Hoje
é domingo e faz uma semana que voltei a praticar atividade física.
Eram 5 minutos no stepper todo dia, hoje foram para 10. Precisei de
mais de dois meses confinada para sentir necessidade de me exercitar.
Reorganizo
minha vida aos poucos, nessa quarentena que parece não ter fim.
Outra necessidade que brotou semana passada foi a companhia de uma
planta durante o trabalho. Felizmente meus pais adoram plantas.
Estamos em pleno outono, dia 22 entramos na lua nova, não podia
pedir época melhor para meu pai separar uma mudinha e trazer o lírio
da paz para minha escrivaninha. Essa planta suporta ambientes pouco
iluminados.
Domingo
passado a muda foi separada. Desde então separo um tempo para trocar
uma ideia com as plantas da garagem, que é onde está o vaso da
moita mãe do lírio da paz. Minha planta ficou na garagem por três
dias para se habituar com o novo vaso. Eu precisava dar as boas
vindas a minha plantinha nova, prepará-la psicologicamente, acabei
simpatizando com o matagal da garagem; afinal moramos todos juntos.
Prometi dar notícias do lírio depois que ele fosse para o meu
quarto, para as amigas não sentirem saudades.
Lírio
da paz é um bom colega de trabalho. Sempre presente, muito bom
ouvinte, nunca tira folga, trabalha do nascer ao pôr do sol. Ele
está em fase de dormência, não se pode esperar muito dele até o
fim do inverno, apenas que se adapte bem e goste do lugar. Ele não
gosta muito de luz, a folha que mais recebe claridade amarelou nesses
dias ao meu lado. As outras doze folhas estão bem.
A
quarentena será flexibilizada no Estado de São Paulo. Foram criados
5 níveis e a capital está num nível acima da região
metropolitana. Mesmo com menor taxa de pessoas em casa, mesmo com
maior proporção de leitos hospitalares ocupados, mesmo com mais
mortes em relação aos municípios vizinhos. A justificativa? A
capital tem estrutura para abrir escritórios, comércios de rua e
concessionárias. Eu acredito? A lógica não deixa.
A
cidade receber nível 2 para manter o isolamento social não
significa que volto ao trabalho presencial logo menos em junho, a
liberação para o trabalho será gradual e dependerá de licenças.
Meu trabalho especificamente deixará de ser remoto quando a chefia
aprovar, no momento a divisão inteira trabalha remotamente.
Não
espero que tão cedo possamos voltar a trabalhar como antes,
frequentar academia, centro espírita, sair com a cachorra, caminhar
no parque. Nesses 73 dias de quarentena criei uma normalidade, me
reorganizei, de fato aderi a uma nova rotina, só me resta esperar
por mudanças que não dependem muito de mim. O que posso fazer é
ser prestativa e cuidar de quem está em casa comigo. Sejam meus
pais, meus emplumados, a gata, a cachorra, as plantas. Cuidar da vida
que se manifesta em mim e a minha volta, amar ao próximo como a eu
mesma e a Deus sobre todas as coisas.
Não
pensei que ficar em isolamento social faria com que me questionasse,
tomasse resoluções, e fosse tão transformador quanto peregrinar,
entrar em contato com a natureza e todas suas intempéries, conhecer
outras pessoas. Com tanto tempo de convivência, sinto um ambiente
mais calmo e agradável em relação ao início da quarentena.
Fiquei
menos tensa com todas as obrigações que abracei para mim. Escolhi
quais quero, eliminei as que não interessavam, incluí outras
benéficas. Assim é o processo de mudança de rotina.
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