas árvores
No meio da avenida
Isso é coisa que se diga?
Oito árvores no meio da avenida.

quinta-feira, agosto 18, 2005

UEBA!

Meu primeiro texto nesse novo canteiro!
Ah, deixa apresentar pra quem tá lendo!

Abobrinhas Verdes é o novo blog da Colombina, a palhaça que perdeu o caminho do circo e resolveu abastecer o mercado da vida com abobrinhas. Tem muitas por aí que não são vistas como abobrinhas, são idéias importantíssimas, vão gerar lucro e tudo o mais...

Abobrinhas Verdes não estão no mercado supervalorizado dos intelectuais de plantão. São tão comuns e necessárias quanto arroz e feijão para o povão.

Embora o povão raramente possa encontrar esse endereço mal divulgado.