Furacão Sem Lágrimas
Brinquedo infantil, Fadinha Guerreira que não chorava. Controlava os ventos, tinha um rebanho de nuvens, era loira de franja e cabelo escorrido, uma cicatriz em seu olho denunciava que era incapaz de produzir lágrimas. Vez ou outra entrava em profunda tristeza por não chorar. Todas as outras fadas podiam fazê-lo, mas sua natureza cruel a impedia. Não reparava que embora pudessem, as outras fadas também não choravam. Furacão precisava lembrar-se de que o fato de não chorar não lhe atrapalhava em nada.
Inveja é coisa triste, pode aparecer nas coisas mais banais. Tem sentido invejar sofrimento? Sentimento, sorte, qualquer coisa? Tudo que não se tem, pode-se conseguir. Tudo que não se vive é porque ainda não se está pronto para enfrentar. Há coisas pelas quais nem todos hão de passar ou conhecer por mais que ambicionem. Porque não estão preparados ou não precisam.
Lição da Furacão Sem Lágrimas.
Brinquedo infantil, personagem de faz de conta.
Estranho é que no dia seguinte ao digitar as linhas acima, descobri que a figura da menina que não chora ronda o imaginário coletivo não é de hoje. Foi mencionada na última parte de “Convergência”, do Sandman que Neil Gaiman escreveu.
2 comentários:
Olá, voltei! :D
Que coisa mais densa e mais incômoda a questão do choro... Mas será que a inveja é do sofrimento ou da capacidade de expressá-lo? De qualquer forma, querer o que é do outro nunca é saudável. Buscar uma vida com menos razões para chorar... essa é uma idéia que eu topo. :)
Beijos
Bem observado! A questão aqui é a capacidade de expressar sofrimento. A personagem sofria mas não se expressava chorando. Invejava uma forma de expressão, não um sentimento.
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