Fim de ano assistindo vídeos no YouTube pelo celular, eis que conheço a plataforma e projeto Menos Um Lixo, da fluminense Fernanda Cortez. Achei interessante o Desafio Armário Cápsula, assisti toda a playlist.
Gostei. É fim de ano, quer tempo melhor para arrumar o guarda roupa e repensar a vida? Não busquei outras fontes e referências, a playlist foi minha base. Fiquei feliz em encontrar exemplos de armários bem coloridos, adoro cor. Meu guarda roupa é um arco íris bem organizado.
Porém calma, que não entrei com tudo. Não separei as 40 peças, talvez nem chegue nesse número. Não contei sapatos (dos 18 pares que tenho 3 são do uniforme de trabalho porém mal uso porque prefiro sapatilha e sandália rasteira), cintos, xales, cachecóis que passei adiante, chapéus, bolsas, roupas de praia, jalecos de manicure, roupas de peregrinação, roupas de uniforme (além das camisas com logo da empresa, uso calças sociais pretas ou azuis escuras, saias pretas até o joelho, camisas regatas brancas em baixo das camisetas da empresa). Depois de dois dias de limpeza no guarda roupa cheguei a 203 peças. O plano é limpar o armário uma vez por mês, eliminando certo número de peças em cada vez, até chegar a 70 em outubro de 2020.
Aproveitei a ideia de passar adiante o que mal uso e tirei bolsas, capas de chuva, bijuterias – vivo sem, acessórios de cabelo – ultimamente minhas madeixas só conhecem coque, rabo de cavalo e vez ou outra uma trança. 2020 me encontrará organizada e consciente.
Consciente de que sou perfeccionista, por isso tanta organização e generosidade, mais ação e menos reclamação para colocar a própria vida nos eixos. Sei que meu padrão de atitude e desempenho é alto, mas é só meu, aceito porque quero. Dou a quem convive comigo a liberdade de ser da maneira que bem quiser. Se as pessoas não sabem o que é melhor para si é porque não se questionaram o suficiente, não se conhecem.
Adoro me conhecer. Mas não sou o tipo que faz teste aleatório no Facebook, que pega seus dados a troco de frases bonitas. Me conheço tirando um tempinho para refletir cada dia. Convivendo com o próximo no cotidiano, peregrinando nas férias. Cuido da saúde para poder peregrinar, poder caminhar quilômetros e dias a fio.
Nunca fiz uma mala cápsula, dificilmente faço longas viagens de outra forma que não seja peregrinando. Em matéria de roupa, mochila de peregrina é pior do que mala cápsula: você anda com três mudas de roupa e uma camisa extra se quiser ficar elegante nas pousadas onde dorme. Viver com o essencial não é uma experiência nova.
O mundo não vai mudar de tamanho para acumularmos sempre mais coisas, meu quarto também não muda, os móveis que ficam nele já guardam bastante coisa. Guardam coisa até demais, sei que posso viver com menos itens e aproveitar mais a vida.
Não fiquei com as 70 peças logo de cara porque não sou tão ligada em roupa pra memorizar quais uso mais. Trabalho de uniforme, aos sábados sou manicure voluntária num asilo, frequento academia durante a semana. O que mais uso é legging e camiseta de algodão no tempo livre. Dificilmente saio, mas gosto de programas diurnos: trilhas, parques, museus. Cinema, teatro, show, barzinho, são lugares que dificilmente me interessam. Lugar pra conversar e se distrair pra mim é cafeteria, sorveteria, museu, centro cultural ou parque. Porém dificilmente saio, mesmo para ir nesses lugares que gosto. Incrivelmente está tudo bem, não reclamo da minha vida cultural e social diminuta. O problema é que ao analisar a vida que levo não me senti com base para reduzir drasticamente meu guarda roupa.
Com o passar do tempo pretendo fotografar meus looks e descobrir o que uso mais. As cores que ficam bem com minha pele sei desde 2017, quando fui modelo numa aula de maquiagem de um amigo professor. Com base nisso já limei muito bege, amarelo claro e tons pastéis do guarda roupa. Adoro cor, depois das aulas passei a usar e abusar delas na maquiagem, usando tons nude (os bons e velhos tons de pele) só quando tenho pressa ou quero uma cara de nasci linda.
Voltando ao guarda roupa arco íris, nele não entra decote nadador (a exceção é um vestido longo azul), alcinha, decotes profundos, frente única, saias e vestidos muito curtos.
Agora a dúvida é: qual mensagem quero passar com minhas roupas além de alegria e simplicidade? Tenho até mês que vem para descobrir e com essa informação limpar meu guarda roupa.
Por enquanto deixo aqui fotos da primeira grande limpeza e ponto de partida do desafio armário cápsula: meu guarda roupa com 203 peças. Tempos atrás estaria satisfeita com a limpeza de fim de ano. Agora a transformação apenas começou.
E você? Quer ser uma nova pessoa em 2020 aproveitando só o que trouxe de bom até 2019? Esse é o grande desafio do armário cápsula.
domingo, dezembro 29, 2019
sexta-feira, outubro 18, 2019
São Paulo
Hoje foi dia de voltar para casa no ônibus das 7h30.
Por volta das 6h um grupo de ciclistas passou no albergue e pegou as credenciais com seu Almiro, que abre a pousada 5h30 e fica até 7h30.
Qual foi minha surpresa em ler o cartaz na parede homenageando seu Almiro pela idealização do Caminho da Fé em 2013, quando a rota completou 10 anos. Foi um presente maravilhoso tomar café (hoje não caminho, então posso beber) com seu Almiro. Falei dos pontos positivos e negativos do percurso com a pessoa certa.
Ele contou que fui em baixa temporada e ainda escolhi um ramal que falta com as contribuições para a Associação de Amigos do Caminho da Fé, por isso os problemas na sinalização. Os meses mais movimentados são Janeiro e Julho.
De lembrança de Águas da Prata levo água da fonte municipal, meio quilo de Café Pratense e bolacha de goiabada. Caminhei 90 quilômetros para deixar um terço quebrado no Caminho da Fé e voltar com água, café e bolacha. Isso sem contar o pão de leite ninho que comprei a título de café da manhã e lanche de viagem.
Tem maluco pra tudo nesse mundo, e é de mais malucos como seu Almiro, Diego e os ciclistas das 6h de que o mundo precisa.
Por volta das 6h um grupo de ciclistas passou no albergue e pegou as credenciais com seu Almiro, que abre a pousada 5h30 e fica até 7h30.
Qual foi minha surpresa em ler o cartaz na parede homenageando seu Almiro pela idealização do Caminho da Fé em 2013, quando a rota completou 10 anos. Foi um presente maravilhoso tomar café (hoje não caminho, então posso beber) com seu Almiro. Falei dos pontos positivos e negativos do percurso com a pessoa certa.
Ele contou que fui em baixa temporada e ainda escolhi um ramal que falta com as contribuições para a Associação de Amigos do Caminho da Fé, por isso os problemas na sinalização. Os meses mais movimentados são Janeiro e Julho.
De lembrança de Águas da Prata levo água da fonte municipal, meio quilo de Café Pratense e bolacha de goiabada. Caminhei 90 quilômetros para deixar um terço quebrado no Caminho da Fé e voltar com água, café e bolacha. Isso sem contar o pão de leite ninho que comprei a título de café da manhã e lanche de viagem.
Tem maluco pra tudo nesse mundo, e é de mais malucos como seu Almiro, Diego e os ciclistas das 6h de que o mundo precisa.
quinta-feira, outubro 17, 2019
Águas da Prata
O nome do único peregrino que encontrei ontem na pousada é Diego. Percorre o Caminho da Fé pela quarta vez, nessa saiu de Tambaú há dois dias e hoje caminha até Andradas. Ele hoje faz 45 quilômetros, eu caminhei 18 e parei em Águas da Prata. Consegui vê-lo até o primeiro morro, depois voltei a sentir a boa companhia de sempre: Deus, Nossa Senhora e meu anjo da guarda.
Notei que Diego caminhava com um terço na mão. Enquanto eu agradecia em pensamento a Nossa Senhora e meu anjo da guarda em cada sinal do percurso. Quando via animais pensava em São Francisco.
A paisagem é mesmo muito bonita, um paredão verde que você desce. A trilha está entre os quilômetros 324 e 322, mas parece durar uma eternidade. Tem duas porteiras, e numa delas demorei cinco longos minutos para abrir e fechar de tão justa que estava a corrente. Falando em porteira, a última do percurso era bem engenhosa: uma madeira unindo os dois lados. Quando passei um lado se abriu por completo e usei meu cajado para segurar o outro lado enquanto pegava o aberto e assim conseguir fechar.
Cheguei na Pousada do Peregrino pouco depois do meio dia. Diego passou lá mais cedo e avisou que uma moça estava uns 9 quilômetros atrás.
A igreja em Águas da Prata não tem lugar para acender vela. Deixei no altar de Nossa Senhora Aparecida o que sobrou do terço que trouxe pendurado na mochila e arrebentou numa das porteiras do caminho, perdendo a medalha de São Bento. Deixei o terço e orações de agradecimento a todos que me acompanharam nessa jornada. Amanhã volto para casa, mas a próxima etapa do Caminho da Fé farei de Águas da Prata até Aparecida, antes de chegar a Santiago de Compostela.
Essa viagem foi um belo aprendizado, onde fortaleci minha fé e superei medos que nem imaginava existir. A missão foi cumprida. Agradeço a companhia e ajuda de todos.
Notei que Diego caminhava com um terço na mão. Enquanto eu agradecia em pensamento a Nossa Senhora e meu anjo da guarda em cada sinal do percurso. Quando via animais pensava em São Francisco.
A paisagem é mesmo muito bonita, um paredão verde que você desce. A trilha está entre os quilômetros 324 e 322, mas parece durar uma eternidade. Tem duas porteiras, e numa delas demorei cinco longos minutos para abrir e fechar de tão justa que estava a corrente. Falando em porteira, a última do percurso era bem engenhosa: uma madeira unindo os dois lados. Quando passei um lado se abriu por completo e usei meu cajado para segurar o outro lado enquanto pegava o aberto e assim conseguir fechar.
Cheguei na Pousada do Peregrino pouco depois do meio dia. Diego passou lá mais cedo e avisou que uma moça estava uns 9 quilômetros atrás.
A igreja em Águas da Prata não tem lugar para acender vela. Deixei no altar de Nossa Senhora Aparecida o que sobrou do terço que trouxe pendurado na mochila e arrebentou numa das porteiras do caminho, perdendo a medalha de São Bento. Deixei o terço e orações de agradecimento a todos que me acompanharam nessa jornada. Amanhã volto para casa, mas a próxima etapa do Caminho da Fé farei de Águas da Prata até Aparecida, antes de chegar a Santiago de Compostela.
Essa viagem foi um belo aprendizado, onde fortaleci minha fé e superei medos que nem imaginava existir. A missão foi cumprida. Agradeço a companhia e ajuda de todos.
quarta-feira, outubro 16, 2019
São Roque da Fartura, Águas da Prata
A foto de hoje é uma amostra da maioria da paisagem que tenho encontrado. Esse local específico é zona rural de São Sebastião da Grama.
Terceiro dia de caminhada saí mais conformada. O café da manhã é servido sempre depois das 6, não tem como sair antes. A previsão é chegar 2 ou 3 da tarde na próxima pousada fazendo no meu ritmo de 4 Km por hora. Em outras peregrinações posso ter sido mais rápida, nessa primavera de 32 graus essa é a velocidade que consigo.
Saí 7h13 de São Sebastião da Grama, cheguei em São Roque da Fartura, bairro de Águas da Prata, às 13h50.
Se não me engano foram 3 trechos de asfalto. Nessas horas a gente caminha no sentido contrário aos carros. Tomei lanche debaixo do sol, pouco antes de uma curva, pouco depois do quilômetro 344. Fazia 4 horas estava caminhando. Decidi reabastecer minha garrafa da mochila e cantil na primeira oportunidade. Uma fábrica de câmaras de ar na beira da estrada pouco mais a frente foi onde entrei e enchi a cara d’água. Mais adiante veio o quilômetro 342 voltando para a estrada de terra. Pouco depois do quilômetro 388 encontro a primeira oferta de água no caminho. Seu Benedito Correa deixou uma torneira na placa ao lado de seu sítio, com um banco perto e sombra. O que ele deve receber de bençãos não está escrito. Pouco depois a estrada de terra acaba em cima de um morro e logo se avista a placa de divisa de município de Águas da Prata. Nesse retorno ao asfalto um homem na caminhonete parou e me ofertou água. Enchi meu cantil novamente, mesmo faltando menos de 2 quilômetros para a Pousada Paina.
A pousada fica na beira da estrada de asfalto, na direita, poucos metros depois do quilômetro 336. Cheguei sem erro. Ela também é ponto de parada para quem vem de Vargem Grande do Sul, que faz parte do ramal de Tambaú. Os donos Félix e Clair contaram que o caminho de Vargem Grande tem muito mais morro. Escolhi o ramal mais suave! Que benção!
Seu Félix tem um bom papo, ele e Clair percorreram o ramal de Tambaú em 2012, dona Clair com duas pontes de safena. Disseram que os peregrinos não têm hora para chegar. Ontem chegaram alguns 21h30, eu cheguei hoje 13h50, 17h chegou outro, nem sei seu nome ainda.
Amanhã terei mais companhia até Águas da Prata. Resta saber se ele topa tomar café da manhã 6h30.
No mais, vesti mal uma luva e o sol me brindou com uma pulseira vermelha. Minha mochila está desbotando de tanto sol que pega, o par de botas começou a descolar a biqueira depois de quatro anos de uso.
Terceiro dia de caminhada saí mais conformada. O café da manhã é servido sempre depois das 6, não tem como sair antes. A previsão é chegar 2 ou 3 da tarde na próxima pousada fazendo no meu ritmo de 4 Km por hora. Em outras peregrinações posso ter sido mais rápida, nessa primavera de 32 graus essa é a velocidade que consigo.
Saí 7h13 de São Sebastião da Grama, cheguei em São Roque da Fartura, bairro de Águas da Prata, às 13h50.
Se não me engano foram 3 trechos de asfalto. Nessas horas a gente caminha no sentido contrário aos carros. Tomei lanche debaixo do sol, pouco antes de uma curva, pouco depois do quilômetro 344. Fazia 4 horas estava caminhando. Decidi reabastecer minha garrafa da mochila e cantil na primeira oportunidade. Uma fábrica de câmaras de ar na beira da estrada pouco mais a frente foi onde entrei e enchi a cara d’água. Mais adiante veio o quilômetro 342 voltando para a estrada de terra. Pouco depois do quilômetro 388 encontro a primeira oferta de água no caminho. Seu Benedito Correa deixou uma torneira na placa ao lado de seu sítio, com um banco perto e sombra. O que ele deve receber de bençãos não está escrito. Pouco depois a estrada de terra acaba em cima de um morro e logo se avista a placa de divisa de município de Águas da Prata. Nesse retorno ao asfalto um homem na caminhonete parou e me ofertou água. Enchi meu cantil novamente, mesmo faltando menos de 2 quilômetros para a Pousada Paina.
A pousada fica na beira da estrada de asfalto, na direita, poucos metros depois do quilômetro 336. Cheguei sem erro. Ela também é ponto de parada para quem vem de Vargem Grande do Sul, que faz parte do ramal de Tambaú. Os donos Félix e Clair contaram que o caminho de Vargem Grande tem muito mais morro. Escolhi o ramal mais suave! Que benção!
Seu Félix tem um bom papo, ele e Clair percorreram o ramal de Tambaú em 2012, dona Clair com duas pontes de safena. Disseram que os peregrinos não têm hora para chegar. Ontem chegaram alguns 21h30, eu cheguei hoje 13h50, 17h chegou outro, nem sei seu nome ainda.
Amanhã terei mais companhia até Águas da Prata. Resta saber se ele topa tomar café da manhã 6h30.
No mais, vesti mal uma luva e o sol me brindou com uma pulseira vermelha. Minha mochila está desbotando de tanto sol que pega, o par de botas começou a descolar a biqueira depois de quatro anos de uso.
terça-feira, outubro 15, 2019
São Sebastião da Grama
Começo esse dia com foto da Primavera no caminho. Mais adiante passei por colhedores, perguntei se era beterraba, a moça respondeu que sim. Comentei que era bonito e pedi que Deus os abençoasse, ela respondeu amém.
O mosteiro de onde parti é todo complicado de reservar porque o telefone tem períodos em que é atendido. Se não me engano das 8 às 12 e das 14 às 17. Para encontrá-lo você precisa procurar a igreja de São Roque, que fica ao lado.
Mas o preço é muito camarada, serve almoço, jantar e café. Tudo simples, sempre cedo. Foi ótimo tomar café às 5 e sair 6 horas. Levei uma laranja de lanche confiante no meu canivete.
No início da caminhada escuto “Tocando em frente” próximo a uma propriedade.
Quer deixar um peregrino feliz no caminho ofereça água fresca á vontade. Depois de quatro horas caminhando faço uma pausa na casa rural de dona Lurdes, Priscila e seu Benedito. Além da minha laranja e da água ainda com gelo que carregava comi duas bananas. Dona Lurdes até me ofereceu café, mas meu histórico de problemas cardíacos me impediu de aceitar. Quando caminho meu coração faz muito esforço e café acelera os batimentos. Quando peregrino me abstenho de café. Em compensação saí da casa deles com a garrafa e o cantil cheios de água fresca.
Tive bons pedaços de tudo: bom pedaço da cidade de São José do Rio Pardo, bom pedaço de estrada de terra, bom pedaço de asfalto, mais estrada de terra, dessa vez com porteiras e ao fim um pedacinho da cidade de São Sebastião da Grama. A pousada Dunhas fica bem no início.
Ao entrar em São Sebastião da Grama não tive dúvidas: toquei uma campainha e perguntei onde era o hotel. Cansei de perambular atrás de seta. Aparecida foi quem me ajudou. Cheguei 13h30, deixei minhas coisas no quarto e corri para almoçar num restaurante próximo.
Nessa jornada estou provando a minha fé ao viajar “sozinha”. Sempre que perguntam digo que estou com Deus, Nossa Senhora e meu anjo da guarda. As pessoas esquecem que não somos seres humanos passando por experiências espirituais, a verdade é que somos seres espirituais passando por experiências humanas.
Foi uma boa escolha viver esses momentos, sinto-me de fato me preparando para as dificuldades de Santiago de Compostela. A diferença é que lá terei mais companheiros encarnados, por enquanto estou nesse grupo intensivo espiritual. Tenho medo todas as manhãs, ansiedade, vontade de parar no caminho. Mas ei! Só eu posso me levar. Eu preciso chegar bem na próxima cidade. Assim é a vida. As companhias ajudam, mas o responsável pela sua é só você.
O mosteiro de onde parti é todo complicado de reservar porque o telefone tem períodos em que é atendido. Se não me engano das 8 às 12 e das 14 às 17. Para encontrá-lo você precisa procurar a igreja de São Roque, que fica ao lado.
Mas o preço é muito camarada, serve almoço, jantar e café. Tudo simples, sempre cedo. Foi ótimo tomar café às 5 e sair 6 horas. Levei uma laranja de lanche confiante no meu canivete.
No início da caminhada escuto “Tocando em frente” próximo a uma propriedade.
Quer deixar um peregrino feliz no caminho ofereça água fresca á vontade. Depois de quatro horas caminhando faço uma pausa na casa rural de dona Lurdes, Priscila e seu Benedito. Além da minha laranja e da água ainda com gelo que carregava comi duas bananas. Dona Lurdes até me ofereceu café, mas meu histórico de problemas cardíacos me impediu de aceitar. Quando caminho meu coração faz muito esforço e café acelera os batimentos. Quando peregrino me abstenho de café. Em compensação saí da casa deles com a garrafa e o cantil cheios de água fresca.
Tive bons pedaços de tudo: bom pedaço da cidade de São José do Rio Pardo, bom pedaço de estrada de terra, bom pedaço de asfalto, mais estrada de terra, dessa vez com porteiras e ao fim um pedacinho da cidade de São Sebastião da Grama. A pousada Dunhas fica bem no início.
Ao entrar em São Sebastião da Grama não tive dúvidas: toquei uma campainha e perguntei onde era o hotel. Cansei de perambular atrás de seta. Aparecida foi quem me ajudou. Cheguei 13h30, deixei minhas coisas no quarto e corri para almoçar num restaurante próximo.
Nessa jornada estou provando a minha fé ao viajar “sozinha”. Sempre que perguntam digo que estou com Deus, Nossa Senhora e meu anjo da guarda. As pessoas esquecem que não somos seres humanos passando por experiências espirituais, a verdade é que somos seres espirituais passando por experiências humanas.
Foi uma boa escolha viver esses momentos, sinto-me de fato me preparando para as dificuldades de Santiago de Compostela. A diferença é que lá terei mais companheiros encarnados, por enquanto estou nesse grupo intensivo espiritual. Tenho medo todas as manhãs, ansiedade, vontade de parar no caminho. Mas ei! Só eu posso me levar. Eu preciso chegar bem na próxima cidade. Assim é a vida. As companhias ajudam, mas o responsável pela sua é só você.
segunda-feira, outubro 14, 2019
São José do Rio Pardo
Primeiro dia de caminhada. Dia de agradecer a Nossa Senhora e meu anjo da guarda por cada seta encontrada.
Hoje cedo descobri que para usar o aplicativo Wikiloc preciso cadastrar forma de pagamento. Os primeiros 14 dias de uso são gratuitos. Um trabalho enorme, cadastrar, depois lembrar de cancelar, e você precisa estar no início exato da trilha com sinal, não pode entrar no meio. Decidi percorrer o Caminho da Fé na raça: com setas, informações, Google Maps.
Muitos anjos pelo caminho. Um passou de caminhonete e ofereceu café num galpão, mas fazia menos de duas horas estava caminhando, recusei.
Depois do quilômetro 398 (a contagem é regressiva) decidi parar numa casa e pedir água. Porém estava na erma zona rural de Mococa. Elegi um galpão comercial aberto e entrei. Pouco depois apareceu um funcionário de caminhonete 4 por 4 para o qual pedi água. Eram por volta de 10 da manhã. Ele me deu água fresca da torneira, enchi o pouco que esvaziara meu cantil. Ele ficou preocupado de eu levar apenas o cantil naquele sol de 34 graus e me deu uma garrafa de suco de laranja com mamão congelado. Disse que até a cidade de São José do Rio Pardo eram 8Km, por volta do meio dia eu estaria lá.
Meio dia estava no asfalto, avistando São José do Rio Pardo. Parei numa sombra a direita e comi a banana maçã que trouxe de lanche do hotel e bebi o suco pedindo que Deus abençoasse a vida do rapaz. Gostei da ideia de parar 5 horas depois do início da caminhada para um pequeno lanche e beber bastante água – a garrafa era de 500 ml. Farei isso nos próximos dias.
Na cidade de São José do Rio Pardo minha especialidade deu as caras: me perdi. Dessa vez nem o Google Maps me salvou. O problema é que o Mosteiro São Bernardo fica fora da rota, só fui informada quando cheguei. Quando vi que estava no quilômetro 384 e o guia dizia que a hospedagem ficava no quilômetro 385 acionei o Google Maps. Fui parar numa rotatória, no outro lado da cidade. Entrei numa mecânica próxima, perguntei onde era o Mosteiro São Bernardo, me disseram ser do outro lado da cidade. Tive a petulância de perguntar se alguém poderia me levar até lá de carro. Ângelo me levou na caminhonete. A mochila e o cajado foram na caçamba. Cheguei no Mosteiro 14h50.
O mosteiro tem uma ducha fria deliciosa, comida e acomodações simples. Sem TV no quarto, conheci a clausura, me atrapalhei no jantar deles – todos saem da mesa juntos, tem leitura durante, comentários e oração final. Ganhei uma medalha de Santa Maria Medugorie, vai pro meu chapéu.
Depois de lavar roupa fiquei presa na lavanderia externa, o irmão Paulo só lembrou de mim próximo ao jantar. Fiquei escrevendo, e próximo ao jantar liguei para os bombeiros, mas o irmão Paulo abriu a porta antes deles chegarem e depois do jantar liguei novamente pedindo para não incomodar o mosteiro. Mesmo assim o bombeiro apareceu, um conhecido que frequenta a paróquia ao lado.
Mesmo assim gostei de conhecer o mosteiro e os monges. Depois do jantar disse que estou viajando em quarteto: eu, Deus, Nossa Senhora e meu anjo da guarda. Amanhã o café será às 5h, terei muito mais tempo para percorrer os 27 Km até São Sebastião da Grama.
Hoje cedo descobri que para usar o aplicativo Wikiloc preciso cadastrar forma de pagamento. Os primeiros 14 dias de uso são gratuitos. Um trabalho enorme, cadastrar, depois lembrar de cancelar, e você precisa estar no início exato da trilha com sinal, não pode entrar no meio. Decidi percorrer o Caminho da Fé na raça: com setas, informações, Google Maps.
Muitos anjos pelo caminho. Um passou de caminhonete e ofereceu café num galpão, mas fazia menos de duas horas estava caminhando, recusei.
Depois do quilômetro 398 (a contagem é regressiva) decidi parar numa casa e pedir água. Porém estava na erma zona rural de Mococa. Elegi um galpão comercial aberto e entrei. Pouco depois apareceu um funcionário de caminhonete 4 por 4 para o qual pedi água. Eram por volta de 10 da manhã. Ele me deu água fresca da torneira, enchi o pouco que esvaziara meu cantil. Ele ficou preocupado de eu levar apenas o cantil naquele sol de 34 graus e me deu uma garrafa de suco de laranja com mamão congelado. Disse que até a cidade de São José do Rio Pardo eram 8Km, por volta do meio dia eu estaria lá.
Meio dia estava no asfalto, avistando São José do Rio Pardo. Parei numa sombra a direita e comi a banana maçã que trouxe de lanche do hotel e bebi o suco pedindo que Deus abençoasse a vida do rapaz. Gostei da ideia de parar 5 horas depois do início da caminhada para um pequeno lanche e beber bastante água – a garrafa era de 500 ml. Farei isso nos próximos dias.
Na cidade de São José do Rio Pardo minha especialidade deu as caras: me perdi. Dessa vez nem o Google Maps me salvou. O problema é que o Mosteiro São Bernardo fica fora da rota, só fui informada quando cheguei. Quando vi que estava no quilômetro 384 e o guia dizia que a hospedagem ficava no quilômetro 385 acionei o Google Maps. Fui parar numa rotatória, no outro lado da cidade. Entrei numa mecânica próxima, perguntei onde era o Mosteiro São Bernardo, me disseram ser do outro lado da cidade. Tive a petulância de perguntar se alguém poderia me levar até lá de carro. Ângelo me levou na caminhonete. A mochila e o cajado foram na caçamba. Cheguei no Mosteiro 14h50.
O mosteiro tem uma ducha fria deliciosa, comida e acomodações simples. Sem TV no quarto, conheci a clausura, me atrapalhei no jantar deles – todos saem da mesa juntos, tem leitura durante, comentários e oração final. Ganhei uma medalha de Santa Maria Medugorie, vai pro meu chapéu.
Depois de lavar roupa fiquei presa na lavanderia externa, o irmão Paulo só lembrou de mim próximo ao jantar. Fiquei escrevendo, e próximo ao jantar liguei para os bombeiros, mas o irmão Paulo abriu a porta antes deles chegarem e depois do jantar liguei novamente pedindo para não incomodar o mosteiro. Mesmo assim o bombeiro apareceu, um conhecido que frequenta a paróquia ao lado.
Mesmo assim gostei de conhecer o mosteiro e os monges. Depois do jantar disse que estou viajando em quarteto: eu, Deus, Nossa Senhora e meu anjo da guarda. Amanhã o café será às 5h, terei muito mais tempo para percorrer os 27 Km até São Sebastião da Grama.
domingo, outubro 13, 2019
Mococa
Hoje é uma data histórica: irmã Dulce foi oficialmente canonizada. Dulce dos Pobres, uma santa que nasceu na Bahia. Eu viajei para Mococa, onde começarei a trilhar com os pés o Caminho da Fé. Porque mente e coração já estão nesse caminho desde antes do meu batismo.
Sabe quem está escrevendo? Quem começa a peregrinar amanhã?
Mais uma cristã aventureira, nada mais. Igual a centenas de peregrinos que passaram por essas terras. Que tudo o que quer das pousadas é boa comida e conforto, que tudo o que quer do percurso é clima ameno e boa sinalização. Que vai refletir sobre a própria vida e conhecer outras também de passagem pelo caminho. Que vai mais se transformar do que transformar o próximo.
O que fiz e fui até ontem não tem maior importância do que quem sou hoje e como me apresentarei pelos próximos dias: uma peregrina.
Depois da peregrinação retorno ao cotidiano transformada. Por hora estou em férias, viajando da forma mais primitiva em busca da simplicidade natural da vida.
Nos meus passos muitas orações: por meus pais, meus irmãos, minhas cunhadas, meus sobrinhos, minha tia Silvia, o povo do trabalho, da Federação Espírita do Estado de São Paulo, da Casa Transitória Fabiano de Cristo, do Lar Batuíra, quem conheci nos caminhos anteriores. A todos peço bençãos de Nossa Senhora, de São Francisco de Assis, para o pessoal espírita o auxílio de Bezerra de Menezes e Fabiano de Cristo, para as minhas vovós o auxílio de Batuíra. Comigo meu anjo da guarda vai ouvir bastante, ter um bom trabalho pelos próximos dias. Talvez ele até peça ajuda a Nossa Senhora e Jesus Cristo, que foi o melhor peregrino que o mundo conheceu.
Espero encontrar mais amigos, evangelizar a mim e talvez o próximo nos quilômetros que seguirei.
Meu jantar foi açaí com maracujá, manga, morango e confete. Vários sabores artesanais na lanchonete de Açaí por onde passei a caminho do hotel, todos misturas de frutas, sem aromatizantes. Amanhã o café da manhã será 6h30, depois dele já saio, o ponto de partida é próximo ao hotel.
Sabe quem está escrevendo? Quem começa a peregrinar amanhã?
Mais uma cristã aventureira, nada mais. Igual a centenas de peregrinos que passaram por essas terras. Que tudo o que quer das pousadas é boa comida e conforto, que tudo o que quer do percurso é clima ameno e boa sinalização. Que vai refletir sobre a própria vida e conhecer outras também de passagem pelo caminho. Que vai mais se transformar do que transformar o próximo.
O que fiz e fui até ontem não tem maior importância do que quem sou hoje e como me apresentarei pelos próximos dias: uma peregrina.
Depois da peregrinação retorno ao cotidiano transformada. Por hora estou em férias, viajando da forma mais primitiva em busca da simplicidade natural da vida.
Nos meus passos muitas orações: por meus pais, meus irmãos, minhas cunhadas, meus sobrinhos, minha tia Silvia, o povo do trabalho, da Federação Espírita do Estado de São Paulo, da Casa Transitória Fabiano de Cristo, do Lar Batuíra, quem conheci nos caminhos anteriores. A todos peço bençãos de Nossa Senhora, de São Francisco de Assis, para o pessoal espírita o auxílio de Bezerra de Menezes e Fabiano de Cristo, para as minhas vovós o auxílio de Batuíra. Comigo meu anjo da guarda vai ouvir bastante, ter um bom trabalho pelos próximos dias. Talvez ele até peça ajuda a Nossa Senhora e Jesus Cristo, que foi o melhor peregrino que o mundo conheceu.
Espero encontrar mais amigos, evangelizar a mim e talvez o próximo nos quilômetros que seguirei.
Meu jantar foi açaí com maracujá, manga, morango e confete. Vários sabores artesanais na lanchonete de Açaí por onde passei a caminho do hotel, todos misturas de frutas, sem aromatizantes. Amanhã o café da manhã será 6h30, depois dele já saio, o ponto de partida é próximo ao hotel.
sábado, outubro 12, 2019
Romaria
(Renato Teixeira)
É de sonho e de pó
O destino de um só
Feito eu perdido em
pensamentos
Sobre o meu cavalo
É de laço e de nó
De gibeira ou jiló
Dessa vida cumprida
a sol
Sou caipira pirapora
nossa
Senhora de Aparecida
Ilumina a mina
escura
E funda o trem da
minha vida
Sou caipira pirapora
nossa
Senhora de Aparecida
Ilumina a mina
escura
E funda o trem da
minha vida
O meu pai foi peão
Minha mãe, solidão
Meus irmãos
perderam-se na vida
A custa de aventuras
Descasei, joguei
Investi, desisti
Se há sorte eu não
sei, nunca vi
Sou caipira pirapora
nossa
Senhora de Aparecida
Ilumina a mina
escura
E funda o trem da
minha vida
Sou caipira pirapora
nossa
Senhora de Aparecida
Ilumina a mina
escura
E funda o trem da
minha vida
Me disseram, porém,
Que eu viesse aqui
Pra pedir de romaria
e prece
Paz nos desaventos
Como eu não sei
rezar
Só queria mostrar
Meu olhar, meu
olhar, meu olhar
Sou caipira pirapora
nossa
Senhora de Aparecida
Ilumina a mina
escura
E funda o trem da
minha vida
Sou caipira pirapora
nossa
Senhora de Aparecida
Ilumina a mina
escura
E funda o trem da
minha vida
sexta-feira, outubro 11, 2019
“Que beleza é sentir a natureza
Ter
certeza pr'onde vai
E
de onde vem
Que
beleza é vir da pureza
E
sem medo distinguir
O
mal e o bem...”
São
Paulo, 5 de outubro de 2019
Dia
3, faltando exatamente dez dias para embarcar rumo a Mococa, fiz as
unhas do pé e da mão. Passei base nos pés e o dourado “Domina o
meu coração” nas mãos, porém a cor das mãos certamente sairá
em três dias, não pretendo viajar com unhas esmaltadas. A questão
são as cutículas. O recomendável é fazer as unhas com no mínimo
dez dias de antecedência para que as cutículas não inflamem ou
tenham qualquer problema durante a viagem. Caso pinte novamente as
unhas, não cortarei as cutículas, no máximo irei afastá-las.
De
lá pra cá sigo hidratando muito bem meus pés, cuidando da frieira
que apareceu, da micose da minha mão que vez ou outra esqueço de
passar remédio. Aproveito esses dias antes da viagem para usar
hidratante corporal depois do banho. Nessa primeira semana de férias
só não fui à academia quarta feira. Meu corpo precisa começar a
peregrinação na melhor forma possível, todo bem cuidado.
Dentre
os preparativos para a viagem os dois parágrafos anteriores resumem
bem o que tenho feito, essa carta não acrescentará maiores
informações. Foi a mais difícil de decidir publicar porque não
fala muito
sobre
preparativos para a viagem. Mostra que o processo de autoconhecimento
e transformação não se limita ao que envolve uma viagem. Uma
abobrinha sobre as pequenas e belas mudanças que experimento.
Em
busca de economizar, gastar e investir bem o dinheiro, eis que em
minhas pesquisas aparece um vídeo estilo “Coisas que não compro
mais”. Foi nessa que descobri a existência do absorvente de pano.
Também descobri o estilo de vida que naturalmente tenho adotado, o
minimalismo.
Minimalistas
são revolucionários: numa sociedade que estimula consumo em excesso
eles escolhem viver bem com poucas coisas. São os novos epicuristas,
valorizam as experiências e não os objetos. Após conhecerem-se a
si mesmos a fundo, diferenciam o que consideram importante do que o
que a sociedade diz importar para eles. Eles se valorizam porque
descobrem que na realidade não é a sociedade que vive a sua vida, é
você mesmo; e ninguém melhor do que você para decidir o que é
importante e deve ser buscado.
Sabe
o que uma pessoa de sucesso deve ter? O que alguém inteligente deve
saber? Nenhuma lista faz sentido. O julgamento alheio e a fama não
interessam, o importante é você estar bem e feliz com suas
escolhas.
A
experiência de viver bem com pouco começou no preparo da mochila
para a primeira peregrinação. Era tudo novidade, dezenas de coisas
que não tinha, mas o que ficou durante e após as viagens foi o
conceito de que seus equipamentos precisam ter qualidade e você
precisa aproveitá-los.
Então
quem é minimalista vive com poucas coisas mas tudo de ponta? Não. O
que a pessoa tem de caro, com tecnologia de ponta, de marca top, é o
que ela considera que vale a pena. O resto pode ser barato, sem
contar que existem coisas baratas e muito boas. A exemplo da pomada
contra assaduras que também recupera a pele de queimaduras solares,
se mostra um potente hidratante e amolece cutículas.
Minha
vida minimalista baseia-se em ser pobre com estilo, usar coisas boas
e baratas. Os absorventes de pano artesanais eram mais baratos do que
os de marca, por isso entrei no aplicativo especializado em
artesanato. Lá, entre itens de beleza, encontrei eco pads de crochê.
O que é isso? São discos de crochê para limpar a pele e aplicar
cosméticos. Há quem faça eco pads com pano de microfibra em vez de
barbante. Substituem os discos de algodão, com a diferença de que
você lava após o uso em vez de jogar fora.
Bem
que tempos atrás me incomodei com o preço dos discos de algodão!
Como sei fazer crochê, pesquisei receita na internet, comprei
barbante e fiz para mim e para presentear várias amigas.
Meu
primeiro dia de uso: Pela manhã precisei de menos tônico facial
para limpar o rosto, pois barbante não absorve rapidamente e o
líquido fica mais na superfície. À noite, em vez de dois ou três
discos de algodão para retirar maquiagem, usei um eco pad frente e
verso. Contando com o tônico facial que apliquei à noite, gastei
três eco pads no dia. O que usei pela manhã não secou dentro do
banheiro, após lavar os que usei à noite pendurei todos no varal.
Lavei todos com sabonete, sendo que o que usei para tirar maquiagem
precisou ser bem esfregado. Não foi nenhum esforço hercúleo,
afinal são discos que cabem na palma da mão, têm sete centímetros
de diâmetro.
O
ponto negativo dos discos de barbante é que não são tão macios
quanto algodão. Como benefício extra, a dureza e relevo dos
disquinhos proporciona uma suave esfoliação facial.
Messes
após aderir aos eco-pads a febre entre as blogueiras de beleza era
uma esponja de silicone com cerdas e vibração para esfregar e
limpar o rosto. Fazer com sabonete facial e esponja de silicone o
mesmo que faço com os discos de barbante e demaquilante, dessa vez
gastando eletricidade. Métodos de limpar o rosto e remover células
mortas com suaves esfoliações não faltam no mercado.
Na
rotina de beleza, a primeira coisa cara que me incomodou depois que
passei a usar duas vezes ao dia foi o tônico facial. Pesquisando
sobre beleza descubro que água com vinagre faz o mesmo serviço e
pode ser até melhor do que muito produto caro. Não lembro quando
foi a última vez que comprei tônico facial, sei que desde que
acabou passei a usar a solução de vinagre de maçã com água. O
vinagre precisa ser de maçã. A razão é uma parte de vinagre para
três partes de água, que pode ser substituída por soro
fisiológico.
Meu
sonho de consumo já foi o mix de óleos naturais chamado Lágrimas
de Unicórnio, da marca Cat Make. Ganhei, usei até o final apenas
como hidratante noturno, depois achei interessante experimentar
azeite de oliva na mesma função
e no mesmo vidro. Fotografei
periodicamente para verificar alguma mudança e depois de 3 meses de
uso concluí que funciona bem: visualmente minha pele mal mudou,
sutilmente aparenta ser mais lisa. Notei que a combinação eco pad,
vinagre de maçã e azeite de oliva turbina a recuperação da pele:
pequenas espinhas sumiram em três dias, no quarto dia
transformaram-se em pontos vermelhos sem protuberância. Tenho cada
vez menos espinhas nos períodos pré-menstruais. Se antes as
pequenas protuberâncias mal apareciam para espremer, agora
dificilmente chegam na camada superficial da pele. Nesses casos, em
que é impossível espremer, uso pomada contra espinhas. Precisa
levar em conta que minha pele é madura (estou na faixa dos trinta
anos) e assim como meu corpo ela começa a demorar para se recuperar
de lesões.
Em matéria de hidratante facial já usei muito creme Nivea Soft,
alguns da linha Care da Avon, já passei por óleo de coco, mas o
primeiro produto que decidi analisar para verificar resultados foi
azeite de oliva.
Próximo
ao meu 36º inverno, prestes a completar 4 meses usando azeite, notei
que a pele do meu rosto mudou: começou a descamar numa pálpebra.
Até então minha pela nunca sofrera com o clima a ponto de precisar
mudar de hidratante. Voltei
para o óleo de coco e com duas noites de uso a descamação sumiu. A
experiência bastou para elegê-lo hidratante facial noturno de
inverno e deixar o azeite de oliva para as estações quentes.
Hidratante
corporal é algo perfumado que toda mulher ama, certo? Contanto que
não seja eu, que não faço questão nenhuma de perfume e detesto
fragrâncias doces – prefiro florais ou herbais.
O
ponto é que dificilmente tenho paciência para hidratante corporal,
só uso nos fins de semana. Quando não me resta nenhum que recebo de
presente, uso o multifuncional óleo de coco, que também é meu
demaquilante preferido. Nos dias de paciência extrema ele nutre meus
cabelos numa umectação. Passei a usá-lo também como primer, após
o protetor solar e antes da maquiagem. O efeito é ótimo: ao longo
do dia, abaixo dos olhos a maquiagem craquela menos. Sim! Com esse
produto a maquiagem fica inteira até o fim do dia! Não difere nada
dos primers industrializados. Só abro exceção para os primers
feitos com proteínas de arroz; apliquei no meu irmão no dia do
casamento dele e a esposa notou que mesmo no fim da festa o rosto
dele não brilhava. Se você quer um rosto seco, mate, procure por
primers feitos com proteína de arroz; se quer um rosto com viço,
hidratado, fuja dos primers siliconados e caia no óleo de coco. Este
produto é comida, serve para cozinhar, mas nunca comprei com essa
finalidade.
Cosmético
que não vivo sem é protetor solar, porém priorizo o fator de
proteção solar e o preço, não a marca. O
que tive coragem de adquirir a altos valores foi sabonete facial
artesanal.
Valeu a pena porque mesmo lavando o rosto duas vezes ao dia com
bastante espuma eles duraram meses. Já usei de argila preta, de
arroz, e alguns feitos com água termal.
Minha
base do dia a dia está entre as mais baratas, não tenho outra para
eventos especiais. Batons, blushes, sombras, corretivos, iluminadores
são produtos que procuro sempre em cores que ainda não tenho;
geralmente são baratos ou recebidos como presente.
Admiro
cosméticos artesanais, especialmente sabonetes. Mais naturais, o
corpo assimila melhor seus ativos. Muitos não contêm parabenos, que
são conservantes tóxicos para o organismo. O melhor é incentivar a
economia local: ajudar quem ainda é pequeno e precisa crescer.
Produto artesanal tem carinho, dedicação, todo esse ar de
exclusividade faz me sentir importante, não apenas mais uma na
multidão. A frequência em que adquiro é demorada, os produtos têm
longa duração e não me sinto bem guardando reservas.
Muitas
vezes no desespero apelo para produtos industrializados mais simples
e baratos ou aproveito o que já possuo. A exemplo do creme de mão
do escritório: depois dos que ganhei no natal, passei a usar a
pomada contra assadura que levei no Caminho da Prece. No meu
aniversário ganhei creme de mão artesanal e reservei a pomada.
Enjoei de usá-la nas mãos já que o creme específico funciona
melhor, a princípio a pomada é item de viagem.
Creme
de mão virou item de necessidade até em casa depois que aumentei a
frequência com que lavo louça. Sabão caseiro judia das mãos,
creme hidratante é fundamental para mantê-las macias e saudáveis.
Eis
a rotina de beleza de alguém que antes de descobrir-se minimalista
enxergava-se apenas pobre com estilo.
“Abra
a porta
E
vai entrando
Felicidade
vai
Brilhar
no mundo
Que
beleza! Que beleza!”
Imunização
Racional (Que beleza), Tim Maia
quinta-feira, outubro 10, 2019
“Andar com fé eu vou
que
a fé não costuma faiá...”
São
Paulo, 27 de setembro de 2019
O
neurologista liberou minha caminhada de quatro dias, mesmo adiantando
de novembro para outubro. Disse que o importante é respeitar minha
velocidade.
Meu
corpo esse mês me brindou com o maior ciclo menstrual que já
registrei – lembrando que comecei a registrar meus ciclos esse ano
com o celular novo. Resultado: não precisarei de absorventes durante
a viagem! Menos peso e preocupação! Meu corpo me ama, só quer o
meu bem.
Minha
atividade nos três grupos do Facebook rendeu-me a companhia do
ciclista Alexandre, residente em Mococa. Ele topou me acompanhar no
trajeto do primeiro dia. Acompanhei, mas não vi ninguém mais
interessado em iniciar a caminhada dia 13, que esse ano cai num
domingo.
Não
aconteceu nada, não aprendi técnicas de primeiros socorros,
simplesmente o tempo passou e ideia de caminhar sozinha já não me
amedronta. Ganhei coragem, confiança, fé. Não estarei só, nunca
ando só: estou sempre com Deus e meu anjo da guarda. Meu anjo da
guarda atura tanta verborragia nos momentos de desespero e aflição!
Adquiri
a faixa elástica de compressão para usar como joelheira, e a
bandagem elástica que namoro desde o primeiro encontro sobre longas
caminhadas do CEPE USP. Entre os últimos equipamentos (embora
bandagem elástica seja material de farmácia) está também um trio
de calcinhas de microfibra, que ficarão reservadas apenas para
peregrinações e no máximo para caminhadas avulsas de um dia ou
provas de corrida. Algum dia ainda volto para as provas de 5 Km.
Microfibra
é um tecido muito bom para roupas porque permite o corpo respirar, é
leve, absorve a umidade, seca rápido. Toalhas desse material são
muito boas, a camada dos meus absorventes que fica em contato com a
pele é de microfibra. Equipamento para caminhada geralmente separo e
guardo com carinho esperando o próximo uso. As meias especiais para
peregrinação, por exemplo, guardo desde 2016; até agora
percorreram o Caminho do Sol e o Caminho da Prece.
Não
me cadastrei no aplicativo de serviços de manicure, embora tenha
consertado minha mala de rodinhas. A ida ao asilo melhorou com essa
atitude.
O
primeiro xampu sólido já acabou, na viagem levarei um de babosa que
veio de Santa Catarina e faz bastante espuma. Xampu de babosa que
serve para o corpo inteiro, condicionador de babosa… voltarei de
viagem renovada de corpo e alma, serão praticamente quatro dias de
Spa. Tem tudo: atividade física, boa comida, meditação, tratamento
de beleza – que no caso é banho.
Entro
em férias a partir do dia 30, até dia 11 bato cartão na academia
para viajar dia 12. Que Nossa Senhora abençoe meu caminho!
“Até
quem não tem fé
a
fé costuma acompanhar”
Andar
com fé; Gilberto Gil
quarta-feira, outubro 09, 2019
“Não se afobe, não, que nada é pra já”
São Paulo 2 de setembro de 2019
Concluí
que pedi para adoecer espiritualmente há cerca de cinco ou sete
anos, quando tentando entender esquizofrenia comprei o livro A
Loucura Sob Novo Prisma, de Bezerra de Menezes. Começou aí meu
contato com obsessão espiritual. Consegui entender melhor o tema
depois de anos estudando as bases do espiritismo. Na última semana
em especial houve uma dinâmica em sala de aula sobre o livro. No
curso de Educação Mediúnica estamos estudando obsessão. Além
dele, acompanho curso online sobre o livro As Máscaras da Obsessão,
de Marlene Nobre, oferecido gratuitamente pela Associação Médica
Espírita do Estado de São Paulo (AME SP). Senti na pele o poder de
minha vontade, o que é sofrer de obsessão específica. Finalizado
esse tratamento, hoje começo o segundo: para obsessão mista, que
envolve espírito e corpo. Piorei? Acredito que não, pois minha vida
mudou bastante entre o início do tratamento e agora, especialmente
na última semana.
No
tratamento físico confiei no neurologista e na consulta de retorno
ele disse que é normal as dores de cabeça aumentarem nas primeiras
semanas, por volta da quinta ou sexta semana de uso o remédio atinge
o ápice. Três dias antes do retorno as dores de cabeça pararam.
Antes eu sentia no mínimo uma em algum momento do dia. Pensei em
parar de tomar remédio, mas decidi continuar e recebi a feliz
notícia de que tudo será normalizado até minha próxima caminhada.
Carolina
sugeriu um caminho recém inaugurado próximo à Serra do Itaqueri,
para os lados de Piracicaba, Charqueada, Rio Claro, Brotas e
Torrinha. O Caminho do Mosteiro tem 134 Km, pode ser feito em 5 dias;
a proposta é circular a Serra do Itaqueri para chegar no Mosteiro do
Paraíso, em Torrinha. A caminhada inaugural foi concluída em 25 de
agosto. Penso em percorrer esse caminho no carnaval de 2020.
O
prédio onde trabalho teve horário de funcionamento reduzido,
comecei a frequentar a academia antes do expediente. Nisso chegou meu
xampu sólido e a experiência com ele foi ótima. Hoje comecei a
marcar ponto com leitor biométrico e optei por um horário mais cedo
para haver tolerância quanto a atrasos. No fim das contas frequentei
a academia pela manhã somente durante uma semana.
Essa
semana pretendo testar uma rede de academias depois do expediente. A
intenção é me filiar a rede e frequentar academia depois de
atender clientes como manicure. Vou consertar minha mala com rodinhas
e me cadastrar num aplicativo para atender em domicílio. Farei renda
extra para viagens e espalharei beleza além do asilo.
O
xampu sólido é bem prático: um sabonete artesanal que lava cabelo,
rosto e corpo. Chega de lavar a cabeça só com condicionador depois
de um dia de caminhada ou depois de treinar na academia. Até a
viagem ele fica em fase de testes. Testei também usar fralda como
toalha e ambos produtos passaram com louvor no primeiro dia de teste:
o xampu tira sebo, oleosidade e até mau olhado, depois deixa um
suave perfume conforme o cabelo seca; uma fralda seca o corpo inteiro
sem precisar ser torcida e até dá uma forcinha nos cabelos, o
detalhe é que era a fralda mais humilde da loja.
A
artesã passou um medo sobre o xampu dizendo que quem faz transição
de produto industrializado para um sem parabenos sente mudanças, ela
mesma levou dois meses para se adaptar. Faz tempo venho deixando os
parabenos de lado: uso condicionador sem e quando preciso lavar os
cabelos por dias consecutivos faço co-wash. A experiência do
primeiro dia foi positiva porque talvez meus cabelos não tenham
muito do que se desintoxicar; quando não frequento academia lavo no
máximo duas vezes por semana e quando resolvo tratá-lo para
ocasiões especiais faço umectação com óleo de coco; banho de
creme é coisa que meu cabelo não vê tem mais de ano, mesmo tendo a
mão um condicionador não agressivo que hidrataria muito bem.
Silvana
e Luzia completaram o Caminho da Fé dia 21 de agosto. Luzia acendeu
uma vela em Aparecida para Nossa Senhora cuidar da minha saúde, um
dos melhores presentes que já recebi. Domingo fizemos um almoço na
minha casa para conversar sobre a viagem. Elas gostaram tanto do
Caminho da Fé que topariam repetir a dose comigo se eu fosse em
2021, porém meus planos mudaram mais uma vez.
Terei
20 dias de férias em outubro, e como ainda estou em tratamento
contra cefaleia por esforço, além de frequentar três cursos
espíritas, certamente poderei realizar uma caminhada leve nesse
período. Não posso encarar boa parte do Caminho da Fé. Traduzindo:
faço o ramal de Mococa até Águas da Prata em cinco dias, viajando
para Mococa entre os dias 6 e 13 de outubro.
Caso
não mude de empresa, em abril de 2020 poderei percorrer de Águas da
Prata até Aparecida. Convidei no almoço, mas nem Silvana nem Luzia
podem me acompanhar em nenhum desses períodos. Disseram que caçar
companhia nos grupos do Facebook deu muito certo para elas, gostaram
de conhecer Mônica dessa forma.
No
almoço passaram dicas de quais pousadas evitar, quais gostaram.
Disseram que percorriam 30 Km por dia porque o marido de Mônica
fazia as vezes de carro de apoio, além de verificar na cidade
seguinte as condições das pousadas. Nem todas aceitam cartão, é
bom levar dinheiro e cheque. Os gastos com comida geralmente ficam na
faixa dos vinte, dificilmente ultrapassam trinta Reais, nos planos
iniciais chutei um bom valor para refeições.
Concluí
que o melhor é planejar bem as paradas, ligar nas pousadas
perguntando se aceitam cartão e fazer reservas antes, depois SEGUIR
O PLANEJADO. Silvana e Luzia não reservaram nada e foram com quem
encontraram no caminho, gostaram dessa liberdade. Eu não gostaria,
traço planos para realizá-los custe o que custar.
Reservar
com apenas um dia de antecedência não é bom para a logística de
pousadas de cidades pequenas, mesmo o turismo sendo frequente na
cidade. Se você não avisa, ninguém lhe espera, ninguém se prepara
para lhe receber bem, ofertar boa cama e comida.
No
domingo mesmo entrei nos grupos do Facebook, hoje abri um tópico
procurando companhia no site Mochileiros.com, espero dentro de um mês
encontrar companhia. O desafio agora é confiar no futuro, esperar
que me traga boas companhias.
“O
amor não tem pressa, ele pode esperar em silêncio”
Futuros
Amantes; Chico Buarque
terça-feira, outubro 08, 2019
“Há sempre
A
pequena chance
Do
impossível rolar...”
São
Paulo, 24 de julho de 2019
Fui
diagnosticada com cefaleia por esforço. O exame neurológico
descartou aneurisma e trombose, que são coisas mais graves. O
remédio que o neurologista me receitou a princípio assustou pelas
reações adversas que li na bula, onde estavam listados vários
sintomas psiquiátricos. Esse remédio é muito bem recomendado para
evitar ataque epilético – que não tenho e nunca tive, mas também
trata enxaqueca. Só fui me sentir bem com o novo fármaco no quarto
dia de uso, mesmo dia em que iniciei tratamento espiritual. A
espiritualidade disse que meu problema é espiritual. Se meu problema
é mais espiritual do que físico é um sinal de que minha
dificuldade ainda está no início, embora comece a se manifestar com
doença física.
No
segundo dia de uso tive dor de cabeça ao varrer o tapete da sala, e
até agora tenho várias ao longo do dia: quando fico tensa,
concentrada, ansiosa, nervosa… parece que preciso estar sempre
calma, relaxada, zen. Me concentrar no presente e não me aborrecer.
Viver um dia de cada vez, rumo a um futuro cada vez melhor. Fazer o
meu melhor hoje, com os recursos que disponho e confiar no resultado.
São essas as lições aprendidas em tantas peregrinações, essa a
lição que a cefaleia quer me mostrar novamente. Dessa vez alertando
para não sair da linha, pois tenho mais responsabilidade, mais
conhecimento.
Entre
a primeira consulta com meu cardiologista clínico geral e meu estado
atual foram muitas emoções. Inquietações mil: Será que é
cardíaco? Será que é vascular? Será que é neurológico? Qual o
problema menos grave preferível? Será que consigo caminhar em
novembro? Fiz exame de angio-ressonância de crânio, o primeiro em
que recebi contraste. Um medo na hora de colocar o acesso só
acalmado pela presença do meu anjo da guarda. A primeira enfermeira
não conseguiu pegar minha veia então lembrei que ainda tinha metal
no corpo. Depois veio o segundo enfermeiro, e comentei que já quis
doar sangue mas agora aparecia essa dificuldade em pegar a veia. Ele
disse que minha veia é boa, que posso doar tranquilamente. Assim que
parar de tomar remédio controlado estarei no hemocentro.
Na
consulta com o neurologista ele critica as imagens que peguei da
internet, não fui na clínica buscar o resultado. Fiquei irritada.
Busquei o resultado depois da consulta, para levar na próxima. Posso
voltar a me exercitar depois de duas semanas tomando remédio. Antes
da primeira dose tive tontura ao me levantar de um sofá depois do
almoço. Após a primeira dose as dores de cabeça apareceram depois
de encerrar meu trabalho voluntário. Pensei que era fome, falta de
café… não consigo entender direito o motivo das dores. Aliás,
aproveitei a doença para diminuir o consumo de cafeína. Esse
remédio neurológico tem a função de relaxar, desligar, dopar o
sistema nervoso central; já a cafeína é estimulante, vai contra os
efeitos dele, ainda que consumida em pequenas quantidades. No segundo
dia veio o episódio do tapete da sala, no terceiro fui ao centro
espírita iniciar tratamento. Começarei o tratamento espiritual
amanhã.
Daqui
seis semanas escrevo nova carta sobre como estão os tratamentos
contra meus males físicos e espirituais. Os males físicos já foram
classificados e nomeados, o mal espiritual tenho uma breve suspeita
do que seja, investigarei mais sobre ele ao longo das próximas
semanas.
“Soterrar
o mundo inteiro
Com
uma avalanche
Só
pra que possa sobrar
Apenas
eu e você”
Sua
impossível chance, Nando Reis
segunda-feira, outubro 07, 2019
“Nosso dia vai chegar
teremos
nossa vez
não
é pedir demais
quero
justiça...”
São
Paulo, 1 de julho de 2019
Ontem
foi nossa última reunião antes da viagem. Viagem das minhas amigas,
não minha.
Minhas
férias foram canceladas. O contrato da empresa para a qual trabalho
com o órgão público vence esse ano e agosto será o mês do aviso
prévio. Em setembro começarei a trabalhar em nova empresa de
terceirização de serviços no mesmo órgão público onde estou
desde 2012.
Se
nenhum órgão público me nomear para alguma função antes, terei
direito a novas férias a partir de setembro de 2020, quando poderei
programar minha peregrinação pelo Caminho da Fé para julho ou
setembro de 2021, que são os meses mais movimentados. O plano agora
é viajar só, porém num mês de grande movimento para maior
segurança.
Nessa
troca de empresas recebo FGTS, o valor das férias que não pude
tirar, a rescisão do contrato sem justa causa. Um bom dinheiro para
compensar o adiamento dos meus planos. Ficar sem férias não me dá
mais desgaste mental do que ficar desempregada.
Contrariando
meu plano de ação, revelei que não iria no início do almoço. Não
esperei combinarmos tudo certinho. Foi bom porque elas puderam
começar a pensar num plano B, revelando mais tarde o encontro seria
completamente desperdiçado.
Meu
coração ficou um pouco apertado quando Silvana sugeriu dividir o
quite de primeiros socorros entre nós três. Comecei com “E se uma
de nós desistir?” pouco depois soltei a bomba que recebi 12 de
junho. Uma coisa dessas não é viável falar por Whatsapp.
Luzia
cozinha muito bem, e em grande quantidade. Só então soube que ela é
mãe de três filhos e separou-se por causa da traição do marido.
Hoje está bem resolvida, os abalos emocionais foram superados. Ela
perguntou se chorei com o cancelamento das férias. Respondi que não,
só fiquei um pouco frustrada e tratei de aceitar que esse não é o
momento de percorrer o Caminho da Fé.
Lembrei-me
da desistência forçada no Caminho do Sol, outro momento em que
tinha certeza de que tudo ocorreria bem e concluiria a vigem. No
Caminho da Fé minha certeza cai por terra dois meses antes do
início. Hora de seguir os sinais que a vida nos pinta pelo caminho:
preciso viver outras situações antes de cruzar a Serra da
Mantiqueira e chegar a pé em Aparecida.
Não
bastasse o impedimento formal, um impedimento físico começa a se
esboçar em minha vida. Pouco depois de seis meses frequentando a
academia, começo a ter dores de cabeça ao me exercitar. Sempre que
me esforço um pouquinho ela aparece. Algumas vezes após a corrida
na esteira, outras no início dos exercícios musculares. Depois de
três vezes seguidas em que a dor de cabeça me impediu de continuar
a treinar – parava assim que a dor começava para não ter
complicações – consultei cardiologista. No exame ergométrico
senti a mesma dor, porém o médico mostrou que meu problema não é
cardíaco nem de pressão. Pode ser vascular ou neurológico.
Problema
existe pra gente resolver, e problema pessoal é bom resolver logo.
Essa semana tenho consulta com médicos da área vascular e
neurológica. Se for problema vascular a origem está no uso do
corpo, não é herança genética; já coisa neurológica pode estar
relacionada com a mente, pois de todos os sistemas do corpo o
neurológico é o que mais reage ao funcionamento da mente. A mente
age no corpo inteiro, por isso alegria, pensamento positivo, oração
e meditação fazem bem para nossa saúde.
Hoje
falei à Carolina sobre minha desistência forçada e ela me convidou
para percorrer o ramal de Mococa até Águas da Prata na ponte entre
os feriados da Proclamação da República e da Consciência Negra
(dias 15 a 20 de novembro). A intenção é ir por conta própria,
sem apoio turístico. Em setembro combinaremos melhor.
Até
agora as contrariedades que encontrei nos meus planos de férias me
levaram a vivenciar experiências melhores, estar bem preparada para
as peregrinações. Não faço ideia do futuro brilhante que me
aguarda.
“De
onde vem a indiferença
temperada
a ferro e fogo?”
A
Fábrica, Legião Urbana
domingo, outubro 06, 2019
“A cor do meu batuque tem o toque e tem o som da minha voz
Vermelho,
vermelhaço, vermelhusco, vermelhante, vermelhão...”
São
Paulo, 10 de junho de 2019
Preciso
registrar várias mudanças após a última carta. A empresa onde
trabalho fez uma entrevista comigo sobre o Caminho da Prece, que foi
publicada no informativo semanal interno e pude mostrar a minhas
amigas já em nosso último encontro. O acesso ao meu blog através
dos computadores da empresa foi desbloqueado, todos podem ler as
abobrinhas que publico. Na data de publicação da reportagem, três
das quatro últimas abobrinhas eram o diário de viagem do Caminho da
Prece.
O
almoço foi produtivo. Depois dele nosso roteiro mudou para 17 dias
de viagem, embora Silvana continue com seus inalterados 14 dias. Ela
encontrará comigo e Luzia em Crisólia. Segundo a quilometragem do
roteiro do ramal de Águas da Prata, caminharemos em média 22,2 Km
por dia. Um roteiro menos exaustivo, mais humano. Apenas eu e Luzia
encararemos 30 Km bem no primeiro dia de viagem. Tranquilizei Luzia
dizendo que no primeiro dia estamos descansadas, podemos começar
tranquilamente por qualquer quilometragem e relevo.
Esse
fim de semana terminou minha primeira experiência com absorventes de
pano. Comprei de uma artesã através de um aplicativo especializado
em produtos artesanais. O anúncio era de cinco absorventes e uma
bolsinha impermeável, porém vieram seis: três diurnos e três
noturnos para fluxo moderado. Sem bolsinha. Não reclamei, já
possuía a necessaire plástica onde guardo os absorventes usados,
ganhei há anos uma pequena.
Fechados,
limpos e juntos, os absorventes de pano ocupam espaço de um pacote
normal dos descartáveis com oito unidades. O
volume na mochila diminuiu:
a princípio levaria um pacote com trinta e dois descartáveis por
precaução. Nunca calculei quantos absorventes uso por ciclo, deve
ficar na ordem dos 16. Para o ilustre leitor ter noção do quanto
andava desligada, até o início do ano sequer registrava meu ciclo
menstrual, mal reparava em sintomas físicos e psicológicos.
Poderia
ir ao ginecologista e pedir remédio para não menstruar durante a
viagem, afinal ela está muito bem programada. Entretanto meu corpo
já sofrerá com as intempéries do percurso; obrigá-lo a reagir a
alterações internas me parece cruel, temo sobrecarregá-lo em troca
desse prometido conforto de não sangrar. Em relação aos homens,
mulheres têm mais preocupações, precisam de mais cuidados porque
todo mês sentem as mudanças do corpo. Menstruar faz parte do meu
lado feminino; em vez de lamentá-lo ou evitá-lo prefiro aceitá-lo
e conviver com essa realidade. Não faz sentido temer ou evitar minha
natureza interna se quero conhecer a natureza de outros ambientes.
Sobre
minha primeira experiência com absorventes de pano:
Microfibra
é muito mais macia e confortável do que a pretensa cobertura de
algodão dos absorventes descartáveis. Não tenho nojo de sangue,
coágulos, tenho nojo de vísceras. No primeiro dia deixei de molho
num saquinho zipe-lock junto com um pequeno sabonete enquanto tomava
banho; depois do banho lavei com o sabonetinho e deixei secar no
banheiro. O tempo estava frio e chuvoso, mas, mesmo assim, na manhã
seguinte, a parte interna estava seca; só a parte externa, feita de
tecido impermeável, estava úmida. Já de cara considerei
aprovadíssimo para viagem.
No
segundo dia usei três absorventes e dois vazaram porque passei muito
tempo com eles. No terceiro dia aprendi como lavar melhor: a questão
não é o sabão, mas escorrer todo o sangue e só depois usar
sabonete para tirar manchas. Já não colocava sabonete no molho;
percebi que não servia para nada, só deixava o sabonete mole e
dificultava a lavagem.
Esse
primeiro ciclo com absorvente de pano durou dois dias a menos do que
os ciclos normais. Nas minhas pesquisas descobri que absorventes
descartáveis contêm substâncias para atrair o fluxo menstrual,
deve ser esse o motivo de passar menos dias sangrando.
A
experiência de passar um dia inteiro com um absorvente, mal sujá-lo
e mesmo assim não ficar com a pele irritada é libertadora. O que
esse produto não tem de prático tem de confortável: é confortável
a pele não ficar irritada, é confortável ajustar a posição na
calcinha sem deformar o produto, é confortável sangrar por menos
tempo, é confortável reservar pouco espaço para os absorventes na
gaveta e na mala, é confortável não comprá-los todo mês. Não
descartar absorvente no banheiro do trabalho deixa o período mais
discreto: se não alardeasse alegremente sobre meu primeiro uso,
poucas reparariam no meu momento pelo lixo que gero.
O
que não é prático, mas tolerável frente aos benefícios: deixar
de molho e lavar todo dia; lavar e secar tudo, junto com outras
roupas, no fim do período, para guardar perfumado e bem seco.
Resumindo:
os absorventes de pano ganharam espaço na mochila, com três
saquinhos zipe-lock extras para o molho e para separar os sujos dos
limpos.
“Meu
coração é vermelho,
hei,
hei, hei
de
vermelho vive o coração,
ê,
ô, ê, ô
Tudo
é garantido após a rosa vermelhar
Tudo
é garantido após o sol vermelhecer”
Meu
Coração é Vermelho, Francisco Ferreira da Silva / Daniela Perez
sábado, outubro 05, 2019
“Vamos acordar
Hoje
tem um sol diferente no céu
Gargalhando
no seu carrossel
Gritando
nada é tão triste assim...”
São
Paulo, 6 de maio de 2019
Ontem
foi dia de cozinhar para as amigas. No domingo anterior dei duas
opções para Silvana e Luzia, elas preferiram lasanha de berinjela
em vez de macarrão com brócolis. O acompanhamento foi frango frito
e cidra sem álcool, parecia comida de ano novo. Sábado à noite
preparei bolo de café para servir no café da tarde. Luzia trouxe
pão australiano (que é preto e com mel) e sequilhos com goiabada.
Para completar o café servi patê de berinjela e café preto com
opção de colocar açúcar ou adoçante. De café entendo muito bem
porque preparo todo dia para mim e meus pais. Resumindo: pelos meus
dotes culinários apresentados domingo posso casar duas vezes. Não
cultivo a menor expectativa de casar, se encontrar um moço
interessante a situação muda de figura, porém confesso que será
um pouco difícil para quem busca se realizar de outras formas.
Carolina
foi a primeira a chegar de carro, depois de participar de uma
caminhada de 10 Km que ela promoveu com o Centro de Práticas
Esportivas da USP. Silvana e Luzia fizeram turismo pelo Jabaquara
porque vieram a pé da estação e saíram pelo terminal rodoviário
errado, levaram uma hora para chegar.
Com
Carolina conversamos sobre peregrinações, ela me convenceu a usar
fralda de pano como toalha já no Caminho da Fé, em vez de esperar
para testar o equipamento em Santiago. Eu estava tão feliz com o
encontro, planejar o Caminho da Fé, saber mais sobre o percurso,
saber mais sobre Santiago e outras rotas que Carolina fez! Ela foi
convidada só pra dar pitaco na nossa viagem e preparar
principalmente Luzia, que começa a peregrinar nessa viagem. Carol se
dispôs a emprestar equipamentos pra Luzia, assim ela não precisa
gastar tanto no início sem saber se vale a pena repetir a
experiência em outras rotas.
Não
é todo mundo que cisma de chegar em Santiago de Compostela, planeja
duas peregrinações anteriores no Brasil, já vai para a terceira e
sempre começa confiante de que conseguirá concluir qualquer
percurso que vem pela frente. No Caminho da Prece a dúvida era como
meu corpo se comportaria, nunca foi se conseguiria concluir a
caminhada – até porque durava apenas três dias. Não tem jeito,
não consigo duvidar da minha capacidade antes do início e custo dar
o braço a torcer e desistir durante a viagem. Custo até admitir que
fico perdida, sou uma vítima da minha distração.
No
dia anterior ao almoço enviei foto de faixa elástica de compressão
que substitui joelheira. Pode ser amarrada também no pé ou no
cotovelo. Pesquisei preços, e vi que o melhor é o do quiosque do
shopping Boulevard Tatuapé, onde almoço depois de pintar unhas no
asilo. Carol contou que nunca usou joelheiras na viagem porque tem
medo de que esquente demais. O par de faixas está na minha lista de
itens da mochila, porém esse mês quero investir em absorvente
ecológico para saber se me acostumo e se vale a pena usar na viagem.
Eu,
Luzia e Silvana concordamos que durante a viagem o melhor é
manter-se no campo de visão. Quem vai mais a frente deve de vez em
quando olhar para trás e ver a amiga. Decidi andar com alarme no
celular para lembrar de olhar para trás a cada 15 minutos. Sem
contar as paradas em bifurcações e pontos em que tiver dúvida.
Estava
indecisa sobre a penúltima pousada, que ficava 50 Km distante da
anterior. Pensei que precisaríamos adicionar mais um dia na viagem,
porém Luzia sugeriu escolher como penúltima pousada uma em Ribeirão
Grande, bairro de Pindamonhangaba. No papel fica 24 Km de Aparecida,
esse percurso conseguimos cumprir em um dia. Depois do encontro,
conversando com a pousada Chácara Dois Leões, descobri que a
distância dela até o final é de 32 Km. A atendente disse que esse
percurso é menos acidentado.
Entre
Piracuama e Ribeirão Grande, dois bairros de Pindamonhangaba, há
duas opções de caminho: pelo bairro Mandu tem 28 Km no asfalto;
pelo bairro das Oliveiras tem 22 Km de terra, incluindo a Trilha das
Borboletas e seus 5 Km de nível difícil, muitos morros. A atendente
se disse gordinha sedentária e contou que sobreviveu à Trilha das
Borboletas, também elogiou a sinalização da trilha e sugeriu parar
na Casa da Dona Eva para fazer um lanche e quem sabe até pedir guia
ou que mulas carreguem nossas mochilas pela trilha até a Chácara
Dois Leões.
Um
ponto levantado durante o almoço é que bebida alcoólica anestesia
o corpo. Carol contou que uma vez durante o Caminho de Santiago
sentia tanta dor no corpo que depois que experimentou um Tinto de
Verano as dores durante a caminhada pararam e todo dia ela bebia uma
caneca de meio litro (ele é servido em canecas generosas mesmo) para
caminhar. Tinto de Verano (ou tinto de verão pra quem fala
português) é um drinque com vinho tinto, refrigerante e muito gelo.
Carol comentou que enquanto o Caminho de Santiago tem muito vinho, o
Caminho da Fé tem muita cerveja e cachaça local.
Refleti
e decidi me manter abstêmia por motivos ideológicos e médicos.
Estranho minha mania de respeitar mais os motivos médicos do que os
ideológicos. Já sei bastante das influências negativas que drogas
causam no espírito e corpo, sei da minha sensibilidade nesses
campos. É melhor viver abstêmia, consciente de si mesma, consciente
das dores. Buscar expandir a consciência em vez de deturpá-la.
O
que preciso agora é não cabular a parte de musculação do treino
nunca mais. Os morros do Caminho da Fé não perdoam. Um alerta da
Carol foi o culto ao sofrimento que os romeiros fazem, que pagam
promessa e acreditam que se não sofrer não vale a pena. Os donos de
pousada e habitantes locais acham pouco se não caminhamos 35 Km todo
dia, chegando em frangalhos para descansar.
Gente
de Deus! Tá na Bíblia! Ninguém vê Cristo sofrendo ao caminhar de
uma cidade a outra para pregar a Boa Nova! Ele sofria com a
incompreensão humana, que cismava em não entender suas mensagens de
amor. Deus não fica feliz com o martírio de seus filhos, se alegra
quando aprendemos a conviver como irmãos amados.
“É
tudo novo de novo
Vamos
nos jogar onde já caímos
Tudo
novo de novo
Vamos
mergulhar do alto onde subimos”
Tudo
Novo de Novo, Moska
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