Venho
falar sobre o pronunciamento do presidente do Brasil na tarde do dia
16 de abril, quando oficialmente trocou o ministro da saúde.
Um
pronunciamento visualmente coeso, ninguém usou máscara, o novo
ministro da saúde chama-se Nelson Teich.
O
presidente tem frisado que o emprego é importante, que a economia
não pode parar, enfim, ele foi eleito pensando em resolver problemas
econômicos. Ao que parece, para quem tem um martelo como ferramenta
todos os problemas são pregos. Pensar na vida e no emprego dos mais
humildes, que não tem condições de ficar parados por muito tempo.
Perfeito.
No sistema capitalista ninguém tem condições de ficar parado por
muito tempo, sempre é necessário produzir algo. Os youtubers e
artistas produzem conteúdo nas mais variadas formas, ópio para o
povo em tempo de quarentena; os restaurantes entregam comida pronta;
feiras livres, sacolões e mercados continuam funcionando; o campo
não para de produzir alimento; farmácias, hospitais, dentistas e
consultórios médicos ainda funcionam; caminhoneiros e demais
entregadores seguem na ativa; o comércio agora é via internet,
Whatsapp ou telefone – ponto de venda não importa mais.
Fecharam
escolas, escritórios, lojas, academias, cinemas, centros culturais,
igrejas, e mesmo assim a sociedade ainda produz. Crianças com
atividades ou aulas em casa, cursos online, home office, vídeos de
atividade física, transmissão de cultos e shows online, grupos de
estudo e discussão no Whatsapp. Mesmo em casa, raros pararam de
produzir e consumir. Todos fazem a economia girar, ninguém parou de
viver. Não é possível ficar parado por muito tempo. Porque de fato
não estamos, mesmo que não batamos panelas revoltados com certas
sandices.
O
pronunciamento do presidente e do novo ministro foi realmente
coerente. Saúde não é independente das condições de vida de um
povo. Por isso vida e subsistência, saúde e emprego, vida com
condições dignas e recursos para desfrutá-la. O novo ministro
propõe além do isolamento estudar melhor a doença, e assim
tratá-la com mais propriedade. Ninguém é contra o que tem sido
feito até agora. Embora o presidente viva lamentando o fato dos
governadores e prefeitos não consultarem a esfera federal antes de
tomarem atitudes. O presidente podia fazer a parte que lhe cabe
calado? Jamais.
Nesse
desespero de empregar mais gente a carteira de trabalho verde amarela
foi aprovada na Câmara dos Deputados dia 15, falta agora o Senado
aprovar a Medida Provisória para que ela tenha validade.
A
carteira de trabalho verde amarela servirá para pessoas de 18 a 29
anos ou com mais de 55 anos. O contrato de trabalho pagará no máximo
1 salário-mínimo e meio, sendo válido por no máximo 2 anos. Será
válida para novos postos de trabalho, no limite de 25% dos
trabalhadores da empresa, sendo que empresas com até 10 funcionários
podem contratar no máximo 2 pessoas nesse novo sistema. Um contrato
verde amarelo é mais barato para o empresário, tem menos carga
tributária; para o empregado é a garantia de um trabalho por no
máximo dois anos, onde se ganha experiência ou retorna ao mercado.
Depende
do Senado aprovar ou não a medida provisória até dia 20 de abril e
incentivar relações de trabalho justas, humanizadas e dignas. O
Brasil precisa de incentivo para gerar riquezas, e a maior riqueza de
um país é seu povo e sua cultura; o povo precisa viver bem no
emprego que conseguir.
O
tempo não para nem volta, antes da pandemia era outra realidade que
não se repetirá tão cedo. Depois de um mês do primeiro caso de
COVID-19 o ministro da saúde é trocado, o Estado de São Paulo
estendeu a quarentena até 10 de maio, o novo ministro alega que
somente isolamento social não resolve. Ninguém está parado: há
cientistas pesquisando métodos de cura, analisando a doença e como
ela se comporta em diferentes climas e populações do planeta.
O
desafio do momento é encontrar uma forma mais tranquila de se viver.
Sem muito agito, festas, viagens, sem necessidade de grande
exposição. Viver com o básico, interiorizar, aumentar conhecimento
para agir no momento oportuno. Que os projetos felizes sejam adiados
para um futuro nunca antes sonhado, que nos encontrará em nosso
melhor momento de concretizá-los.
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