quinta-feira, julho 16, 2009

Que sítio é esse? Peixinhos mortos, infância... Quem escreve tem quantos anos? 15 ou 13?

Desculpe, sinto o dever de registrar óbitos de animais de estimação. Do contrário dá a impressão de que a vida deles foi em vão, de que eles passaram em brancas nuvens. Reparou que uma história sobre cachorro gerou uma grana doida para certo autor? Depois dele vieram mais histórias sobre cachorros, gente falando sobre gatos... Nessa onda animal, por que não falar de peixes?

APRENDI COM OS PEIXES

A ser menos preconceituosa. Começando por aceitar o ambiente em que ele vive, que é completamente diferente do nosso. O ambiente deles é mais denso, limitado. Aprendi que o ambiente de cada um tem uma densidade, uma atmosfera, e que temos limites também.

Tem coisas que são de água doce, e coisas que são de água salgada. Quem nasce para água doce se envenena com coisas de água salgada, fica mirrado no meio salgado. Quem vive em água salgada até tolera coisas de água doce, mas explode nesse ambiente.

A importância de ser indireto e tratar do que está em volta primeiro antes do assunto principal. Aprendi que pessoas indiretas preparam o terreno para depois tratar do que importa. Essa dissimulação tem como objetivo evitar o violento confronto direto. Ainda tem muito chão para eu ser mais indireta, é um comportamento que não me é natural, no fundo não quero mesmo. Com os peixes, aprendi a compreender melhor as pessoas indiretas.

Existem regras que são corriqueiras demais para a gente e extremamente importantes para os outros. Podemos morrer ao quebrar regras de relacionamento.

Dar atenção a quem não pede de forma alguma, mas depende da gente sem saber. Ingratidão da parte que precisa de cuidados e atenção? Não! Pura ignorância. Padre Antônio Vieira escreveu sermões aos peixes. Acho que fez isso por saber que peixe é um símbolo cristão - nos tempos em que o cristianismo era proibido, indicava secretamente quem era cristão.

Aprendi que rotina é boa, traz bons resultados com pouco esforço de cada vez. A automatização da rotina faz com que a executemos cada vez mais rápido, que sejamos cada vez mais práticos. Com os peixes aprendi que rotina é muito importante, para alguns seres chega a ser vital. Descobri que ela me dá criatividade: tanto para quebrá-la como para melhora-la. Não gosto de rotina para me divertir, porém sinto-me incomodada enquanto não encontro uma no ambiente de trabalho.

Tudo isso aprendi até agora com a morte de 5 peixes (sem contar os 40 filhotes que o Lebiste trouxe junto). Há quem aprenda tais coisas de outras maneiras, passe por experiências mais intensas e comoventes, envolvendo vidas mais complexas do que a de peixes e plantas de aquário.

Um comentário:

Gabriel disse...

Tem um ponto, especificamente, que me fez refletir bastante "dar atenção a quem não pede de forma alguma, mas depende da gente sem saber. Ingratidão da parte que precisa de cuidados e atenção? Não! Pura ignorância".

Somos tão egoístas que queremos ser reconhecidos por todas as coisas boas que pensamos fazer. Isso é tão pequeno, e se afasta tanto da concepção do amor romântico que ingenuamente queremos viver...

Ser é um ato individual, e ser o que gostaríamos de ser deveria nos realizar mais do que tem feito...

Obrigado pela possibilidade.

Beijos!