segunda-feira, julho 17, 2006

Prepare seus olhos para uma resenha.


O livro da vez é
O Dia do Curinga

O autor do livro é Jostein Gaarder, norueguês nascido em 1952 e que estudou filosofia, teologia e literatura. Seu livro mais famoso é "O Mundo de Sofia", que ganhou projeção internacional em 1991. Suas obras costumam ensinar filosofia aos leitores de forma descontraída. Em "O Mundo de Sofia" as partes didáticas sobre filosofia apareciam claramente separadas da história. Em "O Dia do Curinga" a filosofia envolve toda a história, ninguém pára e explica, ela é conhecida vivida pelos personagens.

Os capítulos são nomeados como cartas de baralho para contar a história de um menino que joga paciência. O gosto pelo jogo é conseqüência do fato de seu pai colecionar curingas de baralho. Muitas vezes ele ganha o baralho sem um dos curingas. O pai de Hans Thomas gosta de filosofia, e durante a viagem conversa muito sobre assuntos filosóficos com seu filho. Eles viajam para encontrar a mãe de Hans Thomas, que deixou a família norueguesa oito anos antes dessa viagem. Na última vez que foi vista, estava na capa de uma revista italiana. Hans Thomas e seu pai conseguem mais informações e vão de carro do sul da Noruega até a Grécia, onde sua mãe estaria gravando comerciais.

No caminho o menino recebe um pequeno livro contando a história das cartas da paciência de Frode. Numa viagem entre Espanha e México, Frode sobreviveu como náufrago numa ilha deserta acompanhado apenas por um baralho. Ele criou um calendário onde cada carta possuía um dia e um ano, o último dia do ano era do curinga. Além de jogar paciência e criar calendário, Frode inventou uma personalidade para cada carta e conversava com elas. Um dia suas criações criaram vida e passaram a existir de verdade e povoar a ilha. Faziam uma bebida púrpura, que continha todos os sabores imagináveis. Ao toma-la sentia-se todos os sabores imagináveis no corpo inteiro, não só na boca. Os únicos habitantes da ilha que não tomavam a bebida eram o Curinga e Frode. No seu dia, o Curinga monta um texto com a frase que cada carta fala na cerimônia da festa. Esse texto é uma previsão do futuro. A última previsão do Curinga envolvia o fim da ilha de Frode e a família de Hans Thomas.

Com o pequeno livro, o menino começa acreditar em destino, que sua mãe seria um Ás de Copas que vivia perdendo-se e seu pai um Curinga. De fato, o pai dele achava-se um curinga, uma carta diferente das muitas que povoam o baralho de pessoas do mundo. Segundo a previsão eles terminariam juntos.

"O Dia do Curinga" questiona se acreditamos nas coisas porque elas existem ou se elas existem porque acreditamos que existam; questiona também se o destino existe. Mostra a bebida como forma de controlar as mentes, algo que impede as pessoas de saber o que realmente acontece no mundo. Há várias análises sobre a humanidade: o mundo é uma loteria onde só aparecem os vencedores, as pessoas são bonecos criados por Deus... enfim, o livro traz filosofia na prática, através de questões brotadas ora da cabeça do pai de Hans, ora pelo próprio Hans, estimulado pelo livrinho que lê.

Para quem acha que pensar sobre o mundo, a sociedade e a existência do universo é uma boa diversão, "O Dia do Curinga" é um ótimo passatempo. Para quem não se importa com questões filosóficas, "O Dia do Curinga" é uma boa aventura que brinca com realismo fantástico.

Um comentário:

Anônimo disse...

Estou chegando no fim. O livro começa a ficar mais legal depois que passa da página 150 (mais ou menos).
No ínicio é um pouco confuso. Mas é realmente bacana.

É isso!

Bjs!