Ter
certeza pr'onde vai
E
de onde vem
Que
beleza é vir da pureza
E
sem medo distinguir
O
mal e o bem...”
São
Paulo, 5 de outubro de 2019
Dia
3, faltando exatamente dez dias para embarcar rumo a Mococa, fiz as
unhas do pé e da mão. Passei base nos pés e o dourado “Domina o
meu coração” nas mãos, porém a cor das mãos certamente sairá
em três dias, não pretendo viajar com unhas esmaltadas. A questão
são as cutículas. O recomendável é fazer as unhas com no mínimo
dez dias de antecedência para que as cutículas não inflamem ou
tenham qualquer problema durante a viagem. Caso pinte novamente as
unhas, não cortarei as cutículas, no máximo irei afastá-las.
De
lá pra cá sigo hidratando muito bem meus pés, cuidando da frieira
que apareceu, da micose da minha mão que vez ou outra esqueço de
passar remédio. Aproveito esses dias antes da viagem para usar
hidratante corporal depois do banho. Nessa primeira semana de férias
só não fui à academia quarta feira. Meu corpo precisa começar a
peregrinação na melhor forma possível, todo bem cuidado.
Dentre
os preparativos para a viagem os dois parágrafos anteriores resumem
bem o que tenho feito, essa carta não acrescentará maiores
informações. Foi a mais difícil de decidir publicar porque não
fala muito
sobre
preparativos para a viagem. Mostra que o processo de autoconhecimento
e transformação não se limita ao que envolve uma viagem. Uma
abobrinha sobre as pequenas e belas mudanças que experimento.
Em
busca de economizar, gastar e investir bem o dinheiro, eis que em
minhas pesquisas aparece um vídeo estilo “Coisas que não compro
mais”. Foi nessa que descobri a existência do absorvente de pano.
Também descobri o estilo de vida que naturalmente tenho adotado, o
minimalismo.
Minimalistas
são revolucionários: numa sociedade que estimula consumo em excesso
eles escolhem viver bem com poucas coisas. São os novos epicuristas,
valorizam as experiências e não os objetos. Após conhecerem-se a
si mesmos a fundo, diferenciam o que consideram importante do que o
que a sociedade diz importar para eles. Eles se valorizam porque
descobrem que na realidade não é a sociedade que vive a sua vida, é
você mesmo; e ninguém melhor do que você para decidir o que é
importante e deve ser buscado.
Sabe
o que uma pessoa de sucesso deve ter? O que alguém inteligente deve
saber? Nenhuma lista faz sentido. O julgamento alheio e a fama não
interessam, o importante é você estar bem e feliz com suas
escolhas.
A
experiência de viver bem com pouco começou no preparo da mochila
para a primeira peregrinação. Era tudo novidade, dezenas de coisas
que não tinha, mas o que ficou durante e após as viagens foi o
conceito de que seus equipamentos precisam ter qualidade e você
precisa aproveitá-los.
Então
quem é minimalista vive com poucas coisas mas tudo de ponta? Não. O
que a pessoa tem de caro, com tecnologia de ponta, de marca top, é o
que ela considera que vale a pena. O resto pode ser barato, sem
contar que existem coisas baratas e muito boas. A exemplo da pomada
contra assaduras que também recupera a pele de queimaduras solares,
se mostra um potente hidratante e amolece cutículas.
Minha
vida minimalista baseia-se em ser pobre com estilo, usar coisas boas
e baratas. Os absorventes de pano artesanais eram mais baratos do que
os de marca, por isso entrei no aplicativo especializado em
artesanato. Lá, entre itens de beleza, encontrei eco pads de crochê.
O que é isso? São discos de crochê para limpar a pele e aplicar
cosméticos. Há quem faça eco pads com pano de microfibra em vez de
barbante. Substituem os discos de algodão, com a diferença de que
você lava após o uso em vez de jogar fora.
Bem
que tempos atrás me incomodei com o preço dos discos de algodão!
Como sei fazer crochê, pesquisei receita na internet, comprei
barbante e fiz para mim e para presentear várias amigas.
Meu
primeiro dia de uso: Pela manhã precisei de menos tônico facial
para limpar o rosto, pois barbante não absorve rapidamente e o
líquido fica mais na superfície. À noite, em vez de dois ou três
discos de algodão para retirar maquiagem, usei um eco pad frente e
verso. Contando com o tônico facial que apliquei à noite, gastei
três eco pads no dia. O que usei pela manhã não secou dentro do
banheiro, após lavar os que usei à noite pendurei todos no varal.
Lavei todos com sabonete, sendo que o que usei para tirar maquiagem
precisou ser bem esfregado. Não foi nenhum esforço hercúleo,
afinal são discos que cabem na palma da mão, têm sete centímetros
de diâmetro.
O
ponto negativo dos discos de barbante é que não são tão macios
quanto algodão. Como benefício extra, a dureza e relevo dos
disquinhos proporciona uma suave esfoliação facial.
Messes
após aderir aos eco-pads a febre entre as blogueiras de beleza era
uma esponja de silicone com cerdas e vibração para esfregar e
limpar o rosto. Fazer com sabonete facial e esponja de silicone o
mesmo que faço com os discos de barbante e demaquilante, dessa vez
gastando eletricidade. Métodos de limpar o rosto e remover células
mortas com suaves esfoliações não faltam no mercado.
Na
rotina de beleza, a primeira coisa cara que me incomodou depois que
passei a usar duas vezes ao dia foi o tônico facial. Pesquisando
sobre beleza descubro que água com vinagre faz o mesmo serviço e
pode ser até melhor do que muito produto caro. Não lembro quando
foi a última vez que comprei tônico facial, sei que desde que
acabou passei a usar a solução de vinagre de maçã com água. O
vinagre precisa ser de maçã. A razão é uma parte de vinagre para
três partes de água, que pode ser substituída por soro
fisiológico.
Meu
sonho de consumo já foi o mix de óleos naturais chamado Lágrimas
de Unicórnio, da marca Cat Make. Ganhei, usei até o final apenas
como hidratante noturno, depois achei interessante experimentar
azeite de oliva na mesma função
e no mesmo vidro. Fotografei
periodicamente para verificar alguma mudança e depois de 3 meses de
uso concluí que funciona bem: visualmente minha pele mal mudou,
sutilmente aparenta ser mais lisa. Notei que a combinação eco pad,
vinagre de maçã e azeite de oliva turbina a recuperação da pele:
pequenas espinhas sumiram em três dias, no quarto dia
transformaram-se em pontos vermelhos sem protuberância. Tenho cada
vez menos espinhas nos períodos pré-menstruais. Se antes as
pequenas protuberâncias mal apareciam para espremer, agora
dificilmente chegam na camada superficial da pele. Nesses casos, em
que é impossível espremer, uso pomada contra espinhas. Precisa
levar em conta que minha pele é madura (estou na faixa dos trinta
anos) e assim como meu corpo ela começa a demorar para se recuperar
de lesões.
Em matéria de hidratante facial já usei muito creme Nivea Soft,
alguns da linha Care da Avon, já passei por óleo de coco, mas o
primeiro produto que decidi analisar para verificar resultados foi
azeite de oliva.
Próximo
ao meu 36º inverno, prestes a completar 4 meses usando azeite, notei
que a pele do meu rosto mudou: começou a descamar numa pálpebra.
Até então minha pela nunca sofrera com o clima a ponto de precisar
mudar de hidratante. Voltei
para o óleo de coco e com duas noites de uso a descamação sumiu. A
experiência bastou para elegê-lo hidratante facial noturno de
inverno e deixar o azeite de oliva para as estações quentes.
Hidratante
corporal é algo perfumado que toda mulher ama, certo? Contanto que
não seja eu, que não faço questão nenhuma de perfume e detesto
fragrâncias doces – prefiro florais ou herbais.
O
ponto é que dificilmente tenho paciência para hidratante corporal,
só uso nos fins de semana. Quando não me resta nenhum que recebo de
presente, uso o multifuncional óleo de coco, que também é meu
demaquilante preferido. Nos dias de paciência extrema ele nutre meus
cabelos numa umectação. Passei a usá-lo também como primer, após
o protetor solar e antes da maquiagem. O efeito é ótimo: ao longo
do dia, abaixo dos olhos a maquiagem craquela menos. Sim! Com esse
produto a maquiagem fica inteira até o fim do dia! Não difere nada
dos primers industrializados. Só abro exceção para os primers
feitos com proteínas de arroz; apliquei no meu irmão no dia do
casamento dele e a esposa notou que mesmo no fim da festa o rosto
dele não brilhava. Se você quer um rosto seco, mate, procure por
primers feitos com proteína de arroz; se quer um rosto com viço,
hidratado, fuja dos primers siliconados e caia no óleo de coco. Este
produto é comida, serve para cozinhar, mas nunca comprei com essa
finalidade.
Cosmético
que não vivo sem é protetor solar, porém priorizo o fator de
proteção solar e o preço, não a marca. O
que tive coragem de adquirir a altos valores foi sabonete facial
artesanal.
Valeu a pena porque mesmo lavando o rosto duas vezes ao dia com
bastante espuma eles duraram meses. Já usei de argila preta, de
arroz, e alguns feitos com água termal.
Minha
base do dia a dia está entre as mais baratas, não tenho outra para
eventos especiais. Batons, blushes, sombras, corretivos, iluminadores
são produtos que procuro sempre em cores que ainda não tenho;
geralmente são baratos ou recebidos como presente.
Admiro
cosméticos artesanais, especialmente sabonetes. Mais naturais, o
corpo assimila melhor seus ativos. Muitos não contêm parabenos, que
são conservantes tóxicos para o organismo. O melhor é incentivar a
economia local: ajudar quem ainda é pequeno e precisa crescer.
Produto artesanal tem carinho, dedicação, todo esse ar de
exclusividade faz me sentir importante, não apenas mais uma na
multidão. A frequência em que adquiro é demorada, os produtos têm
longa duração e não me sinto bem guardando reservas.
Muitas
vezes no desespero apelo para produtos industrializados mais simples
e baratos ou aproveito o que já possuo. A exemplo do creme de mão
do escritório: depois dos que ganhei no natal, passei a usar a
pomada contra assadura que levei no Caminho da Prece. No meu
aniversário ganhei creme de mão artesanal e reservei a pomada.
Enjoei de usá-la nas mãos já que o creme específico funciona
melhor, a princípio a pomada é item de viagem.
Creme
de mão virou item de necessidade até em casa depois que aumentei a
frequência com que lavo louça. Sabão caseiro judia das mãos,
creme hidratante é fundamental para mantê-las macias e saudáveis.
Eis
a rotina de beleza de alguém que antes de descobrir-se minimalista
enxergava-se apenas pobre com estilo.
“Abra
a porta
E
vai entrando
Felicidade
vai
Brilhar
no mundo
Que
beleza! Que beleza!”
Imunização
Racional (Que beleza), Tim Maia