domingo, julho 29, 2018

Águas de São Pedro, 28 de julho de 2018

Dia de concluir o Caminho do Sol. Canavial, descampado, uma figueira para lanchar, Delicias do Milho, Casa de Santiago – que é um parque. Atualmente ele está em reforma, abre apenas para receber os peregrinos.
Posso dizer que aprendi a peregrinar. Comecei em 4 de janeiro de 2017 como Tartaruga Touche e termino hoje como Foguetinho. Nenhuma bolha, pele branca neon, nenhuma dor muscular, apenas as panturrilhas cansadas pelo percurso do dia. 
Quem conduziu a cerimonia de entrega da Ara Solis foi Carol. Pedi para Hugo entregar a minha. Se na primeira parte do caminho, em 2017, tomei resoluções para a vida, ao concluir essa segunda parte sinto-me preparada para rodar o mundo com 3 mudas de roupa. Aprendi o que é peregrinar e sim, é isso o que quero para minhas próximas férias. 
Estou ciente de que os próximos caminhos não serão tão acolhedores quanto o Caminho do Sol, mas sinto-me pronta para encarar todas as dificuldades; sejam intempéries do clima e relevo, sejam particularidades dos companheiros de jornada. Essa é a lição que levo para a vida.

sexta-feira, julho 27, 2018

Artemis, bairro de Piracicaba

Hoje foi um dia de cão. Nunca vi tanto cachorro no caminho. Encarei uma matilha no começo e me abaixei, coloquei uma mão no chão. Eles saíram pra dali a pouco me cercar novamente. Cansei. Se me abaixar toda hora não ando! Mudei a tática. – Então é isso, amiguinhos? Vão me seguir até Artemis?
Segui caminhando feliz. Passei a andar de peito aberto. Cada cachorro é um amigo, não importa o quanto lata pra mim.
Mais um dia sem mochila pra contornar o Monte Branco. Parti 6h30 e andei os primeiros 10 Km sozinha. Marcelo e Hugo me alcançaram na estrada de asfalto, depois que parei para passar protetor solar. Depois do asfalto mais uma estrada de terra, passam 2 pontes, vem um cruzamento com uma capela na esquerda, e surge o descampado. O grande descampado sem sombra com uma linha de árvores no horizonte. Onde o trajeto termina? Nas árvores. O Sítio São Sebastião fica nas margens do Rio Piracicaba. 3 quilômetros desesperadores de descampado - e eu pensando em visitar o deserto de Atacama... Cheguei com Marcelo e Hugo 12h.
Até tomar banho e lavar roupa todos chegaram. Conversamos bastante, postei as abobrinhas dos dias anteriores, almoçamos e gente! Nosso penúltimo dia de peregrinação! Quem diria?!
Marcelo comentou que o Caminho do Sol nem é tão bonito, mas é muito caloroso, acolhedor. Culpa dos anjos (voluntários) desse caminho! Você chega no início sozinho e ao longo da viagem se enturma com todos, esse é o brilho do Caminho do Sol.
Amanhã até vou à missa dos peregrinos 18h. A pousada Nossa Senhora Aparecida estava lotada, Carol reservou quarto para as mulheres em outra pousada. Voltaremos para casa domingo. Marcelo e Hugo voltam para o Rio de Janeiro sábado mesmo, depois do almoço.
Hoje Rossana terminou o trajeto sem carro de apoio! Contrariando o joelho que reclama o tempo todo. Sandra para poucas vezes para as bolhas não incomodarem. O trajeto não tem realmente muitos pontos de parada.
Hoje o céu nos brinda com um eclipse lunar. Que momento especial para viajar! Valeu a pena a teimosia de voltar de onde parei.

Monte Branco, 26 de julho de 2018

Hoje saímos cedo: 6h40. Acordamos 5h, tomamos café 6h. Felizmente as roupas secaram e coloquei sem problemas na mochila.
Carol se juntou ao grupo para terminar o caminho em Águas de São Pedro. Não é a primeira vez que percorre o Caminho do Sol, nem faço ideia dos caminhos que já percorreu, ela é uma das palestrantes do Caminho do Sol. Ela e eu levamos mochila, os outros despacharam.
Ajustei direito a mochila, minhas pernas pesavam, minhas costas e ombros não estavam tencionados. Minha panturrilha chegou formigando e tive leves dores nos ombros minutos após a chegada. Mesmo com peso acompanhei Marcelo e Hugo, que despacharam as mochilas.
O percurso foi bonito. Saímos do canavial! O Monte Branco dançou na paisagem, vimos casas coloniais, a pousada é simples. Jesus acolhe os peregrinos desde a primeira peregrinação do Caminho do Sol. Carol contou que no início a pousada ficava 4 Km adiante, era o dia mais temido, com 28 Km de percurso.
Graças a Deus estou em mais um raro grupo de peregrinos que gosta de madrugar para pegar o caminho. É muito bom caminhar no frio que vira fresquinho da manhã e só no fim do percurso a temperatura começa castigar.
De tarde levei Rossana e Sandra para carimbar passaporte na Venda do Zé. Bebedora inveterada que sou, capaz de virar meio litro d’água depois do almoço, na venda pedi uma garrafa de Del Vale Fresh de laranja com 200 ml.

Arapongas, bairro de Mombuca, 25 de julho de 2018

Hoje foi o dia sem mochila. Jorge nos acompanhou. Me perdi com Marcelo e Hugo duas vezes, quando tive dúvida sobre qual direção tomar. Voltamos para o caminho em todas as vezes, na segunda estávamos a 1 Km do asfalto de Rio das Pedras, pegamos o sentido oposto ao bairro de Arapongas. Pedimos ajuda e os funcionários da Raizen nos levaram até o encontro de Jorge e Sandra, pouco depois de onde nos desviamos.
Não tomei café preto e mesmo com as várias subidas do percurso não tive palpitações. Panturrilhas amanheceram com um resto de dor, tomei Ibuprofeno, elas chegaram ao destino sem dor alguma. Escápulas nem se fala, usei só a mochila de ataque com o mínimo, uma garrafa d’água extra e meu cantil.
Antes de sair Kalango me ensinou a ajustar corretamente a mochila, de um modo que não concentra peso algum na escápula, o peso fica na cintura. Testarei se realmente aprendi amanhã.
10 metros antes da área de descanso com banquinhos resolvo parar na sombra e comer uma maçã. Marcelo foi adiante, Hugo parou comigo, Jorge chegou com Sandra e foi o primeiro a dizer que não queria parar. Jorge saiu conosco de manhã e acompanhou Rossana e Sandra. Rossana parou e pegou carona com Kalango no ponto em que eu, Marcelo e Hugo nos desviamos do caminho.
Caminhar no canavial crescido é agradável, duas paredes formando um corredor só. O problema é a sinalização no canavial, por isso a compania de Jorge foi fundamental.
No almoço Artur nos explicou muito como funciona o Caminho do Sol, o voluntariado, os projetos... e eu e Sandra quase esquecemos de lavar roupa. Também visitamos o orquidário de dona Lenilda.
Hoje não usei meu aplicativo maluco, só observei os sinais. Kalango explicou o percurso melhor do que o guia impresso. E mesmo assim me perdi. Está difícil passar um dia sem errar o percurso. A diferença é que me sinto mais segura me perdendo em grupo.
Quem nos recebeu no albergue foram Artur, Erica e Job, que nos fotografou após a área de descanso. Antes do jantar Job nos presenteou com canções de ópera, pois é um tenor. Foi sua primeira apresentação de tenor vestido de peregrino. Daí fica a questão: quem são os peregrinos? A gente mal faz ideia de quem são as pessoas que cruzam nosso caminho. Nessa viagem procuro conhecer mais as pessoas, embora os lugares sejam bons e a experiência de caminhar me deixe feliz.
Essa foi a comemoração do 16º aniversário do Caminho do Sol, data de São Tiago Maior. Caminhada, comida muito boa, como nos últimos 3 dias, e música clássica.

P.S.: Um dia de baixo sinal de internet, outro sem acesso telefonico para receber SMS e validar entrada no blog, hoje teremos 3 abobrinhas.

terça-feira, julho 24, 2018

Mombuca

“Seja a mudança que você deseja ver no mundo.” (Mahatma Gandhi) Foi a frase que encontrei em cima da toalha ao chegar no albergue de Mombuca. Kalango, Delma e Érica nos receberam 14h. Esse albergue e o próximo são mantidos por peregrinos voluntários.
Esperamos por Rossana e Sandra 1h no Bar do Jarbas, partimos de lá sem elas. Pouco depois Hugo tirou minha foto com Capivari ao fundo.
Subidas e mais subidas exigindo um bom coração, e o meu resolveu palpitar de felicidade logo após tomar café com leite de manhã. Problema resolvido: limei a cafeína desde então. Subidas realmente exigem mais do corpo, quando o coração palpita devido a atividade física o remédio é parar e esperar passar. É um sinal de que você usa seu corpo demais, ele precisa de um descanso.
Na casa dos Bianchin paramos por menos tempo. Queríamos tanto um refresco que esquecemos de carimbar o passaporte.
Eu e Rossana compartilhamos nossa localização com Kalango pelo Whatsapp. Andamos em 2 grupos: as meninas machucadas, os experientes e a foguetinho. As meninas gostam de sair mais tarde, eu quero ver o sol nascer e pegar um sol bem ameno. Hoje fazia 13° quando saímos e a previsão era fazer 28° à tarde. O clima não está quente a ponto de precisar hidratar o nariz.
Meus ombros não doem. O que doem são minhas escápulas e panturrilhas. As escápulas doem por mau ajuste da mochila, as panturrilhas doem pelo uso mesmo. Tudo resolve-se com creme de arnica, no dia seguinte não dói nada.
O guia diz que o percurso de hoje tem 19Km, mas meu aplicativo maluco somou 23Km. Mais uma vez me perdi na cidade, andei 1 quarteirão fora da rota antes de chegar no bar do Jarbas. Isso não dá 4 Km de diferença. O bom do meu aplicativo é noção de tempo e distância percorrida, mesmo que exagere.
Depois da fazenda da família Bianchin tem uma ponte com só 1 corrimão que dá medo. Kalango disse que precisa ser assim para os ciclistas passarem segurando a bicicleta.
Kalango tem um bom papo, lembrou-me que foi ele quem fez a brincadeira infeliz entre flecha e seta comigo ano passado no meu momento de desespero. Disse que foi por isso que o chamei de famoso quando se apresentou, e que soube do sermão que ele levou do meu primeiro grupo. Ele me apresentou o aplicativo Wikiloc, usado inclusive para gravar rotas e disponibiliza-las publicamente. Avisa o esportista quando ele sai da rota. De resto ele tem as mesmas funcionalidades que o Sportractive que uso, e deve ser mais preciso também.
No jantar saberemos os detalhes dos próximos 24 Km.

segunda-feira, julho 23, 2018

Fazenda Milha, Capivari

Hoje, exatamente às 9h48, depois de percorrer 17 Km, cheguei ao meio do Caminho do Sol. Esperei os colegas por 1h, não esperamos Sandra porque ela foi a última a sair.
Tirei lindas fotos dos canaviais, embora a paisagem fique menos árida nas proximidades da Fazenda Milha. Segundo meu aplicativo de caminhada foram 30,5 Km, errei o percurso na cidade. Segundo o guia impresso eram 21 Km. Foram 4h de caminhada pura, contando o tempo que esperei no meio do caminho levei 5h.
No quilometro 13 hesitei trocar de caminho e parei de supetão, meu coração disparou, tirei a blusa de frio, tomei um gole d’água, esperei alguns minutos, voltei a andar bem devagar. Pensei que ia morrer. A partir de então não parei para tirar foto.
A represa da Fazenda Milha é maravilhosa, refresca o caminho, bordas bem arborizadas... Mas eu estava há miliano contornando o lago e a fazenda não chegava! Cheguei com Marcelo e Hugo mais ou menos 12h40.
Pouco depois da placa avisando que faltavam 5 Km, havia uma mesa de pedra com banquinhos em volta e um lanche e água fresca em cima nos convidando a uma pausa. Estávamos em 3, tiramos foto, pegamos nossos lanches, deixamos água e lanche para as duas peregrinas restantes.
Cheguei com os pés quentes, depois do almoço as batatas da perna começaram a doer, e por fim foi a vez dos ombros. Brilhante ideia de fazer alongamento e depois massagear com creme de arnica. Também passei creme nas escoriações que ganhei na cintura por ajustar mal a mochila.
Sandra foi vítima do ataque das bolhas d’água. Rossana está penando com o joelho, que começou doer ontem, no primeiro dia dela de caminhada.
Descobri que minha bota e do Marcelo são da mesma marca. Ele é o peregrino mais experiente entre nós. As novatas são Rossana e Sandra. Dessa vez não sou a Tartaruga Touche do grupo, estou mais para foguetinho. Um papagaio de pano nos recebeu na pousada. Imaginei os colegas do ano passado chegando, justamente no dia em que a colega apaixonada por papagaio saiu.
Entre os círculos de pedra da fazenda há um labirinto com uma única rota que nos ensina que por mais que demos voltas conseguimos chegar ao objetivo. A felicidade aqui encarou o labirinto sem descansar antes, depois de lavar roupa, almoçar e tomar banho.
Agora é descansar para os próximos 19 Km com muita subida.

domingo, julho 22, 2018

Elias Fausto

Encontrei os peregrinos. QUASE todos começam daqui, Rossana começou de Salto. Mais uma vez sou a novinha do grupo.
Sandra também mora em São Paulo e foi a última a chegar, nos encontrou na igreja de São José durante a bênção aos peregrinos. O pároco comemorava com a comunidade seus 11 anos de ordenação.
Rossana mora em Curitiba mas nasceu em São Paulo. Chegou na pousada 11h40, depois de percorrer 19 Km. Pouco depois chegaram os amigos Marcelo e Hugo do Rio de Janeiro. Marcelo é pernambucano, enquanto Hugo é cearense mas vive nos Estados Unidos desde 1970. Foi divertido entender Hugo falando em inglês, mas não me atrevi a responder no idioma.
Peguei carona com Jorge em Indaiatuba, chegamos na pousada 15h. Conversamos com Rossana, Marcelo e Hugo sobre bolhas de pé, remédios e equipamentos de peregrino, viagens, idiomas e seus sotaques, suas formas de pronúncia. Próximo das 16h tomamos sorvete. Eu precisava de 2 bolas numa casquinha porque almocei um sanduíche no onibus.
Depois do sorvete Marcelo e Hugo tomaram banho. Kalango os trouxe do aeroporto. Eu vim de casa de banho tomado.
Depois da missa comemos uma pizza com o esposo de Sandra, que a trouxe de carro.
Amanhã serão 21 Km e chegaremos na metade do caminho. Bom começar assim, não?

sábado, julho 21, 2018

“Meu pé, meu querido pé

que me aguenta o dia inteiro
ôu ôu...”

São Paulo, 14 de junho de 2018

Falta pouco mais de um mês para dia 22 de julho, quando me juntarei em ELias Fausto aos peregrinos que iniciarão o Caminho do Sol dia 18 de julho. Estou me preparando de forma diferente do ano passado.
Antes participei de algumas corridas, agora treino musculação na academia três dias na semana e caminho longas distâncias nos finais de semana, no mínimo 5Km. Esse novo método me rendeu uma dor no pé esquerdo último sábado porque além de caminhar resolvi lacear minha nova papete.
Papete serve para descansar os pés quando chega na pousada e caminhar quando se tem problemas com a bota. Nos 4 dias em que percorri o Caminho do Sol em janeiro de 2017 a bota não me trouxe nenhum problema, mas a papete nova precisa estar boa quando precisar dela, por isso os testes. A dor muscular que esse teste inicial causou me levou a testar também o tratamento: creme à base de arnica e ibuprofeno antes de dormir. Pela manhã, mais creme de arnica no pé.
A dor começou sábado após a caminhada, mas só iniciei o tratamento segunda-feira. Não mudei minha rotina, mas percebo que não caminhar ajuda muito, quanto mais descanso, menos dor. Se tiver dores musculares no Caminho do Sol usarei os mesmos remédios e precisarei suportá-la enquanto caminho. Não será muito difícil pois enquanto o músculo está bem aquecido ele não doi, assim como em repouso.
Já possuo tudo que preciso carregar na viagem, nesses últimos meses meu foco é cuidar do corpo. Espero dessa vez aproveitar o resto do Caminho do Sol e terminá-lo. O primeiro caminho de tantos outros que virão.

Banho é bom
banho é bom
banho é muito bom

agora acabou!”
Meu pé meu querido pé, Hélio Ziskind

sexta-feira, julho 20, 2018

“Na linha do horizonte

do anto da montanha
por onde quer que eu ande
esse amor me acompanha...”

São Paulo, 29 de abril de 2018

Ontem foi dia de caminhar com peregrinos do Caminho do Sol que caminharão pela rota portuguesa até Santiago de Compostela em maio. Nessa caminhada de despedida nos encontramos na esquina da Avenida Paulista com a Rua da Consolação e fomos visitar o Museu do Futebol no estádio municipal Pacaembu, depois voltamos até o shopping Center 3 onde descobri que há uma loja da Body Shop, visitamos o recém aberto Instituto Moreira Sales e depois almoçamos numa hamburgueria numa galeria próxima do centro cultural da FIESP e em frente o Shopping Cidade.
Serão sete peregrinos do Caminho do Sol que farão o Caminho de Santiago, porém nem todos foram na caminhada. Contando comigo, a caminhada reuniu 7 pessoas. Conheci melhor Tatiana e Zeca, a primeira colega que encontrei foi Ana Paula, que percorreu o Caminho do Sol em outubro do ano passado. Bolhas, dores no pé, dois ou três dias em que foi de carro para a pousada seguinte, diversos dias em que caminhou sem mochila, ela conseguiu completar a caminhada. E eu, sem dores nos pés, parei antes da metade do caminho por bolhas nos pulsos causadas pelo sol. Lamentei minha decisão até Tatiana dizer que parei na hora certa pois o Caminho do Sol a partir de Elias Fausto é muito mais aberto, recebe muito mais sol e meu problema só tenderia a piorar mesmo com a blusa emprestada de Guerino. Outro ponto aprendido foi que preciso de uma papete de verdade, não uma sandália de salto estilo papete que usei ano passado. Uma sandália de salto ocupa mais espaço na mochila do que uma papete comum; aprendi também que não posso troca-la por chinelo de dedo porque chinelo não é confortável em longas caminhadas. A papete substitui a bota de caminhada em situações de desconforto, como me ensinou Ana Paula com seu relato de peregrinação.
Ontem foi a primeira vez que entrei num estádio de futebol, começamos a visita ao museu passando pelo túnel entre o vestiário e o gramado, sentindo as vibrações da torcida. O Museu do Futebol mostrou-se um verdadeiro museu da cultura brasileira, fala das origens do futebol no Brasil mas também das famílias e como a sociedade brasileira se estrutura, se comporta. Não tem só futebol, tem até Jovem Guarda e o coreano Psy. Você pode jogar futebol num pequeno campo virtual interativo, chutar a gol e medir a velocidade do chute, conhecer melhor seu time e saber da existência de outros mais numa seção onde estão grandes fichas sobre os clubes brasileiros.
O Instituto Moreira Sales procura mostrar a construção de São Paulo em todos os aspectos: arquitetônico, social, cultural. Nove andares, uma escada entre vidros, elevadores, duas exposições fotográficas, um estúdio com dezenas de fotos e vídeos do acervo do Instituto no nono andar, um cinema com várias salas no térreo ou subsolo. Tenho medo de escadas envoltas em vidros, me aproximei com cuidado do parapeito de vidro do mezanino para fotografar a vista daquela parte da Avenida Paulista. No Pacaembu também temi ao passar pelo corredor elevado em frente a entrada, mas consegui tirar foto da visão da praça Charles Miller.
Uma coisa que só percebi no dia anterior ao passeio, durante uma aula de um dos cursos de Espiritismo que faço esse ano, é que durante a peregrinação o que mais tenho é o auxílio e presença de Deus. Ao contrário da minha intenção em ajudar o próximo durante o caminho, o que mais ocorreu foi os próximos me ajudarem. Mesmo que dificilmente algum companheiro de caminhada me esperasse ou acompanhasse. Eles não foram as únicas pessoas que encontrei pelo caminho. Deus age de diversas formas na vida de todos, cabe a cada um fazer a própria parte rumo ao que deseja e confiar que Deus nos enviará o que for necessário. Diversas vezes nossos desejos são caprichos, o que queremos pode não nos fazer tão bem, outras vezes precisamos aprender com as provações que a vida nos presenteia.
Minha programação é comprar uma papete aventureira, consertar o rasgo da minha mochila cargueira porque pode chover em julho, me preparar melhor psicologicamente para completar o percurso, não gerar grandes expectativas. Que eu saiba aproveitar cada dia.

A luz que vem do alto
aponta o meu caminho
é forte no meu peito
eu não ando sozinho”
Fé, Erasmo Carlos

quinta-feira, julho 19, 2018

“Levanto

sigo o vento
o susto espero passar
se não me faz sentido
não me comprometo...”

São Paulo, 30 de outubro de 2017

Hoje tive a triste notícia de que a empresa em que trabalho não me concederá férias novamente em janeiro. O jeito é pedir para julho do ano que vem.
Em agosto voltei para a academia para me preparar para a viagem de janeiro e o que ganho? Nem emagrecer direito consegui.
Ontem prestei mais um concurso público. Pensei: agora é focar na academia, no artesanato e leitura livre para viajar feliz da vida em janeiro. Não viajarei. Viagem adiada por mais seis meses.
Talvez nesse desânimo eu caçe mais um concurso pra chamar de meu, talvez apenas aguarde os resultados dos que prestei e nesse interim preencho meus dias com artesanato, leitura, atividade física, estudos espíritas, voluntariado.
Oportunidades. Talvez em julho use casaco corta vento, blusa de frio e capa de chuva no Caminho do Sol. Espero estar mais magra e forte fisicamente, espiritualmente mais preparada já que ano que vem começo dois cursos espíritas ao mesmo tempo.
Agora estou desapontada, é triste ver uma programação cultivada com tanto esmero ser adiada. Deixa estar. Ainda vou me acostumar com o que a vida me dá, ainda vou me acostumar comigo.

Foi assim
foi assim que foi
ainda vou me acostumar comigo
ainda vou me acostumar”
Foi Assim, O Teatro Mágico

quarta-feira, julho 18, 2018

“Bendita e Louvada Seja,

No céu a divina Luz!
E nós também cá na terra,
Louvemos á Santa Cruz!...”

São Paulo, 21 de setembro de 2017

Hoje descobri a existência do Caminho Religioso da Estrada Real (CRER), oficialmente inaugurado em 3 de setembro desse ano. Nessa data peregrinos experientes formaram um grupo chamado Romaria 550 e saíram do santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, Minas Gerais, rumo ao santuário de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida do Norte, São Paulo. Os romeiros chegarão ao destino em 9 de outubro.
A rota foi idealizada em 2001, quando um grupo de peregrinos percorreu em trinta e seis dias seus mil quilômetros verificando o que era necessário para funda-la seguindo os moldes do Caminho de Santiago na Espanha e o Caminho da Fé no Brasil.
2017 marca 250 anos de peregrinações ao santuário de Nossa Senhora da Piedade, padroeira de Minhas Gerais, e 300 anos de aparição da imagem de Nossa Senhora, padroeira do Brasil, por isso a inauguração esse ano.
Como todas as peregrinações, ninguém é obrigado a concluí-la de uma vez, pode percorrer por etapas. A inovação dessa rota é que ela pode ser percorrida tanto de Minas Gerais para São Paulo quanto ao inverso.
É o mais novo caminho da Estrada Real, que possui um instituto e passaporte próprio. A Estrada Real até agora possui quatro caminhos: dos Diamantes, Novo, Velho, Sabarabuçu. Me alegro em ser contemporânea a criação de um novo caminho.
Mais uma peregrinação para meus planos, porém nessa embarco depois de chegar a Santiago de Compostela. Até a data se aproximar espero que a organização e infra estrutura do caminho melhore, ele torne-se famoso e bastante frequentado.

Os anjos no céu contentes,
Louvando estão a Jesus!
Cantemos também na terra,
Louvores á Santa Cruz!”
Bendita e Louvada Seja, canção católica

terça-feira, julho 17, 2018

“Há flores

cobrindo o telhado
embaixo do meu travesseiro...”

São Paulo, 18 de setembro de 2017

Dia 16, sábado, fui com Silvana em Holambra visitar a Expoflora. Ela tirou uma ótima foto minha, no estilo peregrina no caminho das flores. Eu vestia calça bermuda (no momento bermuda), camiseta regada, chapéu, sandália plataforma preta com velcro. Estava sentada no caminho de pedrisco na beira do canteiro de flores pequenas, com o cantil entre as pernas e uma mochila pequena nas costas. A mochila não é visível na foto, nem o cantil se vê direito.
O cantil novo fez seu trabalho. A capacidade não supera minha sede do dia inteiro, foi necessário enchê-lo novamente. Quando fica quente a água fica com um leve gosto de plástico sim, ele não é excepcional. Um legítimo cantil Mohave feito de couro talvez deixe a água sem sabor no calor. Porém um ponto muito positivo em relação ao cantil anterior é o conforto em carrega-lo ao lado do corpo.
Nas fotos percebo o quanto sou branca, tenho uma brancura leitosa e luminosa. O protetor solar que usei ainda é fator 30, sei que um dia passeando ao ar livre não me dá problemas nem marcas. Passei uma vez nas pernas - quando transformei a calça em bermuda, e três vezes no rosto, ombros e braços ao longo do dia.
Saímos 7h do metrô Ana Rosa no ônibus da excursão, voltamos pouco depois das 18h30 da Expoflora. 22h estava em casa. Antes de entrar na feira fizemos passeio turístico em Holambra, conhecemos a cidade, pontos turísticos, paramos numa fazenda produtora de flores. Cheguei a espantosa conclusão de que produção industrial é sempre desumana.
Holambra é a maior cidade produtora de flores ornamentais do Brasil, a capital das flores, vende para o país inteiro e até para o exterior. Para conseguir esse feito precisa de tecnologia, não de computadores, mas científica, que possa ser usada na produção agropecuária. A cidade também produz laranja, leite e outras culturas, enfim, não vive apenas de flores. Os imigrantes holandeses chegaram na região fugindo da segunda guerra mundial, penaram com o solo mas conseguiram corrigi-lo para produzir bem. Economicamente Holambra vive de cooperativas, desde sua fundação o povo une forças e cuida da cidade.
O que uma plantação industrial de flores tem de desumano? Altera o relógio biológico das plantas através da claridade. Se é necessário mais claridade do que a época oferece, lâmpadas iluminam a plantação, se precisa de mais escuridão, 16h os sombrites das estufas descem. Isso sem contar a manipulação genética. Para termos belas flores em grande quantidade nos mercados o ano inteiro, esse relógio biológico maluco é necessário.
Uma tremenda judiação com as plantas, parece que ninguém se colocou no lugar delas para protestar contra a produção em massa. Ninguém imagina que vegetal também sofre, se estressa, fica louco. Só querem belas flores e bons frutos, esquecem que vegetais também são seres vivos.
Sorte das flores que são tratadas com mais carinho depois de compradas. O que dizer das que formam coroas funerárias? Ou os buquês belíssimos que definham em vazos? Percebo que a vida tem muita tortura e morte, mas as flores mostram que nada é tão funesto e triste; morte é algo natural, tortura muitas vezes é dispensável mas é através do sofrimento podemos aprender e nos desenvolver mais rápido.

Há flores
por todos os lados
há flores em tudo que eu vejo”
Flores, Titãs

segunda-feira, julho 16, 2018

“Eu

me senti como um rei
me larguei
dormi
nas margens de mim...”

São Paulo, 13 de setembro de 2017

Hoje Guilherme me deu presente de aniversário atrasado: um cantil estilo mohave com capacidade de 750 ml. Quando pensei em comprar cantil ele falou que daria um para mim e tocamos a escolher um modelo na internet. Espero que não arrebente a alça nem me deixe na mão. Já tem data para ser testado: próximo dia 16, quando irei em excursão para Holambra, ver a Expoflora com Silvana.
Ontem terminou a Beauty Fair (feira da beleza), onde estive como manicure. Não participei do congresso de manicures domingo porém consegui ingresso para entrar na feira com Sérgio, meu primo que é vendedor da Mundial e Impala. A feira envolve quatro tipos de profissionais: manicures, cabeleireiros, maquiadores e esteticistas. Esteticistas cuidam principalmente da pele e é nesse ponto que a feira se relaciona com minha viagem.
Na Beauty Fair encontrei empresa vendendo roupas com fator de proteção solar 50. Comprei minha terceira blusa de manga comprida e luvas curtas sem as pontas dos dedos, que cobrem as falanges proximais, as primeiras falanges. As luvas também protegem os pulsos – meu medo de bolhas das queimaduras de segundo grau agradece.
Fiquei encantada com as luvas. A princípio me pareceram desnecessárias, protetor solar resolve o caso; porém com o tempo pensei melhor: ainda tenho três peregrinações pela frente, depois delas quero visitar desertos quentes, luvas com proteção solar são necessidade, investimento em férias aventureiras. Proteção que não sai quando suamos e ainda deixa a pele respirar.
Os desertos que pretendo visitar depois de peregrinar a Santiago de Compostela são o Atacama, no Chile e o Salar de Uyuni, na Bolívia. Descobri o Salar de Uyuni essa semana, é o maior deserto de sal do mundo. O frio definitivamente não me atrai, no máximo faço excursão para ver Pinguins de Magalhães nas praias argentinas. Animais em habitat natural é outra coisa, é onde sempre deveriam estar, não em jaulas para exposição e preservação. Devemos preservar o planeta inteiro, assim toda forma de vida agradecerá.
Roupas de viagem compradas, agora é focar na carcaça, esse corpo que ainda não emagreceu. Em agosto voltei para a academia, pedi treino para fortalecer articulações inferiores, músculos, e emagrecer. Encarei uma nutricionista normal, veremos se comendo a cada três horas emagreço. Nos sábados em que não frequento o asilo como manicure volto do curso de espiritismo a pé para casa percorrendo 13 Km. Nos primeiros e últimos sábados do mês o Lar Bartuíra recebe grupos de voluntários que fazem lanche e festa, escolhi esses dias para não ir.
Hora de perseverar no objetivo: não faltar aos treinos, maneirar no prato de comida, mastigar muito mais para aproveitar bem os alimentos e não sobrecarregar meu estômago. Quero um corpo melhor para a viagem, mereço um corpo melhor para viver.

De qualquer maneira
parte em mim
diz valer a pena
ser assim
que no fundo é simples
ser feliz
difícil é ser tão simples
difícil é ser tão simples
difícil mesmo é ser”
Nas Margens de Mim, O Teatro Mágico

domingo, julho 15, 2018

“Já podeis da Pátria filhos,

Ver contente a Mãe gentil!
Já raiou a Liberdade
No Horizonte do Brasil,
Já raiou a Liberdade
Já raiou a Liberdade
No Horizonte do Brasil!”

São Paulo, 8 de setembro de 2017

Ontem foi feriado da independência do Brasil e comemorei com a turma do Caminho do Sol caminhando pela cidade. Artur criou o percurso e nos convidou, estávamos em 5: Agiberto levou mochila e cajado, Solange, Claudia e eu estávamos apenas com mochilinha, Artur não carregava nada, apenas histórias pra contar e o percurso na cabeça.
Vó nos recebeu com seu cachorro Eros na saída do MASP e caminhou conosco até a lanchonete onde Solange e Agiberto foram lanchar. Saímos cerca de 8h35. Do MASP fomos ao parque da Aclimação, onde demos uma volta no lago. Foi minha primeira vez no parque, chegamos próximo às 10 horas e vimos muita gente caminhando e correndo lá. O parque é muito arborizado e saindo do entorno do lago encontramos muitos morrinhos.
Saímos do parque da Aclimação e fomos ao Parque da Independência, onde visitamos a Casa do Grito e encontramos Isabel nos oferecendo água geladinha. Ela mora perto do parque, iria nos acompanhar até o Jardim Botânico porém no caminho seus pertences caíram e ela preferiu voltar para casa. Antes de chegar na Casa do Grito tiramos foto de nós 4 em frente o Museu do Ipiranga. Artur nos contou a história do Grito da Independência, que não teve participação alguma do povo. O povo baiano, que lutava por independência soube que estávamos livres depois de 3 meses do episódio às margens do Ipiranga.
Na Casa do Grito Artur nos contou sobre a bandeira: a intenção era ter formas simples e parecer um olho. O criador olhou para o céu no início da noite e viu a combinação das folhas de uma Sibipiruna, suas flores amarelas, e o azul ao fundo. O céu do Rio de Janeiro na independência está estampado no disco azul da bandeira, porém o Cruzeiro do Sul foi retratado invertido para dar a ideia de que alguém de fora da Terra (Deus) está olhando o Brasil. Ao sairmos da Casa do Grito Artur perguntou se queríamos o percurso mais rápido para o Jardim Botânico ou o menos barulhento. Agiberto e eu preferimos o menos barulhento, as outras duas caminhantes não se manifestaram.
Perguntei a Artur se era boa ideia comprar chip de celular europeu pra ligar pra casa enquanto se caminha rumo a Santiago. Ele disse que há chips que funcionam na Europa inteira e outros mais baratos que ligam somente para a região X. Cheguei a conclusão de que com a chamada telefônica via Whatsapp minha vontade de ligar pra casa todo dia e falar 20 minutos com minha mãe estará sanada. Encaro o caminho português para Santiago no mínimo daqui a 3 anos, até lá o uso de dados móveis e o pacote mínimo tende a melhorar.
Paramos num barzinho para um rápido lanche. Claudia comeu um salgado, Solange uma água tônica, Agiberto e Artur um refrigerante, eu um sorvete mousse de maracujá. Claudia queria desistir, porém Solange e Artur falaram que dalí a uma hora estaríamos no Jardim Botânico.
Quando cheguei no Carrefour ao lado do shopping Plaza Sul comecei a ficar cansada: pensei que não chegaria, estava muito longe do destino. Porém 13h35 estávamos almoçando com outros amigos do Caminho do Sol no restaurante do Jardim Botânico. Foram 5 horas para percorrer 16,6 Km. Cheguei a conclusão de que o que pesa não é a distância, mas o tempo de caminhada. Os colegas sentiram o percurso difícil nas horas mais quentes, eu não vi dificuldades no percurso em si.
16h me despedi do grupo e fui para casa: queria um bom banho relaxante e descansar o resto do dia. Aproveitei que o primeiro ônibus me deixou na Saúde e comprei protetor solar com cor de base. Em casa não fui direto pro banho: fiquei de top e short por horas no sofá fazendo artesanato com minha mãe enquanto víamos TV. Banho mesmo fui tomar 18h, e a sensação das batatas das pernas formigando meio bobas passou bastante. Solange chegou em casa 19h, quando eu já havia preparado bolsa e mochila para trabalhar 6ª e meus programas de sábado. Sábado vou na Federação Espírita, no Lar Bartuíra e na Casa das Rosas.
Estou mais independente em relação ao início do ano. Preparando café da manhã para meus pais, tratando dos animais. Sei me virar na ausência dos pais e isso faz com que eles fiquem tranquilos para cuidar do sítio ou viajar para outros lugares.
Minha vida atual é trabalhar, estudar para concurso, fazer artesanato, preparar meu corpo para a peregrinação, estudar espiritismo, ser manicure voluntária no asilo, declamar poesia minha em sarau. Não tenho espaço para namorar, um romance só atrapalharia minha agenda. Por quanto tempo seguirei essa rotina? Até meus projetos serem executados ou meus objetivos serem atingidos. Demora mais de cinco horas diárias, porém é certo que um dia chego onde quero.

Brava Gente Brasileira
Longe vá, temor servil;
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.”
Hino da Independência do Brasil

sábado, julho 14, 2018

“Caminhando e cantando e seguindo a canção

somos todos iguais braços dados ou não...”

São Paulo, 3 de agosto de 2017

Ontem atualizei a lista dos itens de viagem. Bela lista para imprimir e conferir nas vésperas da viagem. Tirei casaco corta vento, blusa fleece e óculos escuros; acrescentei creme contra dor muscular, vaselina, Ibuprofeno, hidratante pós sol e loção contra queimadura: 46 itens no total. A loção é o remédio rosa, para passar caso me queime de fato, o hidratante pós sol é prevenção após o banho.
Entre março e agosto prestei concurso público, no qual não passei, e fiz curso profissionalizante de manicure. Trabalho voluntariamente no Lar Bartuíra como manicure nas tardes de sábado. Lá só esmalto unhas das vovós. O Lar Bartuíra é uma divisão da Casa Transitória Fabiano de Cristo, instituição de caridade mantida pela Federação Espírita do Estado de São Paulo, a Casa Transitória é composta de duas creches além do asilo. Presto novo concurso dia 6.
Hoje é dia de lançar minha página de manicure no Facebook, oferecendo serviço a domicílio depois do meu expediente como secretária. Gana por dinheiro? Longe disso! Faço unha por diversão. Peguei gosto em espalhar beleza, resgatei meu gosto primitivo por cores. Minha paixão é embelezar mãos senis, peguei mamãe como garota propaganda. Tio Nuna me apoiou muito: não bastasse os esmaltes Impala que guardei ao longo dos anos, me deu o material de cutilagem. Depois da minha festa de aniversário pretendo me candidatar como manicure aos domingos no salão que funciona dentro do Carrefour mais próximo de casa. A condição das manicures do salão da rua é horripilante! O trabalho final delas pode até ser bom, mas é muito amador: sequer possuem dosador de acetona e biossegurança passa quilômetros dalí - usam forninho de esterilização. Forninho! Coisa que não esteriliza nada!
Praticando meu hobby de manicure aos fins de semana não terei tempo para longas caminhadas preparatórias. O remédio é voltar pra academia firme e forte, de terça a quinta-feira. Além de usar meu stepper toda santa madrugada. Um bom livro e a rádio Eldorado me acompanham no enfadonho exercício matutino – prefiro caminhar ao ar livre.
Ontem participei do jantar comemorativo dos 15 anos de existência do Caminho do Sol. Aconteceu no restaurante do hotel Feller, próximo à estação Brigadeiro.
Conheci Jorge, Roberto e Solange, que ficaram na minha mesa. Também estava acompanhada de Débora, do Armazém do Limoeiro, e a Vó, que participou do primeiro grupo de caminhada em 2002. Vó, Camila e Artur organizam o apoio aos peregrinos. Débora contou que entregou as chaves do armazém ao novo proprietário semana passada, não é ela quem cuidará do ponto de parada, contou que o armazém está todo depredado já que com as dívidas da família não havia como conservá-lo. Entregou a Palma uma foto de quando a imagem de Santiago passou pelo armazém – se não me engano foi em 2012. Palma também recebeu uma placa comemorativa dos 15 anos de existência do Caminho do Sol, placa que segundo ele pertence a todos os peregrinos e voluntários que efetivamente fazem o caminho, ele apenas idealizou e mantém a sinalização. Ele quis dizer que o início é importante, mas é a persistência do grupo que mantém os projetos vivos.
Jorge mora em Indaiatuba, percorreu o caminho pela segunda vez em março e auxilia os peregrinos no trecho entre Aras do Mosteiro e Fazenda San Marino. Contou que muita gente desiste antes da metade do caminho, raros abandonam depois da Fazenda Milhã – que é minha próxima parada. Um ponto estranho: depois de Elias Fausto a paisagem fica mais monótona – cana por todos os lados – e no entanto é quando os peregrinos menos desistem. Passar da metade do caminho tem efeito animador, ou os primeiros quatro dias é o período de maior dificuldade em adaptar-se a rotina. Jorge tem descendência espanhola, família em Sevilha. Contou que o verão europeu é extremamente quente e seco, temperatura entre 30 e 50 graus sem a menor umidade. Desisti de percorrer a rota de Santiago no verão, o melhor mesmo é o início da primavera: fim de março, início de abril.
Roberto fez o Caminho da Fé a partir de Águas da Prata, cidade que iniciou a criação do caminho. Outros ramais como Mococa, de onde pretendo partir, aderiram ao Caminho da Fé mais tarde. Contou que o caminho é muito bem sinalizado e arborizado, possui mais movimento porque tem cunho religioso. Deve-se tomar cuidado e não demorar muito no percurso devido aos animais selvagens – tem até onça. Ele procurava sempre visitar as igrejas nas cidades onde parava. Como é de se esperar, Caminho da Fé tem MUITA igreja. Atualmente ele está animado em fazer o Caminho da Luz, que vai do Espírito Santo até o Pico da Neblina no Rio de Janeiro. Contou que o Caminho da Luz tem esse nome porque possui muitas pedras preciosas que refletem a luz noturna.
Roberto e Jorge deram-me conselhos de como não queimar os braços, pois contei da minha queimadura de segundo grau. Ambos já percorreram o Caminho de Santiago, Roberto contou que sua esposa levou a mochila num carrinho porque perdeu um músculo peitoral para o câncer. Convenceram-me a definitivamente não colocar blusa de frio na mochila se pretendo caminhar no verão. Até o início da conversa estava propensa a carregar minha blusa já que ela pesa tão pouco. O problema é que faz volume, ocupa espaço - além de ser inútil no verão.
Falou-se muito em lugares, paisagens, climas, mas o que faz os caminhos vivos de verdade são as pessoas que o percorrem. São as pessoas que tornam os lugares únicos, com elas interagimos mais do que com a paisagem. São pessoas que nos marcam, não belezas naturais. Não falei dessas convicções para os colegas, mas sei que Palma também partilha essa ideia, por isso agradeceu a presença de todos e nos disse que somos parte do caminho.
A comemoração dos 15 anos do Caminho do Sol foi como se a planta agradecesse o semeador. Não se deve esquecer da força própria de quem faz e zela pelo Caminho. Fiquei grata por pertencer ao seleto grupo de peregrinos.

Vem, vamos embora, que esperar não é saber
quem sabe faz a hora, não espera acontecer”
Pra não dizer que não falei das flores, Geraldo Vandré

sexta-feira, julho 13, 2018

“Estamos meu bem por um triz

pro dia nascer feliz
Pro dia nascer feliz
o mundo inteiro acordar
e a gente dormir, dormir
pro dia nascer feliz...”

São Paulo, 13 de março de 2017

Ontem descobri quando exatamente o céu dá seu espetáculo de roxos, laranjas, vermelhos e azuis: 5h43 da matina. São poucos minutos, as cores aparecem até 5h45 – no minuto seguinte o céu já está com seu azul claro normal do dia. Ontem fiz trilha em Paranapiacaba com Guilherme e Silvana. Precisamente às 5h45 estava na plataforma da estação São Caetano. A paisagem não era tão bela a ponto de merecer uma foto, mas o céu estava lá, provando que o sol é a estrela mais próxima desse planeta.
Se no início da semana a previsão era de chuva para domingo, na sexta-feira anterior a previsão era de tempo nublado. No dia fez um sol maravilhoso. Perdemos somente a experiência de caminhar na chuva, a mata atlântica de Paranapiacaba continua formosa.
O tempo estava tão bom que deu vontade de fazer a trilha do mirante, pena que não estava no programa dos guias. Silvana já conhecia o guia Vanderlei, não precisamos ir na AMA (Associação de Monitores Ambientais), esperamos em frente a igreja. Pela primeira vez vi o pequeno cemitério da vila, encrustado na montanha. Estava razoavelmente bem conservado. Era dia de evento gótico e Guilherme foi o primeiro a avistar alguns no cemitério. Também foi a primeira vez de Guilherme em Paranapiacaba.
Silvana continua loira, porém num tom mais natural. Pra ter noção do quanto sou desligada, se ela não fala sobre o tom do cabelo não percebo a diferença. Ela e Guilherme conversaram bastante, além de morar próximo Silvana leciona em São Caetano, por isso conhece bem as cidades. Confessou que chegou a querer morar em Rio Grande da Serra, e ainda planeja comprar uma bicicleta. O estranho foi comentar horas antes com Guilherme que mulher dificilmente pratica esporte, pois víamos vários homens ciclitas pegando o trem. Taí nossa exceção quanto a esportes: a atlética Silvana, uma típica sagitariana.
Fizemos a trilha da cachoeira escondida. Uma cachoeira pequenina, num grotão próximo a cidade. No caminho muitas bromélias, pétalas das flores de manacá da serra, lírios do brejo nas encostas. Os lírios não são nativos, os ingleses trouxeram para segurar barrancos e perfumar defuntos em 1800. Hoje são pragas que não podem ser retiradas do bioma que já se adaptou “mais ou menos” com as plantas. Caso o bioma se adaptasse de fato os lírios não seriam pragas. No início da caminhada atravessamos o primeiro campo de futebol brasileiro com medidas oficiais, e descobrimos que Charles Miller era brasileiro nato, porém descendente de ingleses. Estudou na inglaterra e trouxe o futebol como lembrança.
Fui com meu novo uniforme de peregrina: blusa e calça comprida, chapéu, bota. Durante a trilha meti a bota na água por pouco tempo e incrivelmente nem minha meia molhou. Minha bota super super fez seu trabalho: provou-se impermeável. Estava preocupada por compra-la focada mais em caminhadas longas do que trilhas, o solado de uma específica para trilhas e montanhismo talvez seja diferente, mas ela saiu-se bem em terreno muito acidentado. Não preciso de bota para trilha, até porque mal faço trilhas, o que mais faço é caminhar longas distâncias. Esse teste de trilha provou que a bota foi um bom investimento, que custou metade do meu 13º na época porém certamente me acompanhará até Santiago de Compostela. Se tudo der certo até Santiago tem muito tempo e chão.
Hoje pela manhã puxei a orelha de Silvana para comprar uma senhora bota de caminhada, pois vale a pena. O tênis dela ficou molhado, e isso é ruim para o pé, gera mais incômodos, dores, bolhas. Uma bota decente deixa a gente menos preocupado e machucado. Pesquisei e descobri que comprei realmente uma marca nacional top de linha. Meus pés merecem e agradecem.
O que uma bota de caminhada precisa ter: impermeabilidade, para não deixar água entrar facilmente; sistema de ventilação, para manter seu pé fresco quando você sua; levesa e conforto, porque ninguém suporta longas distâncias com um tijolo nos pés. Guilherme confessou que admirou minha bota, muito melhor que o coturno que ele tem. Ele foi de tênis e não molhou o calçado atravessando os riachos da trilha.
Recordando direito, essa foi a segunda trilha que encarei com a bota. A primeira foi no Camping Colinas de Cabreúva, quando atravessei com os quatro peregrinos as colinas do camping e depois pegamos a estrada rumo a Itu. Aquele terceiro dia de caminhada foi o mais emocionante: saímos todos juntos na trilha, até chegar no alto da colina meu coração disparou, depois peguei a estrada e vi a turma sumir adiante, cheguei no Armazém do Limoeiro quando já estavam de saída, usei o humilde banheiro da moradora vizinha, quase me perdi no caminho por três vezes, na quarta vez não vi sinais, me desesperei e pedi por socorro de todas as formas até o GoogleMaps dizer que estava a um quilômetro e meio de distância do ponto de chegada. Chego no Haras do Mosteiro três horas da tarde, depois de almoçar, tomar banho e lavar roupa tiro minha única foto de animais no Caminho do Sol: galinhas da angola. Me hospedo num haras e fotografo galinhas, as coadjuvantes que moram no lugar somente para caçar cobras e preservar os cavalos. Para compensar vi o amanhecer do dia seguinte enquanto tomava café.
Falando em café, hoje o cardiologista me livrou do remédio para o coração depois de ver meus exames. Continuo proibida de tomar cafeína mas as drogas que uso diminuirão a partir de amanhã – tomei o remédio em questão antes do café.
Que emoções me aguardam no caminho que ainda não percorri? Como será atravessar canaviais sem fim com o sol na cabeça? Será mais emocionante do que o terceiro dia? Que pequenas belezas saltarão nos meus olhos como os líquens vermelhos próximos ao lago de Paranapiacaba, as bromélias nos altos das árvores, ou as pétalas de flores rosadas no chão? Não, não espero flores no Caminho do Sol, irei no tórrido verão. Com camisa de manga comprida e protetor solar fator 70, para que o sol não me detenha.

Nadando contra a corrente
só pra exercitar
todo o músculo que sente
me dê de presente o teu bis
pro dia nascer feliz”
Pro dia Nascer Feliz, Barão Vermelho

quinta-feira, julho 12, 2018

“Vou voltar na primavera

E era tudo que eu queria
Levo terra nova daqui
Quero ver o passaredo
Pelos portos de Lisboa
Voa, voa que eu chego já”

São Paulo, 4 de fevereiro de 2017

Acompanhando o grupo do Yahoo eis que Artur convida a um circuito de 15 Km na cidade partindo e retornando à estação Paraíso. Aceitei de imediato, é meu último sábado de férias do curso de espiritismo. Disse que o único problema era que nunca tinha visto Artur e ele enviou foto para reconhecê-lo. Não importa quão branco esteja o bigode do companheiro, se caminha comigo JAMAIS posso chamá-lo de senhor. Senhor está no céu e é pronome para tratamento formal, se é amigo, companheiro de caminhada, hei de trata-lo sempre como “você”.
Ele está se preparando para o caminho português de Santiago, percorrerá pela segunda vez. Decidi que algum dia também trilharei esse caminho, cujo percurso também leva 11 dias. É a melhor opção para quem tira férias de 30 dias. Posso até ficar mais do que 11 dias pela Europa, posso me curar se (Deus me livre!) tiver queimadura de segundo grau novamente ou qualquer imprevisto grave com a saúde no caminho.
Meu coração anda sereno, embora tenha terminado com meu namorado logo que voltei do Caminho do Sol. Descobri que não admirava nada nele, enquanto sempre encontro algo para admirar em meus amigos. Levou pouco mais de dez meses para esse ponto me incomodar e perceber que embora ele me ame e tente sempre me agradar eu já não o amava. Mas espero de coração que ele viva muito bem e seja feliz com uma mulher evangélica - já que ele ama conversar sobre religião. Alguns vídeos que ele achava divertido eram piadas sobre evangélicos. Hoje, de evangélico não quero nem piada nem música. Voltei pra sintonia da Rádio Eldorado e descubro sons novos por lá. Dificilmente assisto vídeos, redescobri meus verdadeiros costumes e não tenho vontade de mudá-los. Novamente curto minha vida pacata, que antes chamei de vazia.
Artur é o mesmo que enviava os textos dos quais eu gostava no grupo de Whatsapp, ele é um dos voluntários que cuidam da página do Caminho do Sol no Facebook. Meu desejo de conhecê-lo foi atendido.
Éramos dez pessoas no percurso de hoje, oito que efetivamente caminharam até a avenida Quarto Centenário com a avenida República do Líbano, que foi onde a chuva nos alcançou e tomamos um táxi para almoçar na região do metrô Paraíso. Pude conhecer um pouco da realidade dos voluntários do Caminho do Sol. Conheci pessoas que passaram pela experiência e se propõem a ajudar a formar nuvens pelo caminho, importam-se com as pousadas e pontos de parada, importam-se tanto com quem mantém o trajeto onde ele está quanto com os peregrinos. Conversei bastante com Camila, que me convidou a conhecer um grande centro espírita na região do shopping Anália Franco, um dos maiores do Brasil. Realmente sou muito desinformada quanto a centros espíritas, nunca tive muita curiosidade em conhecer vários, sei que os cursos de formação de outros lugares costumam durar menos que os sete anos da Federação Espírita do Estado de São Paulo. Confessei a ela que não tenho pressa de aprender e tenho até medo da parte do curso que desenvolve mediunidade.
Hoje me descobri com medo de chuva e amante do mais tórrido calor. Quanta covardia! Não faz bem temer o clima, embora seja necessário planejar toda e qualquer viagem, tentar escolher a melhor época para realizá-la. Preciso desistir dessa ideia de temer chuva, roupas molhadas, sentir-me um lixo dentro da plástica capa de chuva.
O que encontrarei esse ano, por onde andarei até terminar o Caminho do Sol? O centro espírita em Anália Franco é um ponto a ser conhecido.
Por onde andarei depois que terminar o Caminho do Sol? Os peregrinos fatalmente chegam a Santiago de Compostela. Ganham fome de conhecer o mundo, conhecer mais caminhos. Hoje estive com os nobres que se solidarizam com os iniciantes.

Ai se alguém segura o leme
Dessa nave incandescente
Que incendeia minha vida
Que era viajante lenta
Tão faminta da alegria
Hoje é porto de partida”
Vira Virou, Kleiton e Kleidir

quarta-feira, julho 11, 2018

“Dentro de mim

Uma reza uma certeza
Um "canto-correnteza"
Que me leva à ti
A te explicar que a dor
Talvez venha nos visitar”

São Paulo, 25 de janeiro de 2017

Encerrei a primeira etapa da viagem. Separei as fotos que quis imprimir, compilei em um único arquivo todos os textos do diário de viagem que publiquei no blog enquanto viajava – com foto e tudo foram 14 páginas, busquei fotos impressas e as organizei num álbum com 153. Os cinco dias em que percorri o Caminho do Sol até ganhar queimadura de segundo grau são história, assim como o reencontro com o grupo nos últimos quilômetros dia 14, o café com prosa no dia seguinte.
A queimadura que tive foi mesmo de segundo grau, como diagnosticou o médico que me atendeu, não terceiro como sugeriu um companheiro de caminhada. Aparência da queimadura de primeiro grau: vermelhidão; segundo grau: bolhas, terceiro grau: carne necrosada e ferida exposta. O que o sol deixou nos meus pulsos foi bolha e vermelhidão, pele vermelha e enrugada.
Conversar com Palma no final foi desconcertante, não percorri sequer metade do caminho, apenas 104 Km, há muito o que ver e viver. Analisar pousadas e sugerir melhorias? Foi a primeira vez que viajei sozinha, a terceira em que fui a lugares nunca antes visitados, não sou frequentadora assídua de hotéis e pousadas para julgá-los. Antes de sair da pousada registrei uma abobrinha no “livro de visitas” do Caminho do Sol, terminei agradecendo os envolvidos com o Caminho e os peregrinos que me acompanharam.
Entrei em grupos sobre o Caminho do Sol, curti a página deles no Facebook e vi que algumas fotos que compartilhávamos no grupo de Whatsapp foram publicadas na página oficial. Lá também foi divulgado o endereço de meu blog enquanto escrevia o diário de viagem. O triste foi que as publicações sobre o Caminho do Sol pararam no dia seguinte devido ao acidente e houve uma última dias mais tarde relatando os últimos quilômetros e o recebimento da Aris Solaris.
Ainda estou em férias, não entrei em contato com muitos mas duvido que grande parte dos amigos e parentes que convidei acompanharam meu diário de viagem. Com a divulgação na página do Facebook, algumas pessoas que já caminharam comentaram no blog, espero ter sido útil para as que estão interessadas em caminhar.
Dos acertos que fiz: comprar bota com muita, mas muita antecedência (praticamente dois anos antes da viagem. Resultado: somente uma pequena bolha em cinco dias.), calça bermuda com bolso (pra ter celular à mão e outros apetrechos como balas de banana e pregadores de roupa), lavar o cabelo só com condicionador sem componentes petrolados (condicionador para co-wash), creme para dores musculares (Cataflan), remédio anti-inflamatório e analgésico para dores musculares (Ibuprofeno), hidratante com Aloe Vera, cantil de quase dois litros (nunca fiquei sem água), levar cartão do SUS, smartfone com Google Maps e configurações mínimas para aplicativos populares, limpar memória interna do celular e utilizar cartão de memória vazio para ter espaço de sobra para fotos e textos (amo escrever).
Dos erros que cometi: usar protetor solar fator 30 (deveria ser 70!), levar cantil pendurado no pescoço (o melhor é carregar no ombro para não marcar), usar a calça bermuda somente como bermuda (o tecido é leve, fresco e protege bastante do sol), não usar – ou melhor, sequer duvidar da existência de – blusa de manga comprida com filtro solar, não usar chapéu com tecido que facilita a transpiração, levar casaco de frio e jaqueta corta vento para caminhar no verão, praticar exercícios regularmente durante o ano mas nunca pegar pesado, confiar demais na minha resistência física (orgulho maldito!).
A maioria dos erros que cometi por falta ou mau uso de equipamentos já procurei corrigir quando encontrei novamente o grupo no último dia de caminhada. Hoje, feriado municipal, percorri 15 Km com minha mãe e minha tia até a igreja de Santo Expedito, acompanhando o pagamento das promessas que elas fizeram. A graça foi concedida há dez anos.
Caminhei devidamente trajada como peregrina, levando meu cantil como bolsa – só faltou o cajado. Foram 4 horas de caminhada parando algumas vezes para esperá-las. Minha mãe caminhou somente até o metrô São Joaquim, depois nos encontrou numa das saídas da Luz e completou o percurso conosco até o metrô Tiradentes, onde fica a igreja. Ela sentiu dores no calcanhar. Minha tia não sentiu dor alguma, enquanto que senti desconforto nos tornozelos. Tanto tempo de uso e ainda não aprendi a ajustar a bota direito! Ambas levaram apenas meio litro de água.
Assim começa meu ano. Topando alegremente qualquer caminhada. Me sinto pronta para terminar o trajeto do Caminho do Sol ano que vem no verão, já que conheço os males da estação. Porém o melhor é domar o orgulho e viver um dia de cada vez, me preparando para a nova jornada.
Motivos espirituais, filosóficos e religiosos para completar o Caminho do Sol? Não preciso. Caminho por alegria, curiosidade, aventura, caminho porque estou viva e caminhar faz um bem danado pro corpo e pra mente. Não tenho três pedidos para fazer ao abraçar a imagem de Santiago no fim do Caminho do Sol, assim como não tinha nenhuma causa urgente para pedir auxílio a Santo Expedito ao acordar hoje. Durante o caminho pedi ajuda ao santo – encontrei uma causa urgente – mas acredito que agir em prol dela funciona mais do que pedir auxílio a Santo Expedito.

Deixa ser
Deixa nascer
Deixa a roda girar
Seja por amor
Na alegria
Na tristeza
Vem comigo ser meu par!”
Deixa Ser, O Teatro Mágico