segunda-feira, janeiro 09, 2017

São Paulo


As bolhas de ontem eram queimaduras de terceiro grau. Depois da missa em Elias Fausto fui ao pronto socorro da cidade e descobri. Uma semana de curativos 3 vezes ao dia devem resolver. O meu erro: protetor fator 30 para caminhar sob sol por 3 a 6 horas. O mínimo para esse caso seria fator 70.
Faltou camiseta de manga comprida com proteção solar, faltou mais preparo físico para caminhar mais depressa e ficar menos tempo sob o sol escaldante do verão. Não posso continuar, não conseguirei andar enfaixada nas árduas condições do caminho, mesmo já tendo cumprido o dia de percurso mais longo. Hoje seria dia de chegar na metade do caminho, desisti antes. De manhã eles partiram rumo a Capivari, eu fui rumo ao pronto socorro fazer mais um curativo e voltar pra São Paulo de onibus.
Porém foram as melhores férias que já tive. Parecia que vivia numa bolha onde só importava chegar inteira em outro lugar. Então tomar banho, lavar roupa, comer, e passar o resto do dia descansando e jogando conversa fora pra no dia seguinte acordar o mais cedo possível, fazer um senhor alongamento, tomar café (posso tomar um copo de leite frio?) e apreciar a natureza ao redor , cumprimentar quem cruzava nosso caminho, dizer até onde vamos a pé... Fui até Elias Fausto para ser abençoada.
Abençoada em conhecer um grupo de quatro malucos que tem tudo pra concluir a jornada em Águas de São Pedro. Se todos os malucos fossem da categoria de nós cinco, o mundo seria um lugar bem melhor. O que cada um vai ou precisa aprender, não faço ideia. Aprendi a ter mais calma, não desconfiar nem esperar que o futuro chegue logo. Confiar na providência divina depois de fazer minha parte. Não tem nada errado, tudo acontece quando precisa acontecer. E eu preciso cuidar dos meus braços pra poder abraçar o mundo e dizer que ele é bão, Sebastião.
Algum dia ainda entenderei como no Caminho do Sol me sentia totalmente recuperada e pronta para um novo dia depois de quatro horas de sono. Quem sabe outro ano complete o caminho pela mesma sede de aventura solidária que me impulsionou nesses cinco dias. Quem sabe encontre motivos mais nobres, urgentes, filosóficos, existenciais, esotéricos...
Enfim, a valente e destemida Tartaruga Touche ainda não está pronta para cruzar o oceano e aventurar-se em solo estrangeiro. Hora de remendar a carcaça com pulsos firmes.

5 comentários:

Unknown disse...

Olá, Colombina!
Fiz o Caminho do Sol em 10/2016.
Detentora de muitas bolhas nos pés, fiz boa parte do percurso de chinelos.
E a gente se redescobre. O que pode, como pode, o quanto pode.
Muito bom ler seu relato.
Espero te encontrar em algum evento paralelo que o pessoal do Caminho sempre prepara. E espero também que seus braços se recuperem de pronto.
Abraços pelo lado esquerdo,
Isabella

Artur disse...

Bravo! Bravissimo! Logo estaremos caminhando juntos! Abracos a voce e à d. TERESA. Artur

Juju disse...

Uau! Que caminhada a sua, hein? <3 O aprendizado que fica é pra vida toda, independente do trecho que fazemos. Tenho certeza que seu Caminho até Elias Fausto foi lindo e que, agora que realmente seu Caminho começará, vc estará mais fortalecida pra abraçar o mundo e a vc mesma <3
Bom caminho!

Alexandrina dos Santos Martins disse...

Oi Isabella. Em 10/2016 assisti a palestra obrigatória e há uma grande explicação sobre bolhas nos pés, que é muito natural sofrer com elas.
Na palestra também falava para usar bastante protetor solar, e eu usei, o detalhe que faltou foi o número do filtro. Até ganhar queimaduras de 3º grau eu achava que FPS 30 era super potente.

Marília Diniz disse...

Oi, Alê! Só agora pude ler seus relatos. Que pena que você não pôde concluir o percurso, imagino a decepção. Mas fico feliz por você ter se encontrado nessa caminhada, e que mesmo que tenham sido interrompidas abruptamente, elas tenham sido as melhores da sua vida. Que venham mais caminhadas!