terça-feira, outubro 15, 2019

São Sebastião da Grama

Começo esse dia com foto da Primavera no caminho. Mais adiante passei por colhedores, perguntei se era beterraba, a moça respondeu que sim. Comentei que era bonito e pedi que Deus os abençoasse, ela respondeu amém.
O mosteiro de onde parti é todo complicado de reservar porque o telefone tem períodos em que é atendido. Se não me engano das 8 às 12 e das 14 às 17. Para encontrá-lo você precisa procurar a igreja de São Roque, que fica ao lado.
Mas o preço é muito camarada, serve almoço, jantar e café. Tudo simples, sempre cedo. Foi ótimo tomar café às 5 e sair 6 horas. Levei uma laranja de lanche confiante no meu canivete.
No início da caminhada escuto “Tocando em frente” próximo a uma propriedade.
Quer deixar um peregrino feliz no caminho ofereça água fresca á vontade. Depois de quatro horas caminhando faço uma pausa na casa rural de dona Lurdes, Priscila e seu Benedito. Além da minha laranja e da água ainda com gelo que carregava comi duas bananas. Dona Lurdes até me ofereceu café, mas meu histórico de problemas cardíacos me impediu de aceitar. Quando caminho meu coração faz muito esforço e café acelera os batimentos. Quando peregrino me abstenho de café. Em compensação saí da casa deles com a garrafa e o cantil cheios de água fresca.
Tive bons pedaços de tudo: bom pedaço da cidade de São José do Rio Pardo, bom pedaço de estrada de terra, bom pedaço de asfalto, mais estrada de terra, dessa vez com porteiras e ao fim um pedacinho da cidade de São Sebastião da Grama. A pousada Dunhas fica bem no início.
Ao entrar em São Sebastião da Grama não tive dúvidas: toquei uma campainha e perguntei onde era o hotel. Cansei de perambular atrás de seta. Aparecida foi quem me ajudou. Cheguei 13h30, deixei minhas coisas no quarto e corri para almoçar num restaurante próximo.
Nessa jornada estou provando a minha fé ao viajar “sozinha”. Sempre que perguntam digo que estou com Deus, Nossa Senhora e meu anjo da guarda. As pessoas esquecem que não somos seres humanos passando por experiências espirituais, a verdade é que somos seres espirituais passando por experiências humanas.
Foi uma boa escolha viver esses momentos, sinto-me de fato me preparando para as dificuldades de Santiago de Compostela. A diferença é que lá terei mais companheiros encarnados, por enquanto estou nesse grupo intensivo espiritual. Tenho medo todas as manhãs, ansiedade, vontade de parar no caminho. Mas ei! Só eu posso me levar. Eu preciso chegar bem na próxima cidade. Assim é a vida. As companhias ajudam, mas o responsável pela sua é só você.

Um comentário:

Alison disse...

Parabéns por mais essa etapa!!! Tem que ser persistente, pois passado a euforia do início e o corpo ficando cansado é comum dar uma desanimada, quando chegar em Águas da Prata o caminho tem mais vida e encontrará mais peregrinos...