domingo, maio 31, 2020

Durante a quarentena - 73º dia

Hoje é domingo e faz uma semana que voltei a praticar atividade física. Eram 5 minutos no stepper todo dia, hoje foram para 10. Precisei de mais de dois meses confinada para sentir necessidade de me exercitar.
Reorganizo minha vida aos poucos, nessa quarentena que parece não ter fim. Outra necessidade que brotou semana passada foi a companhia de uma planta durante o trabalho. Felizmente meus pais adoram plantas. Estamos em pleno outono, dia 22 entramos na lua nova, não podia pedir época melhor para meu pai separar uma mudinha e trazer o lírio da paz para minha escrivaninha. Essa planta suporta ambientes pouco iluminados.
Domingo passado a muda foi separada. Desde então separo um tempo para trocar uma ideia com as plantas da garagem, que é onde está o vaso da moita mãe do lírio da paz. Minha planta ficou na garagem por três dias para se habituar com o novo vaso. Eu precisava dar as boas vindas a minha plantinha nova, prepará-la psicologicamente, acabei simpatizando com o matagal da garagem; afinal moramos todos juntos. Prometi dar notícias do lírio depois que ele fosse para o meu quarto, para as amigas não sentirem saudades.
Lírio da paz é um bom colega de trabalho. Sempre presente, muito bom ouvinte, nunca tira folga, trabalha do nascer ao pôr do sol. Ele está em fase de dormência, não se pode esperar muito dele até o fim do inverno, apenas que se adapte bem e goste do lugar. Ele não gosta muito de luz, a folha que mais recebe claridade amarelou nesses dias ao meu lado. As outras doze folhas estão bem.
A quarentena será flexibilizada no Estado de São Paulo. Foram criados 5 níveis e a capital está num nível acima da região metropolitana. Mesmo com menor taxa de pessoas em casa, mesmo com maior proporção de leitos hospitalares ocupados, mesmo com mais mortes em relação aos municípios vizinhos. A justificativa? A capital tem estrutura para abrir escritórios, comércios de rua e concessionárias. Eu acredito? A lógica não deixa.
A cidade receber nível 2 para manter o isolamento social não significa que volto ao trabalho presencial logo menos em junho, a liberação para o trabalho será gradual e dependerá de licenças. Meu trabalho especificamente deixará de ser remoto quando a chefia aprovar, no momento a divisão inteira trabalha remotamente.
Não espero que tão cedo possamos voltar a trabalhar como antes, frequentar academia, centro espírita, sair com a cachorra, caminhar no parque. Nesses 73 dias de quarentena criei uma normalidade, me reorganizei, de fato aderi a uma nova rotina, só me resta esperar por mudanças que não dependem muito de mim. O que posso fazer é ser prestativa e cuidar de quem está em casa comigo. Sejam meus pais, meus emplumados, a gata, a cachorra, as plantas. Cuidar da vida que se manifesta em mim e a minha volta, amar ao próximo como a eu mesma e a Deus sobre todas as coisas.
Não pensei que ficar em isolamento social faria com que me questionasse, tomasse resoluções, e fosse tão transformador quanto peregrinar, entrar em contato com a natureza e todas suas intempéries, conhecer outras pessoas. Com tanto tempo de convivência, sinto um ambiente mais calmo e agradável em relação ao início da quarentena.
Fiquei menos tensa com todas as obrigações que abracei para mim. Escolhi quais quero, eliminei as que não interessavam, incluí outras benéficas. Assim é o processo de mudança de rotina.

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