sexta-feira, outubro 07, 2005

Pingüins em campo minado

A mídia está aí para pregar na sua cabeça que a maior arma do cidadão é o voto, o cidadão só é alguém quando vota, só provoca alguma reação no país se votar. Para os políticos de Brasília isso é a mais monstruosa verdade, que seja verdade: a maior arma do cidadão é o voto.

A raça desse país é pacífica, bondosa e obediente. Sempre prestativa, há de aceitar o que as autoridades dizem sem contestar. Os representantes da sociedade são escolhidos entre os mais aptos para comandar, decidem tudo movidos pela vontade nacional, zelam por todos e defendem principalmente os interesses dos mais fracos. Num país tão harmonioso como esse, não existe contestação mas sim cooperação.

Esse país maravilhosamente descrito chamar-se-ia Itália ou Alemanha se o regime fascista que implantaram desse certo; pois o parágrafo acima descreve algumas bases do fascismo. O que isso tem a ver com o voto brasileiro é difícil explicar, precisa primeiro revisitar a ditadura.

Na ditadura o caminho que os militares tomavam era idêntico ao da Itália. Grupos de repressão oficial e particular, controle dos meios de comunicação... por falar em meios de comunicação, a TV que mais deu certo naquele período foi a Globo, que ultimamente defende a proibição da venda de armas. Pra perceber isso basta prestar atenção no tipo de notícia que circula pelo Jornal Nacional.

Voltando sobre a ditadura, é preciso lembrar que os arquivos policiais daquela época ainda não se tornaram públicos, mesmo vinte anos após o fim. Quem discordava do governo era eliminado. Faziam coisas piores do que as que aconteceram com os prefeitos de Santo André e Campinas. Todos esses casos foram arquivados, podem não estar relacionados. Será que tem algum perigo se forem revelados? Será que o povo anda igual pingüins nos campos minados?

O referendo sobre a proibição do comércio de armas não caiu nas mãos do povo por mera questão de segurança. Fosse apenas isso, deputados e senadores votariam como a obrigatoriedade do extintor de incêndio nos carros. O Rio de Janeiro pensou assim, e já proibiu tal comércio no estado. Vê-se os resultados. Tem bandido, polícia e no fogo cruzado o louvado cidadão de bem. Tudo bem!

A questão política que se articula atrás desse referendo é implantação de outra ditadura. O presidente brasileiro andou reunindo-se com dirigentes de esquerda de outros países para discutir e apontar soluções para os problemas da América Latina – o chamado Foro de São Paulo. Um grupo extremista internacional, decidindo rumos nacionais, baseando-se no bem estar da população... de que país? De que camada social? E o povo até então crente que o Brasil não dava palpite na política dos vizinhos, não tinha a menor pretensão de mandar em ninguém.

O referendo pode virar atestado de suicídio caso vença a opção a favor da proibição. Se a maior arma do cidadão é o voto, é bom ter cuidado pra não mirar em alvo errado; ter mãos e pés atados, acabar como pingüim em campo minado.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bom, eu também não quero acabar como pinguim em campo minado, importantíssimo o voto do dia 23. Ainda se lembra do meu endereço? Enfim atualizei! Apareça.
woodstocksalles.blig.ig.com.br