depois de quase desistir
os mesmos pés cansados voltam pra você...”
São Paulo, 11 de julho de 2021
Feriado de 9 de julho e minha amiga Carolina me convida a revisitar o trecho do Caminho do Sol entre as pousadas de Mombuca e Arapongas. Viajamos para Mombuca dia 9; caminhamos os 24 km entre as pousadas dia 10 - Joel, primo do Kalango, nos resgatou na chegada; voltamos de Mombuca hoje.
Minhas primeiras lembranças desse trecho do Caminho do Sol são até que boas. Me perdi com dois companheiros de caminhada pouco antes de chegar no trecho asfaltado, pegamos carona num carro de manutenção de cana até o ponto de desvio e depois continuamos o caminho sem grandes complicações. A nuvem do caminho(ponto de parada que os voluntários fizeram com lanche e música) foi memorável. Isso foi em 2018, estava no meu terceiro dia de caminhada (o detalhe é que em 2018 retomei a caminhada em Elias Fausto, para quem sai de Santana de Parnaíba – onde inicia o Caminho do Sol - é o oitavo dia de peregrinação), havia me preparado para a peregrinação frequentando academia.
Dessa vez me preparei para a quilometragem praticando yôga todo dia. Entrei no terceiro mês de uso de um aplicativo no celular.
Durante a caminhada meu corpo ficou relaxado, quase nada me incomodava, ficar parada demais para lanchar era um desses pontos. Porém o que pesou mesmo foram os morrinhos. Meu coração se esforçou legal neles. Yôga não dá resistência nenhuma, não é atividade aeróbica. A surpresa foi grande frente a morrinhos tão suaves do Caminho do Sol. A melhor preparação para fazer uma caminhada é com certeza caminhar com frequência. Correr um pouquinho ajuda, mas no geral o bom mesmo é fazer longas caminhadas como a que se pretende fazer por dias seguidos.
A prática regular de yôga foi boa porque hoje, dia seguinte ao esforço exaustivo, meu corpo dói muito pouco. O exercício prévio se mostrou um potente analgésico durante e pós caminhada, eliminando a maioria das dores que encontraria caso estivesse sedentária. Yôga é exercício sim e faz muita diferença!
O aprendizado foi o de me preparar para as próximas caminhadas com yôga todo dia sim, mas combinada com caminhadas e quem sabe um pouco de musculação. Trabalhar o corpo por completo, ganhando resistência no coração, pulmões e pernas para atravessar longas distâncias.
Kalango e Delma, hospitaleiros voluntários de Mombuca e Arapongas, pediram para limpar o albergue antes de nossa chegada. Carol e eu estávamos crentes de que precisaríamos limpá-lo no primeiro dia. Passamos uma vassoura na saída. Ou melhor, a Carol passou, porque o meu departamento no feriado foi a louça.
Carolina foi de uma generosidade ímpar comigo. E eu preocupando a moça com meu coraçãozinho no caminho, meu ritmo lento de caminhar, meus dedos apertados no tênis de caminhada que ela tentou me dar. Primeira vez em que caminhei de papete com meia.
Carol e eu ainda chegaremos em Santiago de Compostela juntas, pelo caminho português, com nossos pés cansados.
“Meus pés cansados de lutar
Meus pés cansados de fugir
Os mesmos pés cansados voltam pra você
Pra você”
Pés Cansados, Sandy
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