terça-feira, março 30, 2010

RATOS

São todos ratos baratos
nascem aos montes
em qualquer buraco

Fuçam
põe o nariz onde não são chamados
fedem
em esgotos ou gaiolas
fedem

Mas são espertos, esses pequenos
se acham espertos
provam do bom e do melhor
testam tudo e todos

Depois são abatidos
ou vendidos vivos
para deleite pessoal
de peçonhentas víboras.

segunda-feira, março 22, 2010

“Às vezes penso que eu assisto TV
como o cãozinho que olha o frango rodar
que mais e mais saboroso de se ver
aguça cada vez mais meu paladar...”
TELEVISÃO DE CACHORRO, Pato Fu

O público já está adestrado como um cachorrinho: todo domingo, das 18 ás 19h, ocorre o mesmo programa de índio, para alegria das tribos interessadas. Transmitido pela TV Cultura, Marcos Palmeira apresenta A’Uwe desde 1º de julho de 2008.

Nome muito bem escolhido: significa “povo indígena” em Xavante - tribo com a qual o ator, empresário e apresentador tem especial convivência. Todo domingo exibe documentários sobre as diversas etnias indígenas espalhadas pelo Brasil além de produções sobre povos nativos do mundo todo.

No último domingo contou-se um pouco da história de Chico Mendes, que desde 1988 queria implantar o sistema de plantação extrativista para facilitar e unir a vida de índios e seringueiros do Amazonas. Se a idéia foi dada há tanto tempo, por que o sistema até hoje não foi implantado? Política. Fazendeiros mandaram matar Chico Mendes na porta de casa, em frente mulher e filhos. Hoje os assassinos cumprem prisão domiciliar.

Chico Mendes é de um tempo em que os fazendeiros exploradores do látex não colocavam escolas em suas propriedades para não dar o menor poder a seringueiros. Filho de seringueiro, Chico Mendes conseguiu mudar o cenário tão árido em que nasceu. Vieram as escolas, porém não a completa união entre seringueiros e índios. Entretanto o pior obstáculo para a existência de reservas extrativistas não são prováveis rixas entre seringueiros e índios, mas os proprietários de terras que insistem em derrubar a floresta amazônica para criar pasto para gado.

A história de Chico Mendes foi apresentada por tabela, o principal assunto do programa naquele dia eram as crianças da Amazônia. Começou mostrando crianças índias que praticam a língua nativa na aldeia e vão para a escola aprender as matérias em português. Crianças bilíngües na própria terra natal. Estranho? Para elas é simplesmente mais do que normal.

A’Uwe, o programa de índio de domingo, prova que a televisão tem sim programação para todos os gostos.

Mais do mesmo em:
http://www.tvcultura.com.br/auwe

“Mas meu cachorro nada vê na TV
e é aí que eu vejo o burro que o bicho é
a tela plana não deixa ele perceber
a propaganda bacana de frango.”

segunda-feira, março 15, 2010

“Eu sou o negro gato de arrepiar
essa minha vida é mesmo de amargar
só mesmo de um telhado
os outros desacato
eu sou o negro gato...”
Negro Gato, de Luiz Melodia

Com dois metros de altura ele não precisava de telhado algum pra impor sua presença. Precisava de músculos, e conseguiu em um ano com muita disciplina e exercício para exibir-se do alto de seu ego.

Para essa fera felina, sutileza é desperdício de tempo. Ataca direto e reto, nada de brincar com a vítima. A natureza dessas panteras negras é bruta e letal. Paralisa qualquer um, presa ou não.

A ninfa desavisada não tinha medo de bicho: encarou o gato grande sem saber que estava sendo observada fazia tempo. Ataque desconcertante e quase paralisante, a suposta presa consegue escapar mas... a beleza natural daquele animal a fez voltar. Colocou o bichano pra dançar antes de oferecer carne crua da boca e um pouquinho de carinho. Nos braços quentes e macios do gato não havia perigo algum.

O tempo fechou. Uma princesa sumiu, e o trovão fez a fada colocar o bicho para procurar quem desapareceu. A idéia fixa de resgate deixou a ninfa elétrica e sem coração: nada do que o gato agora fazia a acalmava ou desviava sua atenção. Cansada da procura, ela parou para dançar outra música com seu gato. Logo em seguida um novo trovão noticiou o final da chuva de verão: encontraram a princesinha. A felicidade foi tamanha que a ninfa despediu-se do felino feito um raio antes de voltar pra corte.

Na noite seguinte a fada descobriu que o que julgara ser um simples gato era na verdade uma pantera negra imponente. Uma perigosa pantera que trouxe seu bando perto de seu reino encantado. Indecisa se queria ou não brincar com seu bicho assustador, ela resolveu não encara-lo. A pantera atacou: vai fugir de novo?

O olhar atônito e confuso da ninfa denunciou sua mente ainda indecisa, formando um plano de ação enquanto as garras da pantera a envolvia. Ela levou seu bichano a uma distância segura do reino. Queria poder vigiar e ser vigiada. Decidiu brincar com sua pantera, mas não tanto quanto o bicho gostaria.

Felizmente fadas sabem falar com animais: a pantera entendeu que naquela segunda noite a ninfa queria apenas dançar com sua turma e respeitou tal vontade. Ao voltar para os seus, a fada finalmente reparou a crueldade que fez em não retribuir a ajuda que a pantera ofereceu noite passada. Nessa hora a história já havia acabado. O bando da pantera sumiu, e ninguém saiu machucado.

segunda-feira, março 08, 2010

Unidos da Tijuca - Samba-Enredo 2010

Compositor: Julio Alves, Marcelo E Totonho

(É segredo)

Desvendar esse mistério
é caso sério, quem se arrisca a procurar
o desconhecido, no tempo perdido
aquele pergaminho milenar
são cinzas na poeira da memória
e brincam com a imaginação
unidos da tijuca, não é segredo eu amar você
decifrar, isso eu não sei dizer
são coisas do meu coração
Eu quero ver esse lugar
que o próprio tempo acabou de esquecer
meu deus, por onde vou procurar
será que alguém pode me responder
Quem some na multidão
esconde a sua verdade
imaginação, o herói jamais revela a identidade
será o mascarado
nesse bailado um folião?
A senha, o segredo da vida
a chave perdida é o “x” da questão
cuidado, o que se vê pode não ser... Será?
Ao entender é melhor revelar
no sonho do meu carnaval
pare pra pensar, vai se transformar
ou esconder até o final?
É segredo, não conto a ninguém
sou tijuca, vou além
o seu olhar, vou iludir
a tentação é descobrir




PSIU!

Conta pra mim!
Guardo qualquer segredo, importante ou xinfrim
sei guardar, pode confiar
quando esquecer que é segredo, ainda assim não vou falar
segredo alheio é fácil eu guardar
segredo meu - aí é triste
quase não existe,
não sei separar
espalho pra todo lugar
segredos insanos, que fazem o ouvinte gargalhar
depois de escarnecer, ele vai esquecer

No cimento do esquecimento
assentado em todo chão
despido de ilusão
exposto à multidão
repousa meu segredo secretado
escarrado, pisoteado, desfigurado

Já não sei mais se é
ficou alí o que era pra ser
meu segredo não tem medo
qualquer um consegue ver
meu segredo tem é chave
precisa saber entender.