sabe-se lá como respira na água
continua a nadar
vive sua realidade mais densa que o ar
se encontra problemas quer se aprofundar
não posso acompanhar
minha respiração é pulmonar
não vivo em mar nem em rio
nosso ponto em comum é o sangue frio
Enquanto ele nada apressado
me arrasto em passo cadenciado
sem a pressão da profundidade
mas sob sol causticante da falta de novidade
De vagar e sempre
com uma bagagem que já não pesa
divagar e sempre
contra quem acredita em sacrifício e reza
Meu jugo é leve
minha vida não é breve
no caminho onde o conheço
estou ainda no começo
meu horizonte tem muito chão
não um oceano líquido em profusão
Vivo na selva, ainda que petrificada
viajo em tempo seco, com frio e pouca água
me preparo há meses para a jornada
que me ensina que sem pessoas a paisagem é nada
Há quem cruze centenas de quilômetros sem perceber
que o importante de um lugar é quem nele viver
atravesso descampados, cruzo morros sem contar
encantada com quem vive em lugar mais denso que o ar
admirando quem tem fôlego para no alto quase voar
e no meio da pista, comendo poeira
semeio abobrinhas por brincadeira.
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