terça-feira, janeiro 17, 2017

sábado, janeiro 14, 2017

Águas de São Pedro


Como já havia pago a última pousada e estava morrendo de saudades do grupo, fui para Águas de São Pedro espera-los na Casa de Santiago.
Acordei 4 da manhã, além de colocar muitas coisas na mochila no dia da saída (hoje tinham remédios, coisas para os curativos do pulso e protetor solar fator 70), precisava preparar meu café. Meu café da manhã foi e geralmente é simples: um copo de leite frio, 5 bolachas de maisena hoje com purê de maçã (lembra do Apfelmuss? Acabou hoje.) e uma banana. Logo que entro na cozinha começo o dia tomando remédio e colocando água e pó na cafeteira. Quando acordo primeiro faço meio litro de café para meus pais tomarem, eu não bebo nada. Hoje tinha sobra do suco natural de ontem: abacaxi, hortelã e limão.
Meu pai me levou ao metro, tomei ônibus às 6h30. 9h20 o grupo se perde numa colina e pede socorro pelo Whatsapp. Nessa hora acabo de desembarcar em Águas de São Pedro e sugiro procurar rota para a cidade no Google Maps. Felizmente quem os ajudou mesmo foi Palma.
10h chego no horto Casa de Santiago e não encontro ninguém. Abri o portão, entrei com os visitantes, vasculhei o parque e o altar com Santiago e São Francisco. Minha ideia era esperar o grupo, mas Palma sugeriu encontra-los no caminho e James, voluntário desde novembro de 2015, me levou de carro até os pinheiros próximos da fazenda São Jorge. Encontrei o grupo e caminhamos juntos os últimos 4Km. Eles já haviam comido frutas e tonado suco na Nuvem que os voluntários fizeram alguns quilômetros antes. Eu passei na rodoviária com James e lanchei uma esfiha e uma paçoquinha. Nesses 4 Km soube que eles começaram a caminhar 7h45. Precisaram esperar pra sair porque precisa tomar uma balsa para atravessar o rio. Sair com o sol já “alto” castiga o peregrino.
Osvaldo estava louco para encontrar Delícias do Milho, a lanchonete de beira de estrada que também carimba o passaporte. Provei um pedaço da pamonha que ele e Guerino pediram, provei suco de milho da Silvana, tomei uma Sukita laranja de canudinho. Enquanto caminho não tenho fome, tenho sede. Depois de Delícias do Milho Osvaldo e Guerino passaram a andar mais na frente, depois eu e Silvana, por último Edward. Ele foi o ultimo a chegar no altar da Casa de Santiago, onde Palma fez a cerimonia de entrega da Aris Solaris. Edward demorou a chegar porque esqueceu o celular no caminho e precisou voltar para buscar.
A cerimônia de entrega da carta atestando a conclusão do Caminho do Sol é um grande momento de alegria. Palma explica cada elemento da carta, e no final você escolhe quem a entrega para você. No meu momento expectadora, surpreendentemente entreguei a Aris Solaris para Edward. Como se não bastasse isso, por percorrer o caminho 5 dias com os pés e os outros 7 com o coração, recebi minha Aris Solaris de Silvana.
No meu depoimento falei que aprendi a ler mais os sinais do mundo, e agradeci a companhia da turma, que foi muito, muito boa. O engraçado é que era a única no início certa que terminaria o caminho e completei os últimos sete dias com a emoção, não com os pés.
Foi bom tomar uns tombos, na próxima jornada estarei mais bem preparada. Hoje já usei camiseta de manga comprida com FPS 50, chapéu de poliamida e protetor solar 70 no rosto, pernas e mãos. Ano que vem saio de Elias Fausto e concluo de fato o caminho. Conhecerei outras pessoas, viverei outra aventura. Preciso passar pelo Caminho do Sol dessa forma, não da que planejei anos atrás. Essa é a grande marca que levo do caminho.
Garanto desde agora: quando voltar ao Caminho do Sol, mais abobrinhas brotarão no meu sitio virtual.

segunda-feira, janeiro 09, 2017

São Paulo


As bolhas de ontem eram queimaduras de terceiro grau. Depois da missa em Elias Fausto fui ao pronto socorro da cidade e descobri. Uma semana de curativos 3 vezes ao dia devem resolver. O meu erro: protetor fator 30 para caminhar sob sol por 3 a 6 horas. O mínimo para esse caso seria fator 70.
Faltou camiseta de manga comprida com proteção solar, faltou mais preparo físico para caminhar mais depressa e ficar menos tempo sob o sol escaldante do verão. Não posso continuar, não conseguirei andar enfaixada nas árduas condições do caminho, mesmo já tendo cumprido o dia de percurso mais longo. Hoje seria dia de chegar na metade do caminho, desisti antes. De manhã eles partiram rumo a Capivari, eu fui rumo ao pronto socorro fazer mais um curativo e voltar pra São Paulo de onibus.
Porém foram as melhores férias que já tive. Parecia que vivia numa bolha onde só importava chegar inteira em outro lugar. Então tomar banho, lavar roupa, comer, e passar o resto do dia descansando e jogando conversa fora pra no dia seguinte acordar o mais cedo possível, fazer um senhor alongamento, tomar café (posso tomar um copo de leite frio?) e apreciar a natureza ao redor , cumprimentar quem cruzava nosso caminho, dizer até onde vamos a pé... Fui até Elias Fausto para ser abençoada.
Abençoada em conhecer um grupo de quatro malucos que tem tudo pra concluir a jornada em Águas de São Pedro. Se todos os malucos fossem da categoria de nós cinco, o mundo seria um lugar bem melhor. O que cada um vai ou precisa aprender, não faço ideia. Aprendi a ter mais calma, não desconfiar nem esperar que o futuro chegue logo. Confiar na providência divina depois de fazer minha parte. Não tem nada errado, tudo acontece quando precisa acontecer. E eu preciso cuidar dos meus braços pra poder abraçar o mundo e dizer que ele é bão, Sebastião.
Algum dia ainda entenderei como no Caminho do Sol me sentia totalmente recuperada e pronta para um novo dia depois de quatro horas de sono. Quem sabe outro ano complete o caminho pela mesma sede de aventura solidária que me impulsionou nesses cinco dias. Quem sabe encontre motivos mais nobres, urgentes, filosóficos, existenciais, esotéricos...
Enfim, a valente e destemida Tartaruga Touche ainda não está pronta para cruzar o oceano e aventurar-se em solo estrangeiro. Hora de remendar a carcaça com pulsos firmes.

domingo, janeiro 08, 2017

Elias Fausto


Hoje o dia prometia ser hiper tranquilo: 14 Km de planície, caminho praticamente reto, sem nenhum desvio.
O lado negativo era que descobri que o que achava que era uma unha comprida demais me incomodando no pé direito revelou-se uma bolha no dedo anelar do pé. Ontem comprei e usei hidratante com Aloe Vera nas partes queimadas de sol: braços, atrás dos joelhos, início do pescoço e da nuca (formando as marcas das golas das camisetas), e orelhas. Porém hoje cedo ganhei dois conjuntos de bolhas nos pulsos. Solução: protetor solar em abundância nas áreas mais vermelhas.
Porém ontem um amigo do Osvaldo foi buscar algumas coisas que ele queria mandar pra casa. Ele ofereceu esse “serviço de envio” para quem mais se interessasse e aceitei o favor embalando meu casaco corta vento e minha blusa fleece. Essas coisas só ocupam espaço na mochila de quem caminha no verão. Hoje de manhã Osvaldo disse que seu amigo nos encontraria na pousada seguinte para conhecer a turma, porque chegou muito tarde. Então perguntou se alguém queria que a mochila fosse levada para a próxima pousada. Pensei um pouco e aceitei, seria bom levar só os 2 Kg do meu cantil como bolsa, fora do meu pescoço. Pra completar o dia de princesa, Guerino teve pena das minhas bolhas nos pulsos e me emprestou uma de suas blusas de manga comprida que protegem do sol, e mantém um pouco da umidade do suor, deixando uma sensação fresca e possibilitando que se caminhe mais confortavelmente, quiçá até mais rápido.
Saí 6h30 e cheguei 9h30, fui a terceira do grupo a chegar. Osvaldo me alcançou depois de 1 hora de caminhada. Quando a tartaruga tira o casco rosa - juro que prefiro laranja, mas só tinha essa cor quando comprei - consegue até reparar que tem fazenda de parreira no caminho.
Foram 14 Km de um passeio no parque. Quando chegou o asfalto, parecendo um tapete, desfilei usando blusa branca combinando com o boné, shorts de pescaria, cantil e cajado, que conversavam com a última tendência de moda que é bota preta de cano baixo estrategicamente coberta de terra e meia coolmax cinza até o meio da canela. Tudo porque ontem comentei que comecei a repetir roupa. Quer coisa mais deselegante numa viagem tão chique quanto o Caminho do Sol?
Amanhã serão 21 Km até Capivari.

Salto, 7 de janeiro de 2017


Enfim chegaram os temidos 28 Km.
Na noite anterior pedimos para Rute nos servir o café da manhã de hoje às 6h. Ela aceitou porque somos um grupo pequeno, não é necessário preparar muita coisa. Porém avisou que se aparecêssemos 6h10 ela iria ralhar conosco. Atravessei o breu entre o quarto coletivo e a cozinha com a lanterna do carregador solar, 5h45 apareci com mochila e tudo. Silvana veio 5 minutos mais tarde e começamos tomar café. Os rapazes chegaram aos poucos, o ultimo foi Edward. Ele achou um comprimido que perdi no quarto enquanto me arrumava para sair. Como já havia terminado de tomar café, peguei o comprimido e parti sob um nascer do sol lindo. Fiz isso porque sei que sou a mais vagarosa do grupo, cedo ou tarde todos me passariam. Me despedi dizendo que a gente se encontrava no caminho.
Para não me perder nem sofrer por ansiedade, me concentrei nos pontos marcantes do caminho. Memorizava um ou dois e caminhava esperando que chegassem. Silvana, Osvaldo e Guerino me alcançaram antes do primeiro ponto.
Meus tornozelos resolveram doer. Primeiro achei que o cano da bota estava muito folgado, apertei. Aproveitei a parada e fotografei a primeira vista de Salto. Um tempo depois achei o tornozelo esquerdo muito apertado, ajustei novamente a bota. Pouco tempo depois os três me alcançaram.
Ao entrar na cidade perguntei a um morador se havia alguma farmácia na rua Japão. Ele respondeu que não, porém indicou uma duas quadras à esquerda do primeiro farol. Lá comprei hidratante com Aloe Vera, pois na noite passada meu braço começou a arder por tomar muito sol. A localização da farmácia é privilegiada: em frente há uma loja de salgadinhos, doces e bebidas onde tomei iogurte de pêssego e outro de morango. Voltei ao caminho 9h25.
Os pontos do caminho passavam, e nada do Edward me alcançar. Sabia que ele tinha saído por último, mas comecei a desconfiar que houvesse desistido. Não faria muito sentido. Deixei a ideia de lado e continuei caminhando.
No Bar do Pedro carimbei o passaporte e tomei Fanta Maçã Verde de canudinho, pra demorar mais. Um cliente do bar disse que o trio que chegou primeiro ficou 5 minutos no bar e já estava mais a frente. Aproveitei a parada e passei protetor solar pela terceira vez no dia, a segunda foi no banheiro da farmácia. Também olhei o grupo de Whatsapp e li a mensagem de Edward dizendo que hoje ele faria uma caminhada mais contemplativa. Quando saia do bar ele chegou, rapidamente pegou o carimbo e tomou cerveja. Aproveitei para cumprimenta-lo e tirar foto com o mais novo símbolo sex do grupo. Hoje ele tornou-se Sex-agenario.
Caminhamos juntos os últimos 4 Km do caminho e chegamos na Chácara San Marino 13h30. Ganhei um escalda pés e tomei um suco verde maravilhoso. Osvaldo, Silvana e Guerino já se encantavam com o almoço caseiro, enquanto almocei eles se maravilhavam com as sobremesas. Surpreendentemente Dona Orlandina ainda ofereceu café.
Eu não exagerei no almoço, dispensei a sobremesa – já havia comido o suficiente – e enchi a cara de suco: um terceiro copo de suco verde, outro de limonada, o último de maracujá.
Resumindo: o percurso mais longo foi o mais tranquilo de todos.

P.S.: Peço desculpas e esclareço que esta abobrinha não foi postada ontem porque não havia um bom sinal de internet na Chácara. Até mesmo telefonar estava difícil. Porém o acolhimento e local da Chácara San Marino são tão ótimos quanto a comida.


sexta-feira, janeiro 06, 2017

Itu



Hoje saímos todos juntos pela primeira vez, todos os 5, às 7h. Guiados por Bob Berne, funcionário mais antigo da pousada, famoso porque teve 11 bernes em seu corpo negro, magro, baixinho e peludo. O auxiliar do veterano de 4 patas foi Caio, ele traduzia o que o cachorro indicava e até refrescou a memória de Bob quando ele quis nos guiar por outro caminho. Também participaram da trilha alguns hóspedes da pousada, turma de 20 e poucos sonolenta pela noite passada. A trilha foi emocionante, acelerou meu coração como em tempos memoráveis em que eu não sabia que tinha arritmia cardíaca. Nos despedimos da turma do hotel na estrada.
Logo percebi que o passo da Tartaruga Touche é difícil de acompanhar, quando cheguei próximo ao viaduto não havia nem sinal dos outros. Olhei o guia, tomei o caminho certo, segui as setas.
Gostei quando a estrada de terra começou, mas no meu passo o Armazém do Limoeiro demorou a chegar. Encontrei a turma lá, que disse que Débora ainda carimbava o Passaporte do Sol. Além de contar que eles pararam de funcionar em 16/10/2016 (há 2 meses praticamente), e encheu meu cantil. Perguntou se me perdi, respondi que ando de vagar (porque já tive pressa e levo esse sorriso porque já chorei demais). Quando voltei na varanda para lanchar eles já haviam ido embora. Enxuguei o suor, passei protetor solar, lanchei e pouco depois precisei usar o banheiro. Iracema, vizinha que mora numa casa sem luz em todos os cômodos, me salvou. Ela tinha um banheiro com papel, lixo e descarga. Quase esqueci cantil e cajado na casa dela.
Pouco tempo depois confundo X com seta e quase subo uma ladeira se um rapaz na caminhonete não me avisa. Vi maritacas em bando voando sem sentido – uma falta de objetivo muito divertida. Vi gavião, tico tico, passei do outro lado da estrada para não assustar o pavão macho bonitão e depois de muito sol chego na fazenda Capuava. Demorei um bom tempo para encontrar a primeira placa indicando o Haras do Mosteiro – 2 Km além da fazenda Capuava. Depois que encontrei a área do canavial quase entrei nas ruas de cana 2 vezes. Na primeira um tratorista indicou onde estava a estrada principal, ele não conhecia a pousada. Na segunda parei numa bifurcação, procurei sinais, tirei fotos e mandei pro grupo de Whatsapp pedindo ajuda, tentei ligar pra organização do caminho (Saldo insuficiente para chamadas? Meu celular é de conta!? Segundo chip; esse número não existe.), liguei e pedi pro meu pai ligar pra organização. Ele tentou até celular de colegas de caminhada e deu fora de área. Nesse meio tempo olhei o Google Maps e pesquisei o destino: descobri que estava a 1,5 Km da pousada, precisava só seguir em frente. Pouco tempo depois achei a seta indicando a direita.
Perto? Não! Ainda tive dúvidas mas continuei adiante, parei um carro e perguntei pela pousada – o motorista não conhecia. Cheguei 14h45 desesperada para ir ao banheiro, e preocupada se minha roupa secaria. Osvaldo me deu a água gelada que ele havia pedido. Todos já haviam tomado banho e almoçavam. Renata me recebeu muito bem, comida simples e saborosa, suco de melancia sem açúcar nem adoçante espetacular.
Agora o tempo fechou mas ainda não choveu. Amanhã quero sair cedo, serão 28 Km. E a lição do dia é: caso se perca e não encontre ninguém pra perguntar nem sinal algum do caminho, use o Google Maps. Em Santiago ele também te salva.

quinta-feira, janeiro 05, 2017

Cabreuva


“Hoje o percurso foi muito bom apesar de ser no asfalto, muitos trechos com sombra de árvores, sons de passarinhos.
O tempo também ajudou, nublado, o sol só abriu depois das 10:30h.
Saímos por volta das 6:40h do Hotel Casarão, exceto o Osvaldo que saiu bem mais cedo.
Eu e o Guerino chegamos na Pousada Colinas às 12:28h, a Silvana e a Alexandrina chegaram por volta das 13:30h.
A Tatiana e o Caio, da pousada, ficaram surpresos, pois normalmente os peregrinos costumam chegar após às 15:00h.
Mas deixei bem claro, não somos atletas mas sim peregrinos bem preparados fisicamente para este tipo de esforço.”
Edward Luiz Silva
O grupo se separou. Osvaldo saiu 5h45 sem tomar café, Silvana e eu saímos 6h30, Guerino e Edward saíram pouco depois. Guerino nos alcançou rapidamente, no Portal do Romeiro em Pirapora. Ao lado havia uma placa escrita “Mirante do Caminho do Sol” e indicando a esquerda. Onde está esse mirante não faço ideia, tirei foto no Portal do Romeiro e fui até o Mercado do Ivo procurando essa coisa. Nesse caminho havia uma paisagem com rio entre montanhas linda, valeu pelo mirante que perdi.
Guerino logo seguiu caminhando mais a frente, perdemos ele de vista. Pouco depois Edward nos alcançou e nos acompanhou até a mina d’água, onde encontramos Guerino. Depois de encher as garrafas eles seguiram na frente enquanto Silvana esperou eu passar protetor solar novamente pois tinha suado muito. Nesses dois dias me surpreendi com o quanto suo nas mãos. Mas não passei protetor nelas, sim no rosto, pescoço, braços e pernas.
Antes de nos separarmos de Edward fiquei animada ao ver uma placa verde com algo escrito, estava crente que informaria algo sobre o mirante; me decepcionei ao ler “Volte sempre a Pirapora e que o Bom Jesus te acompanhe.”. Nessa hora estava por último, mais afastada de Silvana e Edward, então comentei “É, Bom Jesus, me acompanha!”.
Depois da mina vimos Edward e Guerino somente no Mercado do Ivo, ponto de parada para pegar carimbo e fazer algum lanchinho. Eles saíam quando a gente chegava.
Descobri que a melhor forma de carregar o passaporte no bolso é no meio do guia, com o guia fechado. Carreguei guia aberto, passaporte do lado e celular por cima: quando fui entrega-lo para ser carimbado no Mercado do Ivo ele estava ensopado de suor. Isso ocorreu entre 10h20 e 10h30. Silvana e eu compramos um pequeno lanche. Ela comeu em pé porque tinha medo de tirar a mochila e demorar a encontrar o ritmo da caminhada novamente. Depois ela resolveu escutar música e disparou na frente.
Antes do mercado o caminho é super agradável, muito verde, pássaros, sombra. Depois do mercado a estrada passa a receber mais sol. Nesse percurso passo a ver Silvana no horizonte. Depois ela some e quando chego no ponto em que ela sumiu ela está novamente no horizonte. Um ciclista com mochila pergunta se estou fazendo o Caminho do Sol, quantos somos, qual a próxima parada. Respondo e descubro que ele e a esposa também percorrem o Caminho do Sol, a próxima parada deles é Elias Fausto. Ele se surpreendeu em saber que estamos no segundo dia, eles estão no primeiro e partiram de Pirapora. Encontramos muitos ciclistas e caminhantes depois do Portal dos Romeiros e antes do Mercado do Ivo. Mas esse casal de ciclistas peregrinos encontramos depois do mercado.
Chega a hora em que chego no ponto em que ela sumiu e não a vejo nem no horizonte. Hora de conversar com meu anjo da guarda. Temos conversado pouco ultimamente. Penso que mereço o troféu Tartaruga Touche: a valente peregrina que chega por último. Meu joelho não deixa apressar o ritmo: não doeu nos primeiros 50 metros, mas depois reclamava a cada subida e descida.
Silvana me esperou no letreiro de Cabreuva para tirar foto. Seguimos até a igreja mas encontramos a secretaria fechada. Perguntei no grupo de Whatsapp se precisava esperar ela abrir para conseguir o carimbo. Osvaldo aconselhou seguir para a pousada, faltava 1Km para chegar e o almoço estava quase pronto. A secretaria abriria novamente 13h. Como a igreja é fresca e faltavam 20 minutos pras 13h, escolhi esperar enquanto Silvana seguiu para a pousada. Ainda tinha muita água no cantil e balas de banana no bolso – no caminho só comi uma e ofereci outra a Silvana. Aproveitei os minutos de espera para passar mais protetor solar e ajeitar a mochila, que estava folgada no quadril. Meia hora depois de conseguir o carimbo estava na pousada.
Os meninos já haviam tomado banho e esperavam o almoço. Osvaldo não visitou a igreja e quando Guerino e Edward passaram por lá o horário de almoço havia começado. Ou seja: só a Tartaruga Touche aqui conseguiu o carimbo antes de chegar na pousada. Depois do almoço Silvana voltou à cidade para ir ao banco e carimbou o passaporte dela e dos outros também.
A pousada Colina em Cabreuva tem piscina, campo de volei de areia, diversos chalés. Oferecem escalda pés e água gelada quando chegamos, carregam nossas mochilas e cajados, um verdadeiro hotel. As bebidas e sobremesa do almoço são pagas à parte se você quiser algo além de água. Experimentei cerveja sem álcool, coisa que não faço há anos, e constatei que continua amarga e forte. De sobremesa provei Apfelstrudel. Lembrei dos meus pasteis de maçã e do purê de maçã (Apfelmuss) que fiz pouco depois do natal.
Provavelmente será a estadia mais cara do caminho, mas depois de encarar 25 Km com o joelho reclamando, ser informada de que cheguei 2h30 antes da maioria dos caminhantes, mereço esses luxos.
Ah! Sobre meu joelho esquerdo: passei Cataflan nele depois do banho, enquanto escrevo ele não dói, mas se movimento um pouco ele mostra o ar da graça. Meus ombros doem, preciso ajeitar a mochila de outra forma amanhã. Última descoberta: você PRECISA lavar a cabeça todos os dias, sol, suor e poeira deixam os cabelos super espigados.
Amanhã enfrentaremos 23 Km de planície rumo a Itu. Seremos obrigados a sair todos no mesmo horário pois um guia da pousada nos levará pela trilha dela em mata fechada. Tudo ótimo fazer trilha em mata fechada com guia, o problema é que a trilha tem subidas íngremes e meu joelho não vai gostar. O remédio? Cataflan, Ibuprofeno e muito descanso.

quarta-feira, janeiro 04, 2017

Pirapora do Bom Jesus


Osvaldo saiu 6h para fotografar um belo nascer do sol no caminho e chegar na pousada Casarão 8h. Sem problemas, ele já percorreu 2 caminhos de Santiago antes de encarar o do Sol – está fazendo as rota inversa. Ele também viaja bastante, inclusive para o exterior. Em matéria de viagem sou a mais humilde do grupo, que nunca saiu do Brasil nem conhece muitos lugares. Osvaldo tem descendência italiana e alemã, nasceu em Santa Catarina, mora em São Paulo, é formado em fisioterapia e estuda medicina chinesa.
Nós, os quatro mosqueteiros restantes, saímos 7h e 10h50 já estávamos nos quartos da pousada seguinte. Márcio, dono da pousada, disse que caminhamos em ritmo de veteranos! Foram 15 Km (mais precisamente 14,9) em 4h. Fazendo as contas nossa velocidade média fica 3,75 Km/h, o que não é nada mal. Normalmente os peregrinos chegam 12 ou 13h na pousada.
O percurso foi praticamente só asfalto. Atravessamos terra e mato somente antes de entrar em Pirapora, quando passamos pelo morro do cruzeiro que dá vista para a cidade e o mosteiro, que hoje ainda pertence a uma entidade religiosa mas funciona como centro de reabilitação de dependentes químicos. No morro paramos para fotografar e beber água. Falando em água, quase esqueci meu cantil antes de partir de manhã. Também fui a que mais demorou para se arrumar, e depois demorei no alongamento.
Pouco antes de chegar na igreja da cidade tem uma sorveteria onde fomos (todos os 5) depois do almoço. Muitos gostaram do sorvete de abóbora com coco, eu me decepcionei com o sabor forte do de menta (esqueci como era) mas gostei muito do de ameixa. Quem pagou tudo foi Edward, pois achou uma nota de 50 no meio do caminho. Sim, ele achou dinheiro no acostamento da estrada, enquanto procurava apoio para o cajado ao andar na grama.
Outro feito nosso foi subir o Morro do Cala a Boca conversando. Eu vou sempre quieta observando, nem fotografo muito, mas conseguimos. Quando passamos por garis cortando a grama do acostamento olhei pra trás e não vi Edward, sugeri a gente parar e espera-lo. Uma curiosidade do caminho são as cruzes das estações da Via Sacra. Quando finalmente decidi parar para fotografar uma, a bateria do meu celular havia acabado. Lição do dia: quando chegar na pousada coloque o celular para carregar a bateria, não importa quanto ele tenha de carga.
As dores do caminho: meu pulso esquerdo começou a doer bem no início, mesmo partindo sem relógio nele. A solução foi segurar o cajado com a mão esquerda para que o pulso não ficasse para baixo. Meu quadril esquerdo doeu não sei quando, meu joelho esquerdo mostrou que existe principalmente na descida. Passei Cataflan no joelho quando voltamos para a hospedaria para descansar. Ganhei uma pequena bolha no indicador direito que já estourou no caminho devido ao jeito com que pego a coisa. Nada que um bandeide amanhã não resolva.
A pousada Casarão serve jantar somente para grupos com no mínimo 10 pessoas, Márcio nos indicou uma padaria próxima que serve lanche quente até 19h15. Depois eles precisam lavar a chapa. Tem tv no quarto mas o pessoal quer mais curtir o silêncio e dormir. Tv foi a última coisa que reparei no quarto.
Amanhã serão 25 Km até Cabreuva, a maioria em terreno plano. A distância assusta, ofereceram carro de apoio, mas quero o mérito de caminhar com o peso que tenho. Não é o peso da bagagem que quero deixar, é o peso do meu corpo.

terça-feira, janeiro 03, 2017

Santana de Parnaiba, 3 de janeiro de 2017


Minha mochila pesa 5,5 Kg, meu cantil tem 1,9 litros, posso arredondar seu peso para 2 Kg, logo, durante os próximos 11 dias carregarei 7,5 Kg. Antes de sair de casa eu pesava 81,4 Kg, portanto o maior peso que carrego está dentro do meu corpo. Ficarei feliz em deixar boa parte desse peso interior no Caminho do Sol.
Cheguei no ponto de partida, a primeira pousada, às 15h. Edward já havia chegado, esperei os outros 3 peregrinos. Ao sair para comprar 5 Kg de alimentos não perecíveis percebi que é melhor andar com as moedas no bolso. Meu pai fez tanta pergunta para seu Manuel e seu Paiva na hospedaria que eles pensaram que ele também caminharia. Paiva é copeiro e deu 10 anos a menos para meu pai, ficamos felizes.
Edward tem 60 anos e já percorreu diversos caminhos, inclusive o Caminho do Sol em 2007. Disse que nesses 10 anos o caminho mudou, ao menos as pousadas. Dos caminhos de Santiago ele já percorreu o francês e o português, sobre o caminho de Madrid ele ouviu que é mais caro, pois não pertence à Xunta de Galicia, além de ser mau sinalizado. Ano que vem ele pretende percorrer o caminho Aragonês, está se preparando com o do Sol. Também percorreu o Caminho da Fé 2 vezes, falei que é o próximo da minha lista. Tanto Edward quanto Paiva disseram que o peregrino geralmente é idoso. Idosos ativos. Realmente os números não mentem, não é de hoje que a tv noticia que idosos e crianças são os brasileiros que mais se exercitam. A juventude é sedentária. Fico muito feliz em constatar que estou criando ideias e hábitos de idosa: cuidando do corpo e me aventurando pelo mundo.
O terceiro a chegar foi Guerino. Veio de Sorocaba embora more em São Paulo, costuma viajar, mas está na primeira peregrinação. Se preparou caminhando 5 a 6 Km diariamente nos últimos 2 meses. Normalmente viaja com a família: tem 3 filhos, 2 do primeiro casamento e uma do atual. Já visitou a Europa com a esposa, passou por Portugal, Espanha e Itália. Visitou Santiago de Compostela de carro e surpreendeu-se com o fato de ser uma cidade moderna, com diversas universidades, mas o centro foi preservado como cidadezinha medieval.
A quarta a chegar foi Silvana, uma professora loira de Santo André, mãe de duas filhas, que tinha intenção de fazer o Caminho de Santiago com o marido. Ele partiu e agora só pode acompanha-la em espírito. Nos últimos meses ela também treinou caminhando ou correndo todos os dias.
Osvaldo é o quinto caminhante e chegou 21h50, não encontrou Palma para receber as orientações iniciais.
Por volta das 20h Palma nos recebeu e contou sobre o caminho, mas o melhor mesmo foi nos ensinar como funcionam nossas mochilas, como ajusta-las no corpo. Também falou da importância do cajado e como é bom não ficar inventando com ele ao caminhar para não causar nem sofrer acidentes. Pouco antes do início da conversa soube que foi criado um grupo no Whatsapp com os caminhantes e o pessoal de apoio. Só então acessei a internet do lugar.
Paiva nos indicou pizzarias próximas, mas fomos jantar nas barracas atrás da igreja e apreciamos a decoração de natal da praça, que também tocava músicas natalinas.
Agora é ler o trajeto de amanhã e dormir.

segunda-feira, janeiro 02, 2017

“Pra ver

os olhos vão de bicicleta até enxergar
pra ouvir
as orelhas dão
os talheres de escutar
pra dizer
os lábios são duas almofadas de falar
pra sentir
as narinas não viram chaminé sem respirar
pra ir
as pernas estão no automóvel
sem andar...”

São Paulo, 13 de dezembro de 2016

Meu quadril ganhou uma bursite. Qualquer articulação pode ter bursite, que é inflamação das bolsas que ficam entre ossos e pele para que a pele não se desgaste ou rompa. Pesquisei e descobri que mulheres que correm sujeitam-se a desenvolver essa doença. O médico receitou antiinflamatório e compressa de gelo no local diariamente, por 15 a 20 minutos. O lado positivo desse contratempo é que quanto antes se começa a tratar de bursite mais chances de controla-la ou livrar-se dela.
Na semana seguinte à corrida não fui à academia. Durante esse tempo utilizei o brinde da primeira corrida que completei e ganhei uma massagem relaxante. O médico do exame clínico (tirei ultrassom do quadril) disse que é algo leve, não precisarei de meses para me reabilitar. Como vi que o antiinflamatório que o ortopedista receitou continha três tipos de vitamina B e diclofenaco sódico, tratei de sempre comer alguma carne ou outro alimento que tivesse esse tipo de vitamina nas refeições. Banana e leite no café da manhã tornaram-se sagrados.
Hoje retornei ao ortopedista e ele disse que como as dores não se agravaram não preciso de nenhum tratamento, caso a dor volte tomo antiinflamatório e faço compressa de gelo. Naas duas semanas entre uma consulta e outra fui à academia somente um dia, onde caminhei por cinco minutos no aparelho transport. Vez ou outra meu quadril lembra de doer quando ando. Não faço esforço nem pretendo fazer durante essa semana. Levarei o antiinflamatório na mochila, sobraram cinco comprimidos. Até a viagem, ao menos uma vez por dia, pretendo fazer exercícios de fortalecimento do quadril que a professora de educação física da academia mostrou. As dores que sinto não são frequentes nem intensas, por isso demorei para decidir a fazer os exercícios, vivo esquecendo.
Na preparação para a viagem preciso e tenho cuidado bem do corpo e da mente. Precisarei deles para viver a aventura de percorrer o Caminho do Sol. Pensando bem, o tempo todo é bom ter corpo e mente sãos na aventura da vida. Minha saúde física e mental não está perfeita, ainda tomo remédios e não tenho previsão de parar de toma-los, num futuro próximo as doses tendem apenas a diminuir. Isso significa mais coisas na mochila.
Para percorrer qualquer o caminho não é necessário ser perfeito, é necessário apenas dar um passo de cada vez. Planejamento e preparação ajudam muito, sem essas premissas o cansaço é maior e corre-se o risco de desistir durante o caminho.
No último final de semana finalmente comprei as meias super super, o último item de vestuário da mochila. Hoje comprei a corda. Possuo todos os itens, nessas três semanas finais organizarei a mochila.
Refiz os cálculos pois decidi tomar café em Águas de São Pedro com o idealizador do Caminho do Sol no dia seguinte à chegada. Contando as datas de partida e volta para casa, serão treze dias de viagem.
Listei as pessoas que convidarei a acompanhar minha viagem pelo blog e me surpreendi com a quantidade. Fiquei feliz em me dar conta de que gosto e convivo com bastante gente, espero que boa parte dessa turma aceite o convite. Quero que tenham um momento de distração durante o dia lendo coisas que não possuem relação alguma com a rotina que levam. Quero que leiam meu diário de viagem e comentem, quero que provem as abobrinhas verdes que produzirei no Caminho do Sol.

“E os ossos serão nossas sementes
sobre o sonho
e dos ossos as novas sementes
que virão”
O Caroço da Cabeça, Paralamas do Sucesso

domingo, janeiro 01, 2017

“Preso nessa cela

de ossos carne e sangue...”

São Paulo, 28 de novembro de 2016

Ontem cumpri minha segunda corrida preparatória. Percorri 6 Km no Parque Ecológico Tietê em 49 minutos, na terceira etapa da Corrida e Passeio Circuito Rios e Ruas Caixa 2016. Treinei certa de que cumpriria o percurso, só não sabia o tempo que levaria. Talvez não tenha me esforçado muito, o fato é que não consegui correr o trajeto inteiro. Larguei no maior gás, uma velocidade incrível impulsionada pela adrenalina da música clássica que tocava na largada, mas não consegui manter a velocidade sequer por um quilômetro. Comboios e mais comboios me ultrapassavam. Depois do primeiro ponto de água, no quilômetro 2,5, passei a andar. No quilômetro 3 voltei a correr mas pouco depois minha bacia começou a doer. Desde então passei a andar um bocado e correr até a dor ficar um pouco alta. Fiz questão de correr os últimos 500 metros. Tudo que soube ontem foi meu tempo ao olhar o cronômetro do pórtico de largada e chegada. A corrida foi muito bem organizada, embora não fornecesse tantos brindes gratuitos quanto a do McDonald's. Não havia separação para deficientes ou atletas profissionais, somente separação entre quem corria e quem caminhava. Caminhantes vestiam branco, não possuíam chip no tênis, percorriam 4 Km, enquanto a camiseta oficial para corredores era azul, usamos chip e tivemos 2 pontos de hidratação no percurso de 6 Km. Hoje consultei o site da empresa de cronometragem e descobri que precisamente meu tempo foi 49min e 11s, minha classificação na lista geral feminina foi 135, enquanto que minha classificação por faixa etária foi 132. São informações do certificado que baixei. 180 mulheres completaram a prova. Depois da corrida fiz piquenique no parque com meu namorado, em casa tomei Neosaldina, o que não aliviou minha dor.
Fiquei preocupada. Vai que essa dor na bacia piora e me impede de caminhar. Hoje caminho com uma dor leve, dói de verdade quando tento correr ou andar mais rápido, porém sequer na corrida fiz tanto esforço a ponto de sentir uma dor lancinante. Marquei ortopedista para amanhã de manhã.
Dos itens para viagem faltam: meias super super, corda, condicionador, protetor solar, necessaires para organizar as coisas dentro da mochila. Não quero me arriscar a ficar sem protetor solar, por isso comprarei um frasco novo para a viagem. Não levarei xampu, lavarei os cabelos somente com condionador sem produtos de origem mineral (sem pretolados), na técnica do co-wash.
Segundo relatos das blogueiras de beleza, o cabelho fica até mais saudável quando lava-se somente com condicionador e abandona-se produtos que contenham derivados de petróleo (silicone e parafina, por exemplo). O melhor de tudo é tirar um item da mochila e não precisar usar frascos menores em produtos de higiene. Como não frequento hotéis para receber frascos pequenos de xampu e condicionador de brinde, encontrar embalagens pequenas não é fácil. Lojas de esportes de aventura vendem tais coisas por um preço nada camarada se comparados com lojas de itens para fazer cosméticos. Mesmo morando numa metrópole, é difícil encontrar esses dois tipos de loja.
Na busca pelos itens da viagem aprendi a fugir de lojas de esportes de aventura. Até agora só comprei dois itens numa delas: a bota e blusa fleece. Preciso comprar ainda as meias super super. Em compensação, os outros itens comprei na internet, lojas de pesca e camping, e até loja esportiva. Consegui camisetas de poliamida participando das corridas, mas precisei comprar a terceira em loja esportiva.
De repente, faltando um mês para a viagem, meu corpo fraqueja. Minha bacia até ontem não tinha motivo algum para doer, mas resolveu reclamar de algo. Qual o problema com minha perna direita? Primeiro o joelho vez ou outra reclama do nada como sequela do atropelamento que sofri nos idos de 2002, agora minha bacia dói no lado direito realmente sem nenhum motivo e me força a andar mais do que a preguiça permitiria na corrida. Estou cronometrando, minha perna tem um mês e quatro dias para se reabilitar. Espero que minha cabeça e meu coração também não inventem de fazer alguma extravagância.

“Só espero a hora
em que o mundo estanque
pra me aproveitar do conforto de não ser mais ninguém”
Jesus numa Moto, Sá Rodrix & Guarabyra