Ontem tive uma noite de beleza após arrumar a mochila. Fiz umectação no cabelo, esfoliei o rosto e me besuntei de hidratante, passei até nos pés. Preciso começar a viagem muito bem cuidada, com todos os luxos que abdico no percurso. Dois anos atrás ganhei queimadura de segundo grau com o sol do verão na minha primeira peregrinação. Amanhã volto a caminhar no verão, crente que esse carnaval será diferente.
Enfrentarei o sol muito bem vestida, muita roupa com proteção solar fator 50: calça, camisa com manga, luva, chapéu e bandana para cobrir o rosto. Não tenho paciência com óculos de sol, mas trouxe. Protetor solar usarei só no rosto – fator 99. Todo esse aparato não é precaução contra o sol do verão. É precaução contra o sol mesmo, fosse inverno me vestiria da mesma forma, a diferença seria uma jaqueta contra o frio.
Cheguei no trabalho com mochila cargueira, cajado, vestido e papete. Botas penduradas na mochila. Antes de sair tirei a maquiagem com óleo de coco que deixei no trabalho.
No domingo anterior coloquei em prática o projeto Corrida no Ibira. Em 50 minutos dei uma volta correndo no parque, outra andando. Corri por quase 3 Km, nessa pequena distância já dá vontade de desistir pelo esforço físico que se faz, mas persisti: durante a semana já havia corrido 3 Km em 30 minutos de esteira, domingo estava confiante na minha capacidade. Minha disposição foi turbinada com a troca de pontos do cartão de crédito por uma camiseta de corrida nova. Encontrei o Ibirapuera estava menos cheio pelo horário em que fui (mais cedo do que o costume), e pelos blocos de pré carnaval. Fim de semana passado tinha mais pessoas nos transportes públicos, porém não nos lugares que frequento.
No início da primeira peregrinação acreditava piamente que ajudaria muito os outros com minha parca experiência de vida e visão de mundo. Hoje quero ampliar meus horizontes conhecendo o possível dos lugares e das pessoas. Na bagagem levo interesse genuíno. Parece que isso está em falta no cotidiano.
A peregrinação de aniversário do Caminho da Prece costuma ocorrer no fim de semana do Domingo de Ramos, esse ano será entre os dias 12 e 14 de abril; o organizador, Poli, postou fotos no Facebook dias atrás mostrando a revitalização do percurso para caminharmos agora.
A Sol, que conheci em caminhadas anteriores, também está no grupo. Finalmente conviveremos por mais de um dia. Somos 12 peregrinos, alguns iniciantes. Eu e Silvana encontramos Vera, que pertence a outro grupo de caminhada, na rodoviária em São Paulo. Ela começou a caminhar em 2005 pelo Caminho da Fé, é sua segunda vez no Caminho da Prece. Patrícia pertence ao mesmo grupo de Vera e também estava no ônibus. Fomos as últimas a chegar no hotel em Jacutinga. Não encontramos outros integrantes do nosso grupo mas Poli nos buscou e levou até a Casa do Peregrino.
Lá pegamos camiseta, passaporte, botons e bandana. Poli nos ofereceu um lanche e contou um pouco sobre os caminhos que percorreu e registrou na parede. Perguntei se o Caminho de São Francisco, na Itália, é mais difícil do que o da Fé, no Brasil. Ele contou que foi o mais difícil de todos, mas também o mais espiritualizado, com fortes emoções provocadas pelos lugares e suas histórias.
Que tendência a me interessar por coisas difíceis! Entretanto a dificuldade pouco importa. Antes do caminho de Assis tenho o de Santiago de Compostela, o Caminho da Fé, e o Caminho da Prece, que começo amanhã. Posso concluir todos, como qualquer pessoa. Tudo que preciso é dar um passo por vez.
Um comentário:
Alê, vice escreve com a alma...
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