segunda-feira, outubro 07, 2019

“Nosso dia vai chegar

teremos nossa vez
não é pedir demais
quero justiça...”

São Paulo, 1 de julho de 2019

Ontem foi nossa última reunião antes da viagem. Viagem das minhas amigas, não minha.
Minhas férias foram canceladas. O contrato da empresa para a qual trabalho com o órgão público vence esse ano e agosto será o mês do aviso prévio. Em setembro começarei a trabalhar em nova empresa de terceirização de serviços no mesmo órgão público onde estou desde 2012.
Se nenhum órgão público me nomear para alguma função antes, terei direito a novas férias a partir de setembro de 2020, quando poderei programar minha peregrinação pelo Caminho da Fé para julho ou setembro de 2021, que são os meses mais movimentados. O plano agora é viajar só, porém num mês de grande movimento para maior segurança.
Nessa troca de empresas recebo FGTS, o valor das férias que não pude tirar, a rescisão do contrato sem justa causa. Um bom dinheiro para compensar o adiamento dos meus planos. Ficar sem férias não me dá mais desgaste mental do que ficar desempregada.
Contrariando meu plano de ação, revelei que não iria no início do almoço. Não esperei combinarmos tudo certinho. Foi bom porque elas puderam começar a pensar num plano B, revelando mais tarde o encontro seria completamente desperdiçado.
Meu coração ficou um pouco apertado quando Silvana sugeriu dividir o quite de primeiros socorros entre nós três. Comecei com “E se uma de nós desistir?” pouco depois soltei a bomba que recebi 12 de junho. Uma coisa dessas não é viável falar por Whatsapp.
Luzia cozinha muito bem, e em grande quantidade. Só então soube que ela é mãe de três filhos e separou-se por causa da traição do marido. Hoje está bem resolvida, os abalos emocionais foram superados. Ela perguntou se chorei com o cancelamento das férias. Respondi que não, só fiquei um pouco frustrada e tratei de aceitar que esse não é o momento de percorrer o Caminho da Fé.
Lembrei-me da desistência forçada no Caminho do Sol, outro momento em que tinha certeza de que tudo ocorreria bem e concluiria a vigem. No Caminho da Fé minha certeza cai por terra dois meses antes do início. Hora de seguir os sinais que a vida nos pinta pelo caminho: preciso viver outras situações antes de cruzar a Serra da Mantiqueira e chegar a pé em Aparecida.
Não bastasse o impedimento formal, um impedimento físico começa a se esboçar em minha vida. Pouco depois de seis meses frequentando a academia, começo a ter dores de cabeça ao me exercitar. Sempre que me esforço um pouquinho ela aparece. Algumas vezes após a corrida na esteira, outras no início dos exercícios musculares. Depois de três vezes seguidas em que a dor de cabeça me impediu de continuar a treinar – parava assim que a dor começava para não ter complicações – consultei cardiologista. No exame ergométrico senti a mesma dor, porém o médico mostrou que meu problema não é cardíaco nem de pressão. Pode ser vascular ou neurológico.
Problema existe pra gente resolver, e problema pessoal é bom resolver logo. Essa semana tenho consulta com médicos da área vascular e neurológica. Se for problema vascular a origem está no uso do corpo, não é herança genética; já coisa neurológica pode estar relacionada com a mente, pois de todos os sistemas do corpo o neurológico é o que mais reage ao funcionamento da mente. A mente age no corpo inteiro, por isso alegria, pensamento positivo, oração e meditação fazem bem para nossa saúde.
Hoje falei à Carolina sobre minha desistência forçada e ela me convidou para percorrer o ramal de Mococa até Águas da Prata na ponte entre os feriados da Proclamação da República e da Consciência Negra (dias 15 a 20 de novembro). A intenção é ir por conta própria, sem apoio turístico. Em setembro combinaremos melhor.
Até agora as contrariedades que encontrei nos meus planos de férias me levaram a vivenciar experiências melhores, estar bem preparada para as peregrinações. Não faço ideia do futuro brilhante que me aguarda.

De onde vem a indiferença
temperada a ferro e fogo?”
A Fábrica, Legião Urbana

Nenhum comentário: