Chovia no hotel. Peguei 4 rosquinhas no café da manhã para lanche no caminho e decidi tomar leite com açúcar ao invés de suco. Nem reparei, mas era de uma marca estranha, quem tomou suco passou mal.
A van nos levou ao ponto de partida na Venda da Ziza em Inconfidentes. Como chovia, todos vestiram capa – ou usaram guarda-chuva. A chuva durou pouco. A paisagem é realmente linda: os mares de morros. Hoje foi dia de subir e descer quatro morros segundo a altimetria do Wikiloc. Na prática não conto os morros quando os atravesso.
Um bom tempo após a chuva parar, após o primeiro cruzeiro, decidi que tiraria a capa de chuva e colocaria as meias para secar penduradas na mochila assim que encontrasse um bom lugar. Passei pelo primeiro ponto de apoio: fechado. Entretanto Poli disse que pouco depois haveria uma igreja com barracão onde poderia parar e até usar o banheiro. A igreja não chegava. Calor e fome apertaram, tirei capa, pendurei meias e comi um lanche nos pés de um morro. Era a primeira do grupo, ninguém chegou depois que parei. Continuei. No alto do morro havia uma cerca de cimento pintada de verde com piso sestavado na entrada. Deduzi que era uma casa chique, pra completar dois cachorros que pareciam Rottweiler avançaram latindo para mim. Quando um cão late pra mim eu sigo o caminho, ao invés de subir a direita e provavelmente ver a entrada da casa chique, desci a íngreme ladeira a esquerda. 10 minutos depois Poli aparece com o carro informando que errei o caminho.
O que pensei ser uma casa chique era os fundos da igreja. Trabalhadores perto comentaram sobre minha passagem pelo caminho quando Poli chegou na igreja. Se ninguém tivesse me visto, estaria perdida até agora.
Silvana e Selma estavam com Marlene, que conhece o caminho, por isso não se perderam. Já Marilda e Marines foram avisadas pelos trabalhadores para não tomarem o rumo errado. Poli percebeu que a seta próxima estava apagada, com visualização difícil. Esse foi o benefício que trouxe ao grupo e ao Caminho da Prece: me perdi num trecho mal sinalizado. Encontrei talvez a única falha, porque de resto a sinalização é perfeita.
Almoçamos no meio do caminho, onde pedi que São Benedito abençoasse a cozinheira por cozinhar tão bem. São voluntários moradores da fazenda que sempre oferece comida aos peregrinos em seu ponto de apoio.
Depois do almoço meu ritmo ficou mais lento, não participei mais do pelotão da frente. Também não me juntei ao pelotão do meio. Comecei a fotografar. No portal de Borda da Mata noto que o Wikiloc resolveu funcionar. Algumas setas depois fico em dúvida sobre qual rumo tomar e o aplicativo me orienta. Sigo uma grande reta cheia de ladeiras até a Basílica de Nossa Senhora do Carmo. A reta desemboca na lateral da praça da igreja. Em frente a igreja está o marco zero do caminho.
No fim todos agradeceram antes da oração final, depois da oração nos abraçamos e entramos na van para voltar a Jacutinga.
No terceiro dia de caminhada o corpo se acostuma com a rotina e dói menos, terminamos o caminho melhor do que o início. Até o corpo se acostumar, não é boa ideia submetê-lo a 30 quilômetros ou mais. Se quiser permanecer inteiro, caminhe na casa dos 25, aproveita-se bem a viagem.
Concluo o caminho descobrindo que sim, meu corpo suporta os morros de Minas, sobreviverei ao Caminho da Fé.
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