terça-feira, fevereiro 26, 2019

“Eu sou eu

Dom Quixote
senhor de La Mancha
e o meu destino é lutar

pois quem não se aventura
com fé e ternura
não pode o mundo mudar...”

São Paulo, 20 de janeiro de 2019

Fui com Silvana numa trilha no Parque da Cantareira. Fomos em excursão, onde ela me apresentou Luzia, uma caminhante de Osasco. Quem organizou a excursão foi o grupo Clube da Caminhada. Eram cerda de 38 trilheiros para desbravar o fácil acesso à Pedra Grande e a bela vista da cidade de São Paulo. Prédios e mais prédios no meio da cratera delimitada pela Serra da Cantareira.
Cântaros eram jarros onde guardava-se água. Cantareira eram prateleiras onde guardavam-se cântaros. Essa explicação encontramos numa placa próxima a uma bica d’água, próxima à Pedra Grande, onde chegamos por volta das 10 h. Depois desse ponto atravessamos o limite de municípios entre São Paulo e Mairiporã. Próximo a esse limite fica o Lago das Carpas, que estava com acesso interditado. Caminhamos até o núcleo Águas Claras. Depois fizemos todo o trajeto de volta. Ao todo foram cerca de 16 Km pela mata atlântica. Na volta vimos até bugios no alto das árvores pelo caminho. O guia nos informou que o Parque da Cantareira a princípio fazia parte de um município chamado Juqueri, que depois foi dividido entre vários municípios vizinhos: como Franco da Rocha – que abriga o hospital psiquiátrico Juqueri, Mairiporã, Guarulhos, São Paulo, e outros que abrigam o Parque Ecológico da Serra da Cantareira.
Todas as trilhas que fizemos eram caminhos de tropeiros no início, sendo que a da Pedra Grande é até asfaltada. Como não tinha mato, fui com minha calça de camping transformada em bermuda. Exibi minhas pernocas neon com a recente tatuagem decalque aplicada em comemoração ao emagrecimento semanal de 300 g. Minha surpresa ocorreu às 5 da manhã, quando ao me arrumar para o passeio descobri que meu celular novo cabe no bolso das calças de camping. Não precisarei levar bolsa especial para o celular na peregrinação, menos coisa para carregar pendurada – já carrego meu cantil. Comprei celular novo atrás de bastante memória interna (são 64 GB) e ganhei câmeras maravilhosas. Obrigada, celular top de linha, seu preço salgado vale o espaço para dezenas de aplicativos e as fotos cheias de detalhes que me proporciona.
Foi uma ótima trilha de treino: muita subida na ida, ladeira na volta. Contornamos o parque de um portão a outro ida e volta. O Parque da Cantareira é enorme, tanto que é dividido entre vários municípios, não posso dizer que o atravessamos. Os 3 meses de academia fizeram que não sentisse os joelhos nas descidas, apenas a natural dificuldade de fôlego das subidas. Ao fim da trilha todos ganharam o Passaporte das Trilhas do Estado de São Paulo com o carimbo do Parque da Cantareira. O passaporte é gratuito e é uma ótima sugestão para próximas trilhas, um incentivo para conhecer novos lugares.
Muitos dos caminhantes conhecem e acompanham o Clube da Caminhada há um bom tempo, fazem várias excursões. Esse clube não pertence ao SESC, tem apenas uma página no Facebook, onde divulga seus eventos. Tânia contou que já percorreu vários trechos do Caminho da Fé, mas nunca ele completo, de uma vez. Não encontra tempo nas férias. Ela é descendente de japonês e percorreu trechos do caminho dos templos japoneses com amigos, dos quais quatro falavam japonês, ela não sabe direito japonês nem inglês, se não fosse em grupo, não iria sozinha.
Um dos guias falou da programação de carnaval do Clube da Caminhada: ir de Vitória (Espírito Santo) até Inhotim (Minas Gerais) passando por Belo Horizonte de trem. Gostei da ideia de passar o carnaval caminhando, é realmente o que gosto de fazer, como gosto de viajar. Depois Silvana convidou a mim e Luzia para o Caminho da Prece, bem mais em conta porque não envolve deslocamento aéreo até Vitória.
O Caminho da Prece pode ser percorrido em 3 dias, tem 71 Km de extensão pelo sul de Minas Gerais. Passa por Jacutinga, Ouro Fino, Inconfidentes, Tocos do Mogi, Borda da Mata. Que me recorde, quatro dessas cidades também fazem parte do Caminho da Fé, por isso é um bom treinamento, bom até para iniciantes como Luzia, que nunca peregrinou. Tenho minhas dúvidas se é bom começar a vida de peregrino encarando morro todo dia.
Vejo que março pesará no bolso: carnaval, concurso em Arujá, presente de casamento do meu irmão mais novo – ele casa em junho mas quero presenteá-lo no mês de seu aniversário. Por enquanto desconto minhas angústias na bolsa de lacre de latinha para meu celular. Preciso dela o quanto antes para sair com pouca coisa durante o almoço. Se fizer mais bolsinhas posso presentear amigas e quem sabe até vender. Tenho dois modelos menores: um com linha preta e outro com linha verde, quero colocá-los à venda assim que terminar a bolsa do celular novo.
Virou o ano e percebi que preciso juntar bastante grana para bancar minhas viagens, principalmente Santiago de Compostela. Hora de regular os gastos, buscar renda extra, investir bem o pouquinho que separo todo mês.
Tudo há de correr bem se me dedicar.

Não pode o mundo mudar
quem não se aventurar”
Eu sou Eu, Dom Quixote; canção do musical “O Homem de La Mancha”

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