sábado, abril 18, 2020

Durante a quarentena - 30º dia

Venho falar sobre o pronunciamento do presidente do Brasil na tarde do dia 16 de abril, quando oficialmente trocou o ministro da saúde.
Um pronunciamento visualmente coeso, ninguém usou máscara, o novo ministro da saúde chama-se Nelson Teich.
O presidente tem frisado que o emprego é importante, que a economia não pode parar, enfim, ele foi eleito pensando em resolver problemas econômicos. Ao que parece, para quem tem um martelo como ferramenta todos os problemas são pregos. Pensar na vida e no emprego dos mais humildes, que não tem condições de ficar parados por muito tempo.
Perfeito. No sistema capitalista ninguém tem condições de ficar parado por muito tempo, sempre é necessário produzir algo. Os youtubers e artistas produzem conteúdo nas mais variadas formas, ópio para o povo em tempo de quarentena; os restaurantes entregam comida pronta; feiras livres, sacolões e mercados continuam funcionando; o campo não para de produzir alimento; farmácias, hospitais, dentistas e consultórios médicos ainda funcionam; caminhoneiros e demais entregadores seguem na ativa; o comércio agora é via internet, Whatsapp ou telefone – ponto de venda não importa mais.
Fecharam escolas, escritórios, lojas, academias, cinemas, centros culturais, igrejas, e mesmo assim a sociedade ainda produz. Crianças com atividades ou aulas em casa, cursos online, home office, vídeos de atividade física, transmissão de cultos e shows online, grupos de estudo e discussão no Whatsapp. Mesmo em casa, raros pararam de produzir e consumir. Todos fazem a economia girar, ninguém parou de viver. Não é possível ficar parado por muito tempo. Porque de fato não estamos, mesmo que não batamos panelas revoltados com certas sandices.
O pronunciamento do presidente e do novo ministro foi realmente coerente. Saúde não é independente das condições de vida de um povo. Por isso vida e subsistência, saúde e emprego, vida com condições dignas e recursos para desfrutá-la. O novo ministro propõe além do isolamento estudar melhor a doença, e assim tratá-la com mais propriedade. Ninguém é contra o que tem sido feito até agora. Embora o presidente viva lamentando o fato dos governadores e prefeitos não consultarem a esfera federal antes de tomarem atitudes. O presidente podia fazer a parte que lhe cabe calado? Jamais.
Nesse desespero de empregar mais gente a carteira de trabalho verde amarela foi aprovada na Câmara dos Deputados dia 15, falta agora o Senado aprovar a Medida Provisória para que ela tenha validade.
A carteira de trabalho verde amarela servirá para pessoas de 18 a 29 anos ou com mais de 55 anos. O contrato de trabalho pagará no máximo 1 salário-mínimo e meio, sendo válido por no máximo 2 anos. Será válida para novos postos de trabalho, no limite de 25% dos trabalhadores da empresa, sendo que empresas com até 10 funcionários podem contratar no máximo 2 pessoas nesse novo sistema. Um contrato verde amarelo é mais barato para o empresário, tem menos carga tributária; para o empregado é a garantia de um trabalho por no máximo dois anos, onde se ganha experiência ou retorna ao mercado.
Depende do Senado aprovar ou não a medida provisória até dia 20 de abril e incentivar relações de trabalho justas, humanizadas e dignas. O Brasil precisa de incentivo para gerar riquezas, e a maior riqueza de um país é seu povo e sua cultura; o povo precisa viver bem no emprego que conseguir.
O tempo não para nem volta, antes da pandemia era outra realidade que não se repetirá tão cedo. Depois de um mês do primeiro caso de COVID-19 o ministro da saúde é trocado, o Estado de São Paulo estendeu a quarentena até 10 de maio, o novo ministro alega que somente isolamento social não resolve. Ninguém está parado: há cientistas pesquisando métodos de cura, analisando a doença e como ela se comporta em diferentes climas e populações do planeta.
O desafio do momento é encontrar uma forma mais tranquila de se viver. Sem muito agito, festas, viagens, sem necessidade de grande exposição. Viver com o básico, interiorizar, aumentar conhecimento para agir no momento oportuno. Que os projetos felizes sejam adiados para um futuro nunca antes sonhado, que nos encontrará em nosso melhor momento de concretizá-los.

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