quinta-feira, dezembro 31, 2009

ACHADOS DE 2009

Aproveitando que o ano está com as horas contadas, vou contar meus achados no período das últimas 365 voltas que a Terra fez em seu próprio eixo.

A soma dos algarismos desse ano resultou em 2. Na numerologia esse número representa a dúvida, entre outras coisas que não lembro. Acho que fiquei em dúvida só depois de terminar a faculdade... Agora já sei o que quero da vida, já posso procurar emprego de novo.

Terminei meu estágio, arrumei emprego com carteira assinada, e serei dispensada em janeiro com muita felicidade. De ambas as partes, acredito. Farei parte do corte de gastos da empresa. Já estava começando a pensar em montar meu pé de meia e sair, recebo no último mês essa agradável e inevitável surpresa. Sabe quando a gente percebe a onda se formando perto da gente e se prepara? Foi o que fiz. Ano que vem vou surfar.

Me preparei o ano inteiro pra ser quem sempre quiz. Já comecei a mudar, embora haja muito a executar. Eliminei peso desnecessário no meu corpo, para levar uma vida mais leve, voar de uma vez por todas. Aprendi a retribuir esquecimento, desatenção, desinteresse com mais do mesmo. Foi difícil, não é da minha natureza esquecer quem me esquece, retribuir a tristeza que me causam com desprezo. Precisei me conter muito para ser menos generosa, domar a alegria explosiva que me faz de palhaça no decorrer da vida.

Terminei a faculdade, comecei um curso de inglês, encontrei pessoas que não me decepcionam, não encontrei quem me decepciona. Não encontrar pessoas me decepciona, e por causa desses desencontros as distâncias aumentam cada vez mais. Só agora percebo que é um sinal de que também estou em outro caminho, assim como as pessoas que não encontro. Sinal de que estou chegando em algum lugar.

Esse ano fui no lugar mais alto e frio do meu estado. Um sobretudo foi comprado para a ocasião, mas teve seu momento especial no aniversário de 15 anos de minha prima. Festas chiques no inverno? Pode babar que o sobretudo é meu, não é alugado não. Lindas luvas curtas de pelúcia preta também podem completar meu visual em qualquer evento ou momento chique. Compradas em Campos do Jordão, próximo ao Bar Fim do Mundo.

Falando em fim do mundo, finalmente li “O Guia do Mochileiro das Galáxias”, mas não me empolguei para encontrar “O Restaurante no Fim do Universo”, que é a continuação. Li muito em 2009, espero ler cada vez mais. Termino o ano em 1757, em meio a história do quilombo do Cruzeiro que o livro “Sesmaria”, de T.J. Martins, conta. Quem quiser baixar na internet pra ler, o site é http://tjmar.sites.uol.com.br/sesmaria.htm . “Amanhecer”, de Stephenie Meyer, fica pra ler em 2010.

Em 2010 vou encontrar minha turma, vou encontrar um circo pra chamar de meu. Os planos já estão esboçados.

Em 2009 encontrei-me, gostei bastante de me conhecer. Foi importante para mudar. Quem mal me conheceu antes talvez não note mudança alguma, e isso é bom. Agora posso conhecer outras pessoas além da minha família.

2009 foi ano de compreender e valorizar a família, a célula fundamental da sociedade que tantas e tantas vezes se mostra problemática. Foi ano de tentar difundir o senso de família na própria família, com algumas conversas boas. Muitos costumam só fazer parte e achar que o simples laço sanguíneo nos une, o que não é verdade.

Viver em família é mais do que dormir sob o mesmo teto. É participar da manutenção da casa, é se importar com o dia e a vida de quem está perto, é querer ajudar e ser ajudado por quem está sob o mesmo teto. Daí vem a força da família: da união e respeito de pessoas diferentes. O objetivo? Ser feliz.

No fundo todos querem a felicidade, mas quem admite isso em plena segunda-feira treze de um mês qualquer? Felicidade é palavra só pra final de ano, início de outro ciclo.

Felicidade foi um dos meus achados em 2009. Quem não encontraria ao finalizar tantos ciclos, ao mudar tantas vezes? - Os pessimistas, certamente. Como não é meu caso, digo que encontrei felicidade nesse ano e marcamos vários encontros para o ano seguinte. Ela não especificou a data nem o local, mas como uma boa amiga temperamental que é, há de me encontrar até em dias chuvosos.

Descobri que chuvas são bom sinal. Uma mudança que o céu manda para a terra. Dia de chuva é tempo de mudança, dia de sol é tempo de bonança. Além, é claro, de ser um ótimo dia para visitar o Aquário de Santos - eleito o programa de índio da vez, igual fiz anos atrás com o pico do Jaraguá.

Aprendi jogar Copas, Tranca, e Fudido, mas não Gamão. Não acredito que passei um ano sem querer aprender jogar Gamão, me esqueci completamente do brinquedo que não tenho. Porém batalhei com as Legiões Bege no Império Romano de Pedro, e de lá trouxe força e determinação para meus exércitos Brancos do jogo War II. Estou me transformando numa oponente difícil. AH! Adoro jogar! Amo dançar! Preciso usar mais meu tapete de dança, pular rápido e sair do básico.

Por que gosto de coisas infantis e primitivas como jogar e dançar ao invés de conversar? Porque nesses momentos temos a liberdade de sermos mais espontâneos, podemos nos transformar no que não somos, podemos gritar, sair do educado estado normal. A gente se conhece de um jeito diferente, quase animalesco. A bicharada é tão simples... e divertida! Adoro!

Parabéns para quem conseguiu ler essa abobrinha balanceada entre as voltas terrestres, entre nacimentos e mortes de nossa estrela matutina, a estrela guia da humanidade. Que ela continue cozinhando nossos miolos e curtindo nossa pele por muitas e muitas eras que estão a caminho.

Que o próximo ano dois mil seja dez para os heróicos leitores dessa terra.

domingo, dezembro 20, 2009

TIRE ESSE AZEDUME DO MEU PEITO
e com respeito trate minha dor
se hoje sem você eu sofro tanto
tens no meu pranto a certeza de um amor...”

Continuando a dramática novela romântica do útimo texto, olhei “Eclipse” por 7 dias. O terceiro livro da série iniciada com “Crepúsculo” coloca mais ação e violência para dividir espaço com as emoções arrebatadoras do triângulo amoroso mais previsível que já vi. Será que todos triângulos amorosos são tão previsíveis assim? Nunca reparei ...

O romance que embala as idéias de Bella dessa vez é “Morro dos Ventos Uivantes”, que felizmente não li nem pretendo ler. O par romântico comenta e se comprara com os personagens principais desse livro. Já recebeu uma declaração de amor copiada de um livro? Cena bonita, a pesar de não ser de originalidade genuína.

No “Eclipse” lobisomens e vampiros mostram suas armas, suas raízes e lutam. Hora de conhecer lendas da tribo Quileute e a história de mais dois integrantes da família Cullen. Os personagens secundários vão dando as caras e se envolvendo mais na trama.

Continuo me identificando com a turma da alcatéia, admirando a tribo. Mesmo assim não faço torcida para a Julieta da história mudar de idéia. Na trama, a autora faz a mocinha ficar indecisa, mas esse triângulo amoroso me parece tão previsível que sequer considero triângulo de verdade. A essência do par é Romeu e Julieta, não importa quanto floreio se coloque na situação. Eles ainda viverão amaldiçoados para sempre, como todo amor eterno deve ser visto pela sociedade. Não é todo mundo que consegue amor eterno, então o mundo amaldiçoa essa preciosidade por pura inveja.

O lobisomem mostra sua natureza crua: é uma criatura selvagem, impulsiva, violenta mas de bom coração. Na maioria das vezes ele é assustador, em outras surpreendentemente encantador. O vampiro ataca com destreza, estratégia e altruísmo - coisa de gente civilizada. Um perfume doce para quem adivinhar qual dos dois personagens é mais encantador para a donzela indefesa. Falando nisso, o lobisomem tem cheiro almíscar amadeirado, se não me engano. – Pela primeira vez Bella comenta o cheiro de seu melhor amigo.

Pobre lobisomem. Fadado a uma vida de cão. Ele finalmente consegue beijar a mocinha, o problema é que já é tarde para conseguir o coração dela. Mas o bicho é esperto e teimoso, consegue provar que já estava no coração dela antes, sempre vai estar. Esse feito deixa uma ferida ardida tanto no lobo quanto na mocinha. Pior pro lobo, que perde o rumo da vida.

“Mas peço pra que um dia se pensares
em trazer-me seus olhares
faça por que te convém.”
Azedume, de Los Hermanos


INCONSCIENTE ESTÚPIDO,

De onde você tirou a idéia de que não posso ser alegre?

Me coloca num ônibus com Fernando Anitelli, do Teatro Mágico. Devidamente caracterizado de palhaço como em todo show, porém sem fãs histéricos e lunáticos ao redor. Conversávamos como dois amigos normais, que viajavam juntos. Naturalmente, no sonho eu fazia parte da troupe. De repente ele fica triste e comenta:

- Sabe, você é otimista demais.

Tudo que faço é olha-lo com cara de interrogação, expressando um gritante E DAÌ?

Daí acordo com raiva do meu inconsciente idiota, que piamente acredita que não posso ser feliz nem em sonho. Tem a audácia de usar um dos meus ídolos pra me dizer isso.

Ah! Que bom que sou mais do que meu inconsciente!


SWEET DREAMS are made of this
who am I to disagree?...”

As mulheres do ônibus de manhã simplesmente A DO RAM um perfume doce. Tão enjoativo que embrulha o estômago.

Culpa da linha Fun da Boticário, empipocada de “divertidos” cheirinhos doces. Passo em frente a 4 lojas da rede todo dia, sei muito bem que outras empresas também vendem perfumes doces, mas só O Boticário pula nos meus olhos todo dia. No fundo é até bonitinho a plaquinha verde... felizmente a promoção da linha Fun costuma acontecer em outubro, mês da criançada louca por doce babar na vitrine. Agora é a vez das caixas de natal com apetrechos combinando.

Enquanto isso, no ônibus, a mulherada capricha no perfume doce que comprou ou ganhou meses atrás. Com essas interferências e a pouca quantidade que uso, meu perfuminho verde some na viagem. Nem por isso desisto de usa-lo de manhã e senti-lo um pouquinho. Mil vezes melhor do que esse povo que se emboneca com açúcar.

“Hold your head up
keep your head up
movin’on...”
Eurythmics, Sweet Dreams

quinta-feira, dezembro 10, 2009

O AMOR É FILME
eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente ama...”
bem canta Cordel do Fogo Encantado

Não acho que “Lua Nova” seja o livro da vez, embora muitos estejam lendo por causa do filme que está em cartaz e não pretendo assistir. Não estou em tempo de romance.

Li o livro em 3 dias, ele é muito bem escrito, sem dúvida. Mas não é o livro da vez, não achei extraordinário. Me surpreendi como consegui adivinhar a trama a partir do primeiro livro da série. Bem que comentei no sítio que a história era mais uma roupa pro clássico Romeu e Julieta. Não deu outra: em Lua Nova a peça de Shakespeare é mencionada dezenas de vezes.

Não me identifico muito com a heroína, não morro de amores pelo herói, gostei do lobo. Não por ser marombado, mas por se índio, concertar carros, ter uma família muito bem estruturada, ter tradições a seguir. De certa forma ele é um porto seguro: fiel, corajoso e companheiro como um cão de guarda. Quem não amaria um bichinho bonitinho e quentinho assim? A heroína da trama.

A nova Julieta do pedaço se apaixonou por seu gélido Romeu e não tem olhos pra mais ninguém. O triângulo amoroso de “Lua Nova” tem seus dias contados. Julieta é fiel a seu par ideal, não importa a idiotice que Romeu cometa. Ela não é uma Colombina que morre de amores pelo Pierrô mas termina o carnaval com o Arlequim. Julieta seria a Colombina que mesmo depois de dançar com o Arlequim terminasse o carnaval nos braços do Pierrô.

Julieta é puro ideal: encontra seu Romeu com índole de Pierrô e não troca por nada, não importa quanto ou como a forcem mudar. Julieta é constante, Colombina é mutável. Não há triângulos amorosos com Julieta, ela enfrenta obstáculos contra seu amor.

Como uma heroína romântica que se preze, no próximo livro Bella vai tentar amenizar a dor seu amigo rejeitado. Mulher nasceu pra ser flor, não sabe ser espinho. O moço sofre pela decisão que você tomou? Deixa sofrer, vai sarar. Quando o próprio espinho tenta concertar a ferida que causou ele acaba se aprofundando mais, piorando a situação. - Heroínas clássicas não pensam assim. Se pensassem, cortariam os pedaços cruciais dos clássicos românticos.

Bella não gosta do que é vivo, quente e mutável como a vida. Prefere o que é eterno, perfumado, brilhante e ideal como um sonho mortífero. Somos ou não somos feitos da matéria dos sonhos?

“Um belo dia a gente acorda e humm!
Um filme passou por a gente...”
Cordel do Fogo encantado