quinta-feira, julho 20, 2006

VOCÊ FOI CONVOCADO PARA SER MESÁRIO NAS ELEIÇÕES. - Não jogue uma rodada.
PARTE II

De posse da carta, fui à Zona Eleitoral. Lá, recebi a nomeação de Segunda Secretária. O que faz a Segunda Secretária? Algo simples, para o qual não é necessário treinamento.

Quem diria! Minha carreira como secretária começa dia primeiro de outubro, sete horas da manhã!

Não perca a terceira parte dessa emocionante série, onde serão revelados os empolgantes detalhes da labuta de uma equipe mesária nas eleições.

segunda-feira, julho 17, 2006

Prepare seus olhos para uma resenha.


O livro da vez é
O Dia do Curinga

O autor do livro é Jostein Gaarder, norueguês nascido em 1952 e que estudou filosofia, teologia e literatura. Seu livro mais famoso é "O Mundo de Sofia", que ganhou projeção internacional em 1991. Suas obras costumam ensinar filosofia aos leitores de forma descontraída. Em "O Mundo de Sofia" as partes didáticas sobre filosofia apareciam claramente separadas da história. Em "O Dia do Curinga" a filosofia envolve toda a história, ninguém pára e explica, ela é conhecida vivida pelos personagens.

Os capítulos são nomeados como cartas de baralho para contar a história de um menino que joga paciência. O gosto pelo jogo é conseqüência do fato de seu pai colecionar curingas de baralho. Muitas vezes ele ganha o baralho sem um dos curingas. O pai de Hans Thomas gosta de filosofia, e durante a viagem conversa muito sobre assuntos filosóficos com seu filho. Eles viajam para encontrar a mãe de Hans Thomas, que deixou a família norueguesa oito anos antes dessa viagem. Na última vez que foi vista, estava na capa de uma revista italiana. Hans Thomas e seu pai conseguem mais informações e vão de carro do sul da Noruega até a Grécia, onde sua mãe estaria gravando comerciais.

No caminho o menino recebe um pequeno livro contando a história das cartas da paciência de Frode. Numa viagem entre Espanha e México, Frode sobreviveu como náufrago numa ilha deserta acompanhado apenas por um baralho. Ele criou um calendário onde cada carta possuía um dia e um ano, o último dia do ano era do curinga. Além de jogar paciência e criar calendário, Frode inventou uma personalidade para cada carta e conversava com elas. Um dia suas criações criaram vida e passaram a existir de verdade e povoar a ilha. Faziam uma bebida púrpura, que continha todos os sabores imagináveis. Ao toma-la sentia-se todos os sabores imagináveis no corpo inteiro, não só na boca. Os únicos habitantes da ilha que não tomavam a bebida eram o Curinga e Frode. No seu dia, o Curinga monta um texto com a frase que cada carta fala na cerimônia da festa. Esse texto é uma previsão do futuro. A última previsão do Curinga envolvia o fim da ilha de Frode e a família de Hans Thomas.

Com o pequeno livro, o menino começa acreditar em destino, que sua mãe seria um Ás de Copas que vivia perdendo-se e seu pai um Curinga. De fato, o pai dele achava-se um curinga, uma carta diferente das muitas que povoam o baralho de pessoas do mundo. Segundo a previsão eles terminariam juntos.

"O Dia do Curinga" questiona se acreditamos nas coisas porque elas existem ou se elas existem porque acreditamos que existam; questiona também se o destino existe. Mostra a bebida como forma de controlar as mentes, algo que impede as pessoas de saber o que realmente acontece no mundo. Há várias análises sobre a humanidade: o mundo é uma loteria onde só aparecem os vencedores, as pessoas são bonecos criados por Deus... enfim, o livro traz filosofia na prática, através de questões brotadas ora da cabeça do pai de Hans, ora pelo próprio Hans, estimulado pelo livrinho que lê.

Para quem acha que pensar sobre o mundo, a sociedade e a existência do universo é uma boa diversão, "O Dia do Curinga" é um ótimo passatempo. Para quem não se importa com questões filosóficas, "O Dia do Curinga" é uma boa aventura que brinca com realismo fantástico.

sexta-feira, julho 14, 2006

ELA CHEGOU!
Minha crise existencial pré aniversário! Não sei como consegui viver ano passado sem você. Seja bem vinda.


DéJà VU
Pitty

Nenhuma verdade me machuca
Nenhum motivo me corrói
Até se eu ficar só na vontade, já não dói
Nenhuma doutrina me convence
Nenhuma resposta me satisfaz
Nem mesmo o tédio me surpreende mais

Mas eu sinto que eu tô viva
A cada banho de chuva
Que chega molhando meu corpo

Nenhum sofrimento me comove
Nenhum programa me distrai
Eu ouvi promessas e isso não me atrai
E não há razão que me governe
Nenhuma lei pra me guiar
Eu tô exatamente aonde eu queria estar

A minha alma nem me lembro mais
Em que esquina se perdeu
Ou em que mundo se enfiou
Mas já faz algum tempo
[Mas eu não tenho pressa]

segunda-feira, julho 10, 2006

Você foi convocado para ser mesário nas eleições.
Não jogue uma rodada.

O texto acima pode ser lido eventualmente no tabuleiro do Jogo da Vida, um brinquedo tão clássico quanto Banco Imobiliário. Perceba como o jogo é machista, você foi convocadO. Felizmente é um brinquedo, a sociedade de verdade não é tão machista assim. Tanto que a carta da convocação fatídica vem assim:

"Fica V. Senhoria intimado(a), sob as penas do art. 347 do Código Eleitoral, a comparecer ao Cartório desta Zona Eleitoral, situado no endereço acima, no dia **/**/2006, entre 10:00 e 18:00 horas, trazendo seu título de eleitor.
Art. 347 – Recusar alguém cumprimento ou obediência a diligências, ordens ou instruções da Justiça Eleitoral ou opor embaraços à sua execução:
Pena – detenção de 3 meses a 1 ano e pagamento de 10 a 20 dias-multa."

UEBA! Parei com meu carrinho laranja (que mede 2 cm de comprimento, possui encaixe para 6 pinos e é feito de plástico) nessa casinha do jogo da vida por uma rodada. Que os próximos participantes girem a roleta e apostem quanto durará minha felicidade.

Sim, fiquei feliz! Servirei meu país num dia importante, será minha primeira experiência como funcionária pública - eu que vez ou outra me inscrevo em concurso e nunca sou aprovada. Será ótimo passar o domingão de Outubro ajudando o povo a votar, vou com lencinho do Brasil e tudo.