segunda-feira, março 15, 2010

“Eu sou o negro gato de arrepiar
essa minha vida é mesmo de amargar
só mesmo de um telhado
os outros desacato
eu sou o negro gato...”
Negro Gato, de Luiz Melodia

Com dois metros de altura ele não precisava de telhado algum pra impor sua presença. Precisava de músculos, e conseguiu em um ano com muita disciplina e exercício para exibir-se do alto de seu ego.

Para essa fera felina, sutileza é desperdício de tempo. Ataca direto e reto, nada de brincar com a vítima. A natureza dessas panteras negras é bruta e letal. Paralisa qualquer um, presa ou não.

A ninfa desavisada não tinha medo de bicho: encarou o gato grande sem saber que estava sendo observada fazia tempo. Ataque desconcertante e quase paralisante, a suposta presa consegue escapar mas... a beleza natural daquele animal a fez voltar. Colocou o bichano pra dançar antes de oferecer carne crua da boca e um pouquinho de carinho. Nos braços quentes e macios do gato não havia perigo algum.

O tempo fechou. Uma princesa sumiu, e o trovão fez a fada colocar o bicho para procurar quem desapareceu. A idéia fixa de resgate deixou a ninfa elétrica e sem coração: nada do que o gato agora fazia a acalmava ou desviava sua atenção. Cansada da procura, ela parou para dançar outra música com seu gato. Logo em seguida um novo trovão noticiou o final da chuva de verão: encontraram a princesinha. A felicidade foi tamanha que a ninfa despediu-se do felino feito um raio antes de voltar pra corte.

Na noite seguinte a fada descobriu que o que julgara ser um simples gato era na verdade uma pantera negra imponente. Uma perigosa pantera que trouxe seu bando perto de seu reino encantado. Indecisa se queria ou não brincar com seu bicho assustador, ela resolveu não encara-lo. A pantera atacou: vai fugir de novo?

O olhar atônito e confuso da ninfa denunciou sua mente ainda indecisa, formando um plano de ação enquanto as garras da pantera a envolvia. Ela levou seu bichano a uma distância segura do reino. Queria poder vigiar e ser vigiada. Decidiu brincar com sua pantera, mas não tanto quanto o bicho gostaria.

Felizmente fadas sabem falar com animais: a pantera entendeu que naquela segunda noite a ninfa queria apenas dançar com sua turma e respeitou tal vontade. Ao voltar para os seus, a fada finalmente reparou a crueldade que fez em não retribuir a ajuda que a pantera ofereceu noite passada. Nessa hora a história já havia acabado. O bando da pantera sumiu, e ninguém saiu machucado.

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