Todo
dia ainda de pé o Zé dorme acordado...”
São
Paulo, 01 de abril de 2019
Ontem
foi dia de visitar Silvana e acertar alguns pontos da viagem. Alguns,
não todos. Luzia se dispôs a viajar conosco, será sua primeira
peregrinação. Silvana a recebeu no clima “Oba! Por que não?
Vamos juntas!” enquanto eu no grupo de mensagens morria de vontade
de gritar “Não começa pelo Caminho da Fé! É muito punk! Exige
muito do corpo, sem um bom preparo a gente se estrupia! Sem contar
que vai iniciar a vida de peregrina sem carro ou equipe de apoio pra
te socorrer.”. Com o tempo pensei: cada um com as oportunidades que
aparece, não é mesmo? Silvana e eu não somos lá muito experientes
em peregrinações, mas encaramos o desafio. O desafio de Luzia é
maior.
Maior
porque ela tem quatro meses para adquirir os itens da mochila que
levei um ano comprando. Pode-se dizer que o tempo gasto na aquisição
dos itens que levo foi maior pois a cada peregrinação trocava
alguns itens permanentes, adquiria outros que não estavam na lista.
O que veio para minha mala por troca foram as blusas de proteção
solar e o poncho de chuva; a bandana apareceu como material extra
para proteger da poeira e do sol. O desafio de Luzia é maior pois
ela tem quatro meses para condicionar bem o corpo para encarar
morros, sendo que já tem problemas na coluna para atrapalhar o
caminhar. O dinheiro para a viagem também é um desafio. Nem lembro
quanto tempo levei para juntar o montante para a primeira viagem,
lembro apenas que sempre tive costume de juntar uma reserva.
Silvana
amacia a bota comprada ano passado em trilhas e travessias difíceis,
com muitas montanhas e morros. Só esqueceu de levar a bota no
Caminho da Prece porque passou por imprevistos de última hora. Ela
treina com trilhas e ginástica. Eu treino com academia e tento
correr no parque, embora só tenha conseguido a proeza de correr uma
vez desde que comecei a frequentar o parque mais próximo de casa.
Assim buscamos resistência e condicionamento físico.
Quatro
meses de academia foram suficientes para percorrer o Caminho da Prece
sem muitas dores. Após três dias de caminhada encarei com Silvana e
duas novas amigas uma trilha rumo ao pico da forquilha em Jacutinga,
Minas Gerais. O corpo estava muito bem, sem a menor dor, o problema
foi recordar meu medo de altura. A vista é bonita. Regada ao medo da
subida e descida. Não é algo que quero sempre.
Meu
condicionamento físico entretanto não veio por frequentar academia
e parque religiosamente desde novembro passado. Desde 2016 condiciono
o corpo para caminhadas. Minha idade baixa contribui para a falta de
problemas musculares, ósseos, articulares e outros que comprometam o
ato de caminhar. Não posso dizer que com quatro meses de academia
qualquer um fica preparado para encarar morro todo dia porque não
parti do zero, do sedentarismo.
Aprendi
com o Caminho da Prece que não importa o percurso do dia nem a
preparação anterior: o corpo sente a mudança da rotina e dói os
três primeiros dias. Quem tem bom condicionamento físico sente
poucas dores, essa é a diferença. No quarto dia o corpo já está
acostumado e as reclamações diminuem drasticamente ou somem de vez.
Enviei
um arquivo com planilhas e a relação de pousadas do ramal Águas da
Prata para Silvana e Luzia. Nenhuma analisou as pousadas que escolhi,
isso fica para o próximo encontro.
Decidimos
realizar a viagem em catorze dias, sendo doze de caminhada e dois de
deslocamento. Pegaremos a credencial do peregrino num sábado,
visitando a cidade e a pousada que a fornece, não caminharemos nesse
dia. Planejamos buscar a credencial em Paraisópolis dia 27 de julho.
Voltando
da reunião surgiu a dúvida se as pousadas da lista ficam todas no
percurso ou se é preciso parar o trajeto, ir à pousada e retomar o
caminho no dia seguinte de onde paramos. Perguntei a Carolina e ela
disse que encontrou os dois tipos de pousada no Caminho da Fé. O
melhor é perguntar para cada pousada escolhida onde elas ficam
exatamente. Carolina frisou a importância de reservar todas as
pousadas previamente, pois nenhuma aguarda hóspedes de última hora.
A
encontrarei próximo sábado no 1º Encontro de Caminhada Longa do
CEPE USP, quando será a primeira palestrante do dia. Também
encontrarei Selma, que conheci no Caminho da Prece. Foi para
acompanhar Selma que me inscrevi no evento, pois apesar de vasta
experiência em acampamentos, pescarias, trilhas, saber primeiros
socorros, ela é iniciante em peregrinações: começou no Caminho da
Prece. O Encontro de Caminhada Longa dura o dia inteiro: vai das 10
às 16 horas. O CEPE USP é o Centro de Práticas Esportivas da
Universidade de São Paulo, onde Carolina trabalha.
Como
resultado do encontro com Silvana e Luzia preciso ajustar o arquivo
de roteiro e custos, e pesquisar a localização das pousadas
escolhidas anteriormente por preço, oferta de refeição e escalda
pés. No próximo encontro precisamos de mais tempo conversando.
Tempo que não tinha disponível ontem porque foi dia de preparar
almoço de domingo para a família pela primeira vez. Foi o primeiro
domingo, porém o segundo almoço. O primeiro almoço de família que
cozinhei foi no sábado, anteontem.
“Todo
dia o dia não quer raiar o sol do dia
Toda
trilha é andada com a fé de quem crê no
ditado
De
que o dia insiste em nascer
Mas
o dia insiste em nascer
Pra
ver deitar o novo”
Todo
carnaval tem seu fim, Los Hermanos
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