sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Semana de carnaval, Abobrinhas Verdes não está em festa. Se o leitor quisesse festa não viria aqui em pleno feriado. Delicie-se com o que inicialmente estaria no lugar de "Sobre o tempo", a abobrinha extraviada: última da safra regada com neurose pós vestibular, especialmente cultivada para o 138. Circulam pela rede, em tempos próximos aos vestibulares, mensagens humoradas analisando cada carreira. 138, ao tentar adivinhar a carreira que prestei em 2006, deu-me inspiração para escrever esse texto sobre


ÁREAS DO ENSINO SUPERIOR

Os malucos prestam humanas. Querem entender o âmago do mundo, encontrar uma razão de ser na mixórdia que chamam de sociedade e ensina-la viver. Malucos pensam que resolvem quando na verdade só criam problemas.

Os dementes prestam algo relacionado com artes. Cinema, rádio e TV, música, dança, teatro, artes plásticas. São pessoas de mentes capazes de relacionar todas ciências no intuito de distrair, acalmar ou até alertar a sociedade. Dementes trabalham com válvulas de escape do ser humano, ou seja, as sobras da sociedade.

Os esquisitos prestam exatas. Deliciam-se resolvendo problemas com fórmulas e teorias estranhas, chegando a inventar mais fórmulas e teorias para resolver mais problemas. Esquisitos adoram problemas, não vivem sem eles.

Os maníacos prestam biológicas. No processo evolutivo dos seres vivos eles analisam, selecionam, separam, repartem e destrincham toda espécie de seres. No fundo são assassinos: estudam a vida através de cadáveres e transformam veneno em remédio.

Você ainda será convencido de que um grupo desses é perfeitamente normal.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

"Quanto rizo
oh, quanta alegria
mais de mil palhaços no salão..."
Máscara Negra

O feriado mais famoso do Brasil se aproxima com promessa de deixar vazio o monstro de concreto que chamam de cidade. Paulistano sabe que feriado é feito para passear, não importa o lugar. Livro, praia, interior ou até mesmo conhecer melhor a própria cidade, que desacelera o trânsito diurno e se mostra caipira, sossegada. Com altas noites de balada para dançar o que bem quiser até o sol raiar.

OPS! Carnaval, esse texto é sobre carnaval. O Rio de Janeiro sediou a final de um concurso nacional de novas marchinhas dia 12 de fevereiro. O nome da vitoriosa foi "O Milagre do Viagra". Marchinhas são melhores que o axé que os trios elétricos insistem em tocar no nordeste e todo litoral. A carioca Chiquinha Gonzaga inventou o ritmo em 1899, levantou poeira nos salões, embalou guerras de confete entre os raros carros dos foliões, puxou os populares cordões. Com o tempo os cordões viraram blocos e os blocos Grêmios Recreativos e Escolas de Samba. Os populares G.R.E.S. No primeiro CD do Pato Fu tem música pra quem detesta os G.R.E.S. gritar bem alto.

Axé é pobre: pobre de sentido nas letras, pobre melodia que não varia. Pior que isso só funk carioca onde o cantor nem afinado precisa ser para aparecer: basta juntar um bando de manés e rebolar que está valendo, vende feito água. Também evapora feito água.

No entanto as marchinhas atravessam o século. "Mamãe Eu Quero" fez sucesso na Europa de 2004 quando T-RIO (grupo de trigêmeas bailarinas brasilienses que começaram a cantar na França) resolveu gravar. Qualquer um sabe ao menos um pedaço das marchinhas mais famosas. Ingênuas, bom ritmo, variados instrumentos, têm sentido e letra simples. O som mais divertido e gostoso de fevereiro, não importa quantos shows façam U2 e Rolling Stones.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

DOAR SANGUE DÁ SORTE!

Comprovadamente as pessoas que recebem o sangue têm sorte de continuarem vivas. Desejam sorte e felicidade aos doadores. Por isso doei antes dos exames vestibulares.

O universo inteiro conspirou a favor: rezei, fiz simpatia de ano novo, amigos e família desejaram-me sorte, abdiquei viagens, estudei mais por curiosidade que por necessidade de melhorar meu desempenho, não digo que devorei livros mas eliminei dúvidas e juntei A com B onde as idéias embolavam.

O principal trunfo: calma. O mundo não acaba numa prova dessas, os problemas não somem assim que o candidato é aprovado, também existem vida e trabalho sem nível superior. Todo ano tem exame, o derradeiro há de chegar. Nada de reclamar que precisa revisar tudo de novo, demorou para deixar de torcer o nariz para matéria que não entende. Calma na prova. O tempo das idéias não segue relógio, montar estatística sobre ele só desespera.

Cinco anos prestando vestibular, cinco anos me desesperando nas listas de aprovados. O plano B - o que faço quando não passo - de tão batido passei a considerar plano A. Mesmo assim me desesperei percorrendo lista da FATEC. Ao achar meu nome, invés de gritos de alegria que elevam a maioria dos candidatos, um suspiro de alívio me anuncia que o ano apenas começou. Começou o ano diferente, sem revisão, sem vestibular, sem Primo Basílio ou Macunaíma.

Preciso de agenda, mochila e fichário.
Feliz ano novo.
Doar sangue dá sorte.

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

A produção ia bem até esquecer a abobrinha dessa sexta em outra máquina. Tenho de suspender a safra regada a neurose pós vestibular e quebrar uma sequência bonitinha que terminaria na semana do último resultado que espero. Tristesa. O que vem a seguir já comentei no Morangos Mofados.


SOBRE O TEMPO

Se quebrarmos o relógio viveremos na eternidade?
Ele é o responsável por nossa noção de tempo; no início quem fazia isso era o sol, as estrelas, a lua, e até o tamanho da grama.
Já pensou?
Vivemos no meio da eternidade e não percebemos por causa do relógio.
Ou talvez porque não queiramos que a eternidade esteja em eterna mudança.
O paraíso seria aqui?
Sim, o paraíso é aqui.
O inferno também.
Bem vindo ao purgatório.