segunda-feira, junho 29, 2009

Que belo fruto a terra nos deu! Uma abobrinha verde acabou de brotar! Não foi prometida, nem encomendada. Aproveitem a espontaneidade dessa nova abobrinha que retrata meus momentos recentes.

FINAIS FELIZES

Finais felizes acontecem. Terminar o proposto é maravilhoso. O fim das coisas é como o mar, que se quebra em ondas e mais ondas na praia. Cada coisa que termina é uma onda, e a vida da gente é repleta de finalizações, a gente tem uma vida inteira pra se acostumar com a morte.

Sabe o que é a morte? O fim de um estágio. Terminei meu estágio na empresa onde trabalhava, terminei a faculdade, sinto-me alegremente livre. Como da última vez que me desvencilhei de uma paixão não correspondida.

Demonstrando minha aguçada percepção frente a tragédias, descrevo a seguir minha transição no trabalho.

Em março fui informada que me consideravam ótima funcionária, porém por falta de verba não poderiam me efetivar. Foi o aviso prévio, me senti como o doente terminal que entra no hospital. Porém não me esforcei em procurar maneira de sair dali, preocupava-me mais com a faculdade.

Há duas semanas, mais precisamente na quinta-feira, a nova estagiária foi escolhida. Ela começaria na semana seguinte. Somente nesse dia fiquei triste. A sensação de que já deveria ter saído daquele lugar veio me atormentar culpando-me pela minha falta de ação. No dia seguinte estava alegre novamente.

Passei a última semana ensinando todo o serviço para a nova estagiária, apresentando-a para os funcionários. Terminei feliz por conseguir juntar bastante gente numa foto em frente o museu onde trabalhei. Mandei um e-mail convidando todos para a foto. Nisso percebi algo engraçado: foram nove messes na empresa, tempo de uma gravidez. Depois da gravidez, vem o parto. Por isso parto.

Parto para uma nova vida, para novos lugares, sem grande vontade de voltar, e muito grata pela experiência. A idéia de gravidez e parto foi escrita na mensagem de despedida que enviei, a intenção era faze-los rir. Diz-me qual palhaço não gosta de alegrar o dia? Mesmo em despedida.

Lembrei da música dO Teatro Mágico, e é a primeira do Segundo Ato que embala esse final feliz:

Amadurecência

A poesia prevalece!!!
O primeiro senso é a fuga.
Bom...
Na verdade é o medo.
Daí então a fuga.
Evoca-se na sombra uma inquietude
uma alteridade disfarçada...
Inquilina de todos nossos riscos...
A juventude plena e sem planos... se esvai
O parto ocorre. Parto-me.
Aborto certas convicções.
Abordo demônios e manias
Flagelo-me
Exponho cicatrizes
E acordo os meus, com muito mais cuidado.
Muito mais atenção!
E a tensão que parecia não passar,
“O ser vil que passou pra servir...
Pra discernir...”
Pra pontuar o tom.
Movimento, som
Toda terra que devo doar!
Todo voto que devo parir
Não dever ao devir
Não deixar escoar a dor!
Nunca deixar de ouvir...

com outros olhos!

3 comentários:

Anônimo disse...

"a gente tem uma vida inteira pra se acostumar com a morte"

E ainda assim parece mt pouco tempo...

"sinto-me alegremente livre. Como da última vez que me desvencilhei de uma paixão não correspondida."

Qual o segredo? Me ensina? rs

Delicado e sensível abobrinha verde. Muito boa! E boa sorte nessa sua nova etapa! ;)

Colombina disse...

Como se desvencilhar de uma paixão não correspondida? É simples mas não é fácil, Gleice, acho que a receita merece uma abobrinha exclusiva. Os ingredientes principais são tempo, aceitação, e iniciativa. Sem iniciativa nada muda. OK! Algum dia elaboro a receita, a abobrinha está encomendada!

Verônica disse...

Esse eu não tinha lido.

Cada etapa concluída merece ser parabenizada. Portanto, parabéns!

E que venham as próximas etapas.

Beijos.